Cultura

DICAS DO SERAMOV: GERAÇÕES DESILUDIDAS E AS ESPERANÇAS FRUSTRADAS

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Tasso Franco , da redação em Salvador | 13/03/2021 às 10:30
O pescador
Foto: ASS Espirita Alan Kardeck
  Este é o 21º texto publicado pelo jornalista Tasso Franco no wattpad em seu livro "A mão espiritual de Seramov - linhas que iluminam seu futuo" e trata da frustração dos brasileiros com as esperanças perdidas ao longo de 50 anos. Veja abaixo e os demais textos no wattpad.

   DICAS DO SERAMOV: GERAÇÕES DESILUDIDAS E AS ESPERANÇAS FRUSTRADAS

   Vou fazer um comentário sobre os meus 53 anos de jornalismo e a desilusão que minha geração (e outras mais) tem sobre o Brasil. Nós trabalhamos muito todo esse período, mas não conseguimos que o Brasil se tornasse um país civilizado, que o Brasil se igualasse com outros países mais desenvolvidos do mundo. A corrupção continua endêmica, a pobreza aviltante, as desigualdades sociais a cada tempo mais intensas e, o que é mais triste e grave: sem nenhuma perspectiva de melhora, agora, com dois populistas liderando pesquisas.

  Infelizmente, integro um grupo da geração frustrada sonhadora dos anos 1960/1970, e outras se seguiram até os dias atuais nesse mesmo diapasão. Agora, estamos velhos e chegando ao fim da vida e não vemos, não vimos também, uma mudança estrutural que pudesse colocar o Brasil entre os países mais desenvolvidos do mundo. Como se fosse ao menos uma Itália, uma Espanha.

  E todo esse período desde a minha maior idade política, que aconteceu em 1963, eu e minha geração nós vimos passar 8 ou 9 esperanças e essas esperanças foram todas aniquiladas. 

  Historicamente, relato o que aconteceu, em 1960. Os brasileiros elegeram Jânio Quadros, presidente. Era um bigodudo cuja imagem representava uma vassoura. Dizia ele que daria uma vassourada no Brasil, que iria modificar as estruturas e fazer uma revolução. E o que aconteceu? Oito meses depois Jânio Quadros tinha renunciado o governo. Os jornalistas e os politicos dizem que ele tentou dar um golpe e não conseguiu.

   Entrou então uma segunda esperança: João Goulart. Esperança dessa vez da esquerda. Esperança que dizia fazer reformas de base implantando uma república socialista brasileira, no modelo soviético. Mas, Goulart não tinha sequer autoridade pra isso. Até revolta de cabos da Marinha aconteceu. Um golpe militar em 31 de março de 1964 o depôs.

  Nasce a terceira esperança, dessa vez à direita, os militares. Foram cinco militares  - dois marechais, três generais e uma junta militar. Era pra ser uma coisa provisória, passageira. Logo viriam as eleições. Mas durou 20 anos. Como eles não tinham equipes para governar os estados, se aliaram com as oligarquias. E o que foi que aconteceu?

  Na economia houve até avanços significativos. Com o PIB crescendo e chegou-se a falar num milagre brasileiro. Mas na política e no social foi um desastre. Torturas, mortes, o autoritarismo. E aí surgiu uma quarta esperança, que foi o Tancredo Neves. Nova esperança da centro-esquerda que iria modificar as estruturas básicas do país. O mineiro conciliador faleceu antes de assumir o governo. 

  Assumiu então José Sarney que herdou o governo de Tancredo. Imagine vocês, na Bahia tinhamos três ministros. Um era da esquerda, Waldir Pires, na Previdência; o outro era da direita, Antônio Carlos Magalhães, nas Comunicações; e um terceiro, Calos Santana, era do centro, da Saúde. Como é que o governo podia dar certo? Como não deu. 

  Hiper inflação e problemas de toda natureza. Na área de consumo os fiscais de Sarney decepcionaram com descontrole no abastecimento. Conseguiu ficar até o final do governo dada a sua capacidade conciliatória política e ainda teve mais até um ano de mandato.

  E aí surge uma nova esperança, Fernando Collor de Mello em 1989. Ía combater os marajás. O combate aos marajás era o seu slogan. Ia privatizar o Brasil, o Brasil ia ser moderno e colorido, uma maravilha. Imagine! se transformou num grande marajá. Fez uma 'Casa da Dinda' e seu 'primeiro-ministro' PC Farias se enrolou todo, depois foi morto, e Collor sofreu um impechemant, em 1992.

  Entrou Itamar Franco. Até então Franco não era uma esperança porque um político tradicional mineiro de centro-esquerda, mas fez um dos projetos mais importantes de todo esse período que estou falando aqui, o Plano Real.

