A pandemia trouxe uma distinção clara entre a fé - a religiosidade - e a ciência
Tasso Franco , da redação em Salvador |
04/07/2021 às 12:36
A linda do trem é como a linda da vida: parece, escute
Foto: BJÁ
Trato do tema “O uso do nome de Deus em vão”. É impressionante a quantidade de novos templos, igrejas, locais de pregações, tendas; com promessas milagrosas, com o uso do nome de Deus, o nome de Jesus Cristo. Uma grande parte dessas novas seitas, dessas novas pregações são com o objetivo de levar você para o reino do céu desde que você pague o dízimo e desde que você gaste algum dinheiro. E o mais impressionante é que milhares de pessoas no Brasil se submetem a essas práticas. Às vezes perdem grandes somas de recursos e os casos vão acabar na delegacia de polícia.
Então precisa-se ficar muito atentos a esses novos pregadores, esses novos Messias, que é uma coisa antiga que vem lá ainda do tempo de Jesus Cristo, em Jerusalém, da Galiléia, dos profetas, e agora aparecem os novos messias, os novos profetas com a pregação em nome de Jesus e em nome de Deus com objetivos duvidosos; e nós vemos com frequência na televisão os escândalos, os casos que estão acontecendo quase mensalmente no Brasil e em outras partes do mundo desses falsos pregadores, alguns até praticam pedofilia. Hoje, no Brasil, o Vaticano investiga um arcebispo da região norte do país que foi denunciado por cinco e ex-seminaristas em casos de pedofilia.
Há uma pessoa que fazia curas milagrosas e que molestava senhoras no centro-oeste do Brasil e que se encontra presa. Então, toda cautela é pouca em relação a esses novos pregadores, que crescem, que avançam, que terminam sempre em casos relacionados com falcatruas, com o uso do nome de Deus em vão, e que as pessoas perdem dinheiro, perdem tempo, têm que contratar advogados em busca do que foi perdido. Falta de aviso não é, mas, infelizmente muitas pessoas milhares de pessoas ainda seguem esses falsos profetas com suas possíveis curas milagrosas. A a ciência é uma coisa e a fé é outra. Mas, se vende até água como uma fonte milagrosa.
Então esse programa que eu tô falando hoje tem esse objetivo de alertar as pessoas, ter cuidado com esses pregadores. Recentemente, um padre no centro-oeste arrecadou uma fortuna, está sendo investigado prometendo a construção de um templo maravilhoso, monumental. E o que deu? Acabou na polícia.
Então, como faço nos meus programas enumero dicas, as cinco flechas certeiras e douradas Seramov, para uma modesta orientação.
A primeira é simples. A fé - a fé em Deus, a fé num santo, numa religião, numa crença, no espiritismo, no candomblé, no que se você achar mais conveniente, não necessariamente você tem que dar dinheiro, você tem que dar recursos para alguém. Se você quiser fazer uma doação voluntária, uma doação para ajudar uma obra social, tudo bem. Agora essa fé em Deus você pode inclusive praticar em casa. Não precisa participar de uma congregação, de uma ordem religiosa, frequentar um tempo. Não, você pode fazer isso orando em sua residência com sua família. E você está prestando contas à Deus se você tem essa fé, essa necessidade espiritual.
A segunda dica é que você desconfie sempre desses milagreiros, desses pregadores da televisão, dessas pessoas que ficam vendendo ilusão em nome de Deus, em nome de Jesus Cristo. Iinvestigue. Não coloque seus recursos à disposição dessas pessoas. Consulte se são pessoas que merecem uma aproximação, se merece você participar. É simples você fazer isso, não é difícil fazer. A tentação é uma coisa material, que advém da luxúria, da ganância, de coisas que você não consegue alcançar. Você não precisa ser tentado por outros messias que vão lhe tirar dinheiro e que vão lhe tirar tranquilidade.
A terceira dica está relacionada com a pandemia do coronavírus. A pandemia trouxe uma visão importante que é distinguir exatamente a ciência da fé religiosa. A ciência - um patógeno - uma doença se cura pela medicina. Orar é bom, não faz mal nenhum. Quanto mais a pessoa ora melhor. Mas é uma coisa psicológica, é uma coisa psíquica, para cabeça, para o conforto espiritual. Não para curar uma doença. Então, nós estamos vendo,, até o papa Francisco se vacinou contra o coronavírus. O coronavírus - um vírus letal - fatal, só se resolve com a medicina, com medicamentos, com vacina e não com orações. Orações ajudam no conforto espiritual e essa distinção o coronavírus trouxe de uma maneira muito clara para toda a população mundial.
Quarta dica: se distancie dos falsos profetas, não queira conversa com eles. Se uma pessoa está vendendo uma planta que faz milagre, uma água benta que faz a pessoa enxergar, que faz curar uma doença, um crucifixo que lhe vai trazer riqueza, que vai trazer um amor, cartas de baralho que vão lhe trazer determinados benefícios, desconfie, não se aproxime dessas pessoas. Consulte um amigo, sua família se você deve se aproximar ou não. O nosso entendimento é que você não deve se aproximar dessa pessoa.
E a quinta e última dica é que nós estamos vivendo o momento da era virtual - da internet -com ofertas de tudo e que são de uma frequência avassaladora, não só no campo da fé e no campo espiritual, Mas, sobretudo, no campo material com promessas mirabolantes, até venda de terreno na Lua, de amores virtuais, de pirâmides, então você tenha toda cautela com isso.
Essas são as dicas de Seramov, desse tema muito importante, tema polêmico e atualíssimo que é o uso do nome de Deus em vão. Jesus Cristo, em Jerusalém, já combatia os vendilhões instalados no Templo de Salomão.
Nassin Nicholas Taleb, um dos maiores especialistas em probabilidades e incertezas, autor da "Lógica do Cisne Negro", em sua nova obra "Anti-Frágil - coisas que se beneficiam com o caos" diz (Pág-343) diz "que grande parte do pensamento medieval empenhou-se em encontrar a pedra filosofal. Os principais esforços giravam em torno de criar valor por meio de transformações de metais em ouro, pelo método da transmutação. A substância necessária era a pedra filosofal. Muita gente acreditou nisso, uma lista que inclui estudiosos como Alberto Magno, Isaac Newton e Roger Bacon além de grandes pensadores que não eram estudiosos eruditos, caso de Paracelso".
É isso, estamos, pois, diante de uma new pedra filosofal em nome de Deus. Todo cuidado é pouco.
