Cultura

A PROMETIDA DE ZORTH 14: JÚLIA ENCARA O ALFA SUPREMO, PLEBEIA E O REI

Zorth trata Júlia com distinção, mas com frieza e isso abalou a jovem. Será que ela ainda vai ficar atrás desse homem-lobo?
Tasso Franco , da redação em Salvador | 16/03/2021 às 09:25
Zorth, o todo poderoso alfa supremo
Foto: Seramov
     O jornalista Tasso Franco publicou o capítulo 14 no seu novo livro "A Prometida de Zorth - o alfa supremo" no aplicativo wattpad, o novo encontro de Júlia e Zorth. Leia abaixo e os demais capítulos no wattpad.

 

 

                                                            CAPITULO 14

                          JÚLIA PROCURA ZORTH E ENCARA O ALFA SUPREMO, A PLEBEIA E O REI

 

    Júlia acordou com sua mãe chamando-a para estudar. Habitualmente, acordava às 7h, mas atrasou-se. Quando estava mal humorada chamava a mãe pelo nome próprio. 

   - Que deseja Elanor?

   - Você está cos olhos fundos, as unhas roídas, olheiras, a testa parecendo que tirou ‘carrapichos’. Está na hora de estudar.

     A estudante levantou, fez a higiene pessoal e passou uma mensagem para a tia contando seu drama e dizendo: - A “Elanor está no meu pé”.

    A tia lhe acalmou e disse que poderia falar com Elanor para ela pegar leve. Júlia disse que não precisava. Seguiu para a escola e organizou sua agenda com tarde livre na quinta de Santa Rita para ver Zorth, ir direto a ele na Raio, de surpresa, sem avisar nada.

  Seguiu sozinha, toda paramentada, lindona, destaque em negro nas pálpebras para ressaltar o verde esmeralda dos seus olhos. Iria para causar.

    Avistou da BR o complexo da Raio. Era algo inimaginável. Parecia coisa do outro mundo, de Flash Gordon, extra terreno.  Havia, ao menos, três pavilhões super modernos, em aço e vidro, um deles para venda de motos zero, um outro para compra e venda de usadas, e um terceiro da oficina.

   Parou na portaria principal, identificou-se e disse que gostaria de falar com Zorth. 

   O porteiro estranhou e a conduziu para falar com um atendente robusto e com barba negra, fechada.

   Disse ao ‘barba negra’, preliminarmente, que queria alinhar a direção da sua moto. O homem clicou num controle e abriu um portão o suficiente para dar entrada numa moto, no pavilhão da oficina.

   Estacionou a moto e disse ao atendente que também gostaria de falar com Zorth. 

   O rapaz explicou que ele estava ocupado no escritório, mas, que não precisava se preocupar, pois, chamaria o gerente da oficina para lhe dar atendimento vip.

  - Gostaria, de todo mundo, de falar com o dono, repetiu.

   - Senhora, aqui, ninguém fala direto com o dono, salvo para grandes negócios.

    O rapaz então ligou para o gerente da oficina e disse: 

   - A senhora conversa com o Zeno que é melhor.

   Zeno se apresentou de macacão com a marca da Raio, óculos de soldador, luvas, uma pequena peça de moto em mãos e cumprimentou Júlia dizendo que estava à disposição para atendê-la.

   Júlia então mostrou-lhe a moto e disse que queria um alinhamento. Sentia a moto puxando de um lado, a direção mais à direita.

  Zeno admirou-se! Essa moto, salvo engano, foi entregue recentemente na Aríate toda perfeita. Mas, se a senhora quer, vamos testar.

  - Quero também falar com Zorth, pois, esta moto foi-me entregue por ele, em minha casa, e não na Aríate. 

   Zeno se assustou. Não sabia desse detalhe. Pediu licença e disse que iria falar com Zorth.

  No escritório, Zeno falou para Zorth: - A jovem Júlia está com sua RTX querendo falar-lhe. A moto dela está perfeita e deseja realinhar...

   Zorth tomou um susto. Mandou que Zeno a conduzisse ao seu escritório. 

   Em instantes, Júlia tomou um elevador e estava na sala de Zorth, com ar condicionado, donde ele tinha uma visão de todo o complexo através de um vidro transparente a prova de balas. Ou seja, Zorth via seu pessoal trabalhando, disparava algumas ordens dali via alto falante, mas, os gerentes e os peões não o viam porque uma película no vidro impedia.