   E aí surge uma nova esperança depois do Itamar Franco que foi o Fernando Henrique Cardoso. O Brasil ia para a centro-esquerda, o Brasil socialista, o Brasil liberal, o Brasil com planos econômicos modernos. Fernando Henrique de fato fez um primeiro governo muito interessante. Estabilizou o Plano Real mas decidiu fazer um segundo governo. E o que aconteceu? Teve que vender os anéis ao Congresso. Vendeu os anéis, vendeu os dedos, foi um horror.

  Resultado, na sucessão não consegui fazer seu sucessor, uma hora dizia que era Paulo Renato depois José Serra e ganhou Luiz Inácio Lula da Silva.

  Surgiu uma nova esperança, Lula, da esquerda operária apoiado pelos movimentos que se insurgiram contra os militares. E Lula de fato fez um bom primeiro governo. Mexeu nas estruturas, trabalhou muito o social. O Brasil avançou. Parecia que ia deslanchar mas ai começou a corrupção com o 'mensalão'. E foi difícil se eleger, para um segundo governo.

  Depois, de maneira autoritária, caudilhesca, contra seu próprio partido resolveu colocar Dilma Rousseff como presidente. A ex-presidente Dilma é uma pessoa honrada, pessoa sincera mas não articula bem e as orações. Um zero na politica. E sofreu um impechemant por pedaladas fiscais, embalado num processo de corrupção chamado Petrolão que levou Dilma a ser restituída do poder e Lula parar na cadeia.

  Dilma sequer foi eleita na última eleição para senadora de Minas Gerais. E ai surge o governo tampão, o governo de Michel Temer, outro desastre porque pipocaram os escândalos da corrupção do caso Friboi, entre outros, gerando uma nova esperança, Jair Bolsonaro.

  A direita avança para combater o lulismo. Bolsonaro obteve 53 milhões de votos. E nós estamos vendo o que é esse governo é uma barafunda.  Briga para cá, briga para lá, briga até com a sombra. Briga disso, briga daquilo, briga com o seu próprio partido; e a gente não sabe exatamente o que vai acontecer. Surge a Pandemia do Coronavirus e mais trapalhadas. As reformas prometidas por seu 'Posto Ipiranga' (Paulo Guedes) até agora, nada. Recentemente, por decidiu monocrática de um ministro do STF, deu margem a volta do populismo lulista.

  Então meus amigos, foram 53 anos de jornalismo que eu vi passar toda essa trajetória, essas esperanças que não se concretizavam. Veja você que o Japão saiu de uma guerra mundial, em 1945, praticamente destruído. Os EUA tinham lançado duas bombas atômicas em Iroshima e Nagasaki.  200 mil pessoas morreram só nessas duas cidades.

 Quarenta e cinco anos depois, em 1990, o Japão já era uma potência econômica no mundo. A Coréia a mesma coisa. Chegou a ser dividida e hoje Coréia do Sul é um país altamente desenvolvido.

  E nós, cadê as nossas reformas, cadê a reforma da educação? As coisas não aconteceram. Me lembro, em 1968, quando eu entrei para fazer jornalismo no Jornal da Bahia, a cidade de Salvador, a cidade que eu moro, tinha em torno de 700 mil habitantes e 20 a 30 favelas que hoje nós chamamos de invasões. 

   Hoje, a cidade tem 3 milhões de habitantes e 450 favelas ou invasões.  Quer dizer, seus problemas aumentavam, triplicaram. Salvador é uma cidade hoje (como muitas cidades do Brasil), violentíssima, que a gente não pode sair à noite.

  A educação é de baixa qualidade, à saúde pública é média. Então são todas essas estruturas que deveriam ser feitas não só em Salvador, na Bahia e no Brasil, e não foram. Nós continuamos como um país de terceiro mundo.

 É isso que eu queria comentar com vocês. Nossa geração é uma geração frustrarda, que não viu essas mudanças, essas concretizações e nós não vemos na luz no final do túnel.

 Então vamos as 5 dicas da mão espiritual do Seramov, as linhas que iluminam sem futuro:

  1. Com todos esses problemas é preciso manter viva a esperança, acreditar que um dias as coisas vão mudar. Para isso é preciso eleger os melhores, saber votar, ter cuidado especial na hora de dar o seu voto.

  2. Não acredite em nenhum político que faz promessas mirabolantes do tipo "fim dos marajás", "governo justo e honesto" e coisas desse naipe. O Brasil é um país de carreiristas e estamos vendo isso há décadas. Fazem da política uma carreira, uma profissão.

  3. Muitas pesquisas de opinião publicadas na imprensa são manipuladas. Não acredite nelas. Os erros são grotescos em todas as eleições. 

  4. A renovação na política é fundamental. Diga não aos profissionais da política que passam o bastão de pai para filho (outra praga que também existe no Judiciário) e vote em algo diferenciado. Exclua os populistas.

  5. Tenha receio daqueles que dizem que vão fazer mudanças estruturais no país. Isso é impossível. Os políticos brasileiros - 90% - são corporativistas e atuam em função dessas corporações. O povo sempre foi massa de manobra.