Cultura

TOURADAS ESTILIZADAS EM MONCADA, ESPANHA, SÃO ATRAÇÕES PARA FAMILIAS

Milhares de jovens participam dessas touradas nos finais de semana na região metropolitana de Valencia
Tasso Franco , Valencia, ES | 03/01/2022 às 10:16
Touro de Lidia solto na arena
Foto: BJÁ
     As touradas fazem parte da cultura espanhola e ainda são permitidas em algumas províncias. A cidade de Valência baniu uma tradição de longa data na qual os touros são soltos pelas ruas com bolas flamejantes de cera ou fogos de artifício em seus chifres. 

   Mas, a comunidade valenciana mantém as touradas estilizadas - sem a matança do touro - na região metropolitana na cidade de Moncada como um espetáculo de lazer para as familias. São usados touros de Lídia ou bravos que pesam entre 500 e 600 k bem ferrozes, que correm para atingir jovens pirracentos numa imensa arena cercada com grades de aço e passagens que permitem os participantes passarem de lado para outro protegidos, mas não os touros.

   Ou seja: os jovens provocam os touros que usam equipamentos nos chifres onde são acesas duas tochas e quando os animais os perseguem eles correm e se protegem entre as grades e o animal dá com os chifres no aço.

  A brincadeira é assistida por centenas de pessoas e mais uma ou duas centenas de participantes na arena. Inicialmente o touro chega a arena amarrado numa corda grossa pelos chifres e pescoço e levado para um mourão à força sendo puxado pelos jovens.

   Em seguida, com o touro dominado no mourão, uma mulher trava a corda com uma haste de ferro e mais mulheres colocam nos chifres do touro peças de aço onde são colocadas bolas em chamas. Depois, com jovens segurando o rabo do touro, uma mulher corta a corda na altura do pescoço do touro soltando-o na arena e ele sai em disparada tentando atingir os jovens.

  A partir desse momento o Lidia fica solto na arena e começa a pirraça com jovens - homens e mulheres - provocando-o, chamando-o para um desafio e o touro sai em disparada para os atinir. Eles correm e se protegem nas grades. Alguns usam blusões e peças vermelhas para chamar a atenção dos touros e fazem manobras com o corpo para não serem atingidos sendo aclamados pelo público.

  O espetáculo é divertido e perigoso, mas ninguém sai ferido. Eventualmente, quando alguém escorrega e cai ai o bicho pega. Também, de vez em quando, um touro quebra a perna na altura da pata e é substituido. 

  O ingresso da tourada custa 6 euros e há duas rodadas entre às 17h e 19h30min e entre as 23h30min e às 2 da manhã do dia seguinte com o uso de 5 a 6 touros, cada qual, em média com 30 minutos na arena tempo em que fica cansado e é substituido. 

  A substituição dos touros e toda a jornada exige uma mão de obra qualificada com jovens fortes e treinados na área de laçar o touro na coxia e levá-los até a arena. Os touros de Lidia são muito fortes e bravos. Há, na arena um local para a venda de petiscos e bebidas alcoólicas e as touradas são, ainda, localis de azaração e paquera entre os jovens.

A PLAZ DE TOROS DE VALENCIA

O conselho da cidade de Valencia cortou o financiamento para corrida de touros e escolas de toureiros, mas não proibiu touradas. Políticos do conservador Partido Popular consideraram a medida uma violação do patrimônio cultural da cidade. A plaza principal de toros da cidade está desativada há anos e, na atualidade, serve como local para feiras e exposições, e fotos dos turistas.

Recentemente, a Junta de Castilla y León havia proibido o assassinato de animais no festival Toro de la Vega, em Tordesilhas. Aativistas pelos direitos dos animais no país finalmente conseguiram uma nova vitória: a proibição da realização do festival, onde os touros são perfurados com lanças até a morte.

O festival começa com um touro correndo pela cidade enquanto participantes o perseguem pelas ruas. Ao sair do entorno urbano, homens armados com lanças atacavam e perfuravam o animal até a morte. A proibição do evento foi uma das maiores vitórias do PACMA, que informa que continuará lutando para acabar com todos os festivais que envolvem torturas e exploração a animais no país.