   - O que traz a princesa a Raio. Nem me avisou que viria para preparar um tapete vermelho, brincou com Júlia levantando-se da cadeira e dando-lhe dois beijinhos nas faces e um selinho na boca.

   - Ah! Queria fazer uma surpresa, alinhar minha moto.

   - O Zeno disse-me que sua moto está nos trinques.

  - Mande olhar melhor é um desejo da cliente, falou de maneira carinhosa.

  - Farei isso.

  Pelo telefone interno Zorth pediu a Zeno que desse uma olhada na RTX, lubrificasse e quando tivesse ok lhe falasse.

  - Se você quiser posso esperar lá fora, disse Júlia.

  - De maneira alguma. Você é vip, vipissima, vai ficar aqui. Queres um chá, um café, um chocolate?

  - Que chic! Aceito um chá de canela.

  Júlia olhava todos os detalhes na mesa de Zorth. Havia uma foto que ela supunha ser dos seus pais, uma outra de sua família - também suposição - uma terceira de uma festa e uma moldura que estava virada de costas. 

  Questionou: - Desculpe a pergunta: são seus pais este casal?

  - Sim, são meus pais, mais jovens, no dia do casamento deles. 

  E, temendo que Júlia perguntasse sobre as outras fotos foi logo falando: - Essa aqui – apontou – é uma foto da família inteira, com irmãos e avós. Essa aqui foi de uma festa geral de um grupo maior de pessoas, da nossa linhagem. 

  - Júlia arregalou os olhos para ver melhor quem estava junto de Zorth, mas, foi discreta. É... parece uma festa bem familiar.

  - São compromissos que a gente assume dentro de nossa tradição familiar que vem de muitos anos.

   A secretária entrou na sala e serviu o chá. Era uma mulher de nariz árabe, olhos cor de melaço, unhas enormes, muito educada. Colocou a bandeja com o chá e sequilhos Tentação para Júlia e um suco de morango para Zorth com uma fatia de pão integral. Depois, retirou-se sem dizer palavra. 

   Júlia não gostou do perfume que ela usava ou seria o cheiro de loba enrustida? – perguntou a si mesma. Que era diferente, isso era, mas, nada falou.

   Pensou em perguntar a Zorth por que a moldura de uma das fotos estava virada para a parede, mas, nada disse. Desconfiou que seria a foto de Zorth com a preferida, a tal pertencente a corte, a nobreza, a linhagem que lhe falara Theo.

   Zorth sentiu que Júlia olhava para o porta-retrato e mudou de conversa: - Seus olhos estão lindos, muito mais do que durante a festa do Boi Valente.

   - Você já viu mais de perto, acariciou e seduziu minha boca. E fez muito mais. Fui uma idiota. Sinto, no entanto, que os seus olhos são inalcançáveis para mim. 

   Zorth caiu na gargalhada. Frouxos de riso.

   - Que poético, que lindo, que maravilhoso. Se não estivesse no meu trabalho mostraria a você que não é bem assim. Repetiria a dose daquele encontro e faria algo mais profundo.

   O telefone interno toca. Era Zeno dizendo que a moto estava pronta. Zorth repassou a informação a Júlia e disse que ela nada pagaria.

   - Realinhamos a direção de sua moto e lubrificamos, coisa boba, cortesia da Raio.

   - Quero pagar. Prestação de serviço é prestação de serviço. Uma plebeia também tem seu dinheirinho na Caixa, brincou, dando a entender que a nobreza sempre cobrou dos mais pobres.

    Zorth franziu a testa e com risinho irônico comentou: - A nobreza respeita a plebe e já aconteceram, ao longo da história, casamentos de reis com servas; de príncipes com camareiras.

   Júlia também franziu a testa e com boca entreaberta, sedutora, disse: - Vou-me, muito obrigado pela gentiliza do serviço. A plebeia persistente ainda vai conquistar o seu príncipe, quiçá, o rei.

   Levantou-se, deu um adocicado beijo na boca de Zorth e partiu. Ainda ouviu do cavaleiro de aço: - Vá com Deus que ninguém lhe causara mal na BR.

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*** E agora, Júlia vai desistir de conquistar o rei das motos ou continuará em sua saga?