O importante na vida é entender e praticar essas duas lições
Tasso Franco , da redação em Salvador |
14/06/2021 às 10:14
Saber fazer o gol e saber tomar o gol
Foto: SELF
Hoje, vou tratar de um assunto universal: “Saber perder e saber vencer”. Esse é um tema antigo que vem desde a origem do homem, desde quando o homem era um animal caçador-coletor. Na época do homem na sua fase da agricultura e depois nas fases industriais. Estamos, pois, na 4ª fase da era das novas tecnologias e da robótica.
E durante todo esse período da humanidade nós vimos a quantidade de guerras que existiram, algumas sem nenhuma necessidade outras religiosas, outras irracionais-ideológicas, a pior delas e mais dramática de todas, a Segunda Guerra Mundial.
E sempre nessa disputa há o saber vencer e o saber perder. Não existe meio termo, alguém tem que ganhar e alguém tem que perder, e às vezes todos perdem. Esse tema voltou agora com mais força, com mais discussões porque o ex-presidente dos Estados Unidos, o Donald Trump, até agora não reconheceu a derrota que teve nas eleições passadas, de novembro, para o Joe Biden, que ganhou de maneira limpa, de maneira absolutamente trasparente e o Trump ficou inventando fraudes sem apresentar provas.
No Brasil tivemos as eleições municipais de 2020 e vários perdedores não tiveram a capacidade de cumprimentar os vencedores. Então, essa dualidade existe entre o vencer e o perder e é preciso ter uma compreensão desses dois momentos da vida de qualquer pessoa. Quantas vezes a gente planeja alguma coisa, trabalha, se esforça, estuda, dá sangue e não consegue um determinado objetivo? Diversas vezes; acontece isso.
As vezes a gente monta uma empresa com todo vigor, com toda determinação e a empresa vai por água abaixo. Então isso acontece na vida e são fases da vida. Não tem, não há uma coisa linear de ponta a ponta que você almeja e você consegue.
Os especialistas dizem que dessas derrotas, desses tropeços, sempre se tira algum proveito, sempre se tira alguma lição para diante recuperar. Agora não pode ser esmurecer com isso, e está sempre dinâmico, sempre com um objetivo a alcançar, a vencer. Perder não é uma coisa fácil, perder é uma coisa dramática mas é preciso ter uma compreensão dessa perda.
O Machado de Assis, que foi um grande escritor brasileiro, romancista-realista do século 19, tem um livro chamado “Quincas Borba” onde criou um personagem chamado Rubião que era um mineiro, um típico brasileiro, no modelo caipira. E esse mineiro herdou uma fortuna do Quincas Borba e foi para o Rio de Janeiro, que na época era a capital da República, para conhecer uma nova sociedade, para se divertir, para respirar novos ares e lá ele conheceu Cristiano Palha e a sua mulher Sofia que era uma figura maravilhosa, bonita... e ele se entusiasma, se apaixona, não compreendeu essas mudanças e perde toda a fortuna; e volta para Minas Gerais.
Machado então criou a expressão “Ao Vencedor as Batatas”. Havia um campo de batatas e duas tribos famintas disputando as batatas. Ao invés de dividir as batatas, deu-se uma guerra, foram à luta. Claro, um ganhou e o outro perdeu. Ao vencedor ficaram as batatas. E ao perderdor ficaram o ódio e o rancor. Isso a gente vê com frequência no dia a dia; as disputas que há entre o vencedor e o perdedor. Ou os vencedores e os perdedores.
Também vemos exemplos maravilhosos nos Jogos Olímpicos e nas competições de Copa do Mundo de futebol. Na Copa do Mundo a gente sabe que vai ter um campeão, e que haverá uma final e que na final haverá um perdedor. Então às vezes a gente vê coisas muito bonitas, muito maravilhosas nas competições esportivas, o perdedor indo cumprimentar o vencedor com toda a humildade e o vencedor respeitando o perdedor, comemorando com toda dignidade.
Então é isso aí. Eu como sempre faço os meus programas dou as cinco dicas para vocês, da mão de Seramov, as cinco flechas douradas que serve para orientação, para vocês saberem compreender essa dualidade do saber vencer e do saber perder.
A primeira delas é a seguinte. Qualquer disputa pode ser eleitoral, pode ser esportiva, pode ser científica, pode ser do dia a dia, haverá sempre um perdedor e um vencedor. Então se você é o vencedor, você tenha a compreensão, você tenha a humildade de fazer uma comemoração respeitando o perdedor, isso é muito importante. Isso mostra a grandeza de um vencedor, isso mostra que o vencedor mereceu a sua vitória.
A segunda dica é reservada ao perdedor. Também deve ter a compreensão e a humildade de reconhecer a vitória do seu adversário ir lá e cumprimentar esse adversário. Nas ultimas eleições no Brasil, nós vimos várias pessoas que perderam as eleições e ficaram com raiva, não tiveram na capacidade de cumprimentar seus adversários. Alguns falaram até em ir para justiça para não sei que… desrespeitando o processo eleitoral das urnas, o direito sagrado do eleitor. Então é preciso que o perdedor também tenha essa compreensão e que cumprimente o seu adversário vencedor. E tire proveito, tire alguma lição da sua derrota. Estude, veja o que aconteceu e de a volta por cima adiante.
A terceira dica está relacionada ao romance de Machado de Assis. Se você pode compartilhar, se pode dividir por que ir para a disputa? Há um momento de compartilhamento e divisão, é melhor dividir. Se é um campo de batatas, então vamos dividir o campo de batatas para os dois, todos os dois vão se alimentar, vão ficar bem, as suas comunidades e todos os dois serão então vencedores.
A quarta dica: Quando você for para uma disputa, coloque na sua cabeça antecipadamente que vai ter um vencedor e que vai ter um perdedor. Não há meio termo meu amigo, então você já vai com essa coisa colocada na cabeça de forma muito racional. Se eu vou disputar um cargo, se eu vou disputar uma competição, mas vou sabendo que posso perder e que posso ganhar. E o fazer minha cabeça antes para não ter essa decepção depois.
A quinta e última dica: tudo que você dá, que você compartilha, que você oferece, você recebe em dobro. Então se você dá o bem, se você dá as batatas, você receberá o bem e as batatas, e se você oferece o mal, você vai receber o mal em dobro.
Então é importante, nesse dualismo, o saber vencer e o saber perder, ter uma compreensão nítida desses dois processos. E não achar que é uma coisa absurda tanto vencer como perder, não, todos os dois tem lições a serem tiradas e reconhecidas e amealhadas.
