Cultura

A PROMETIDA DE ZORTH 11: KOOSA FAZ TATOO EM JÚLIA COM CARIJO HORRIVEL

Júlia decide que vai pedir explicações a Koosa porque fez essa maldade com ela
Tasso Franco , da redação em Salvador | 09/03/2021 às 10:10
Maldade da tatuadora com a bela Júlia
Foto: Seramov
  No capítulo 10 do novo livro de Tasso Franco, "A Prometida de Zorth (o alfa supremo)" a jovem Júlia, a qual tenta conquistar o alfa supremo, quase é morta pela motociclista Koosa, a tatuadora. Ainda assim, decidiu fazer uma tatoo com a ardilosa Koosa, uma woman-loba bi-sexual. Veja o que aconteceu:

                                                  CAÍTULO 11

                                      KOOSA FAZ A TATUAGEM DO CARIJÓ COM BICO TORTO

 
  Júlia ligou para a o estúdio “Tattoo Koosa” para agendar a produção da tatuagem e foi atendida pela recepcionista Tis que procurou saber sua idade, profissão, que tipo ela queria, em que parte do corpo e se já tinha o modelo. Detalhes do agendamento.

   Júlia explicou que gostaria de tatuar um gavião carijó com plumas coloridas no lado direito das costas num tamanho de 15 cm x 20 cm aproximadamente.

   Tis procurou saber qual a tonalidade de sua pele, se tinha alergia a algum medicamento, como era o nome da cliente e se possuía uma imagem do gavião uma vez que no álbum da Tatoo não existia esse desenho e solicitou que ela enviasse pelo WahtsApp. Revelou, também, que o trabalho da tatuadora seria 700 reais, que poderiam ser parcelados no cartão em 3 vezes e a tatuagem para ser feita duraria, ao menos uma manhã. Poderia até demorar mais.

   Júlia aceitou todas as recomendações e enviou uma foto do carijó para a Tatoo. No dia combinado, quando estava se preparando para ir ao estúdio de Koosa chega à sua casa, de surpresa, Zorth dirigindo um carro guincho com sua moto em cima.

   Sua mãe lhe avisou:

  - Há alguém da Raio de Luz para entregar sua moto.

   O coração de Júlia disparou. Correu a porta da rua e viu que era o próprio Zorth - em carne e osso - que estava retirando a moto de cima do carro para entrega-la.

   Beijou-lhe as faces, nervosa, temendo que sua mãe desconfiasse de alguma coisa e disse: - Não precisava você trazer a moto.

   - Disse-lhe que iria fazer isso. Promessa é dívida e estou pagando-a. Está zerada, realinhada, novinha em folha.

   Ligou a moto, deu uma pequena volta na rua onde Júlia morava e ao entregar-lhe a moto disse: - Você me surpreendeu. Nunca pensei que fosse gostar de motos. Tem mais cara de professora universitária, pesquisadora, cientista social, do que de Montana, putz, kkkk.

   - É, acabei me interessando por motos, mas, nem sei se é a minha mesma.

   - Você deve ter cuidado nessas trilhas porque algumas são perigosas: as da Serra do Buraco do Vento, da Serra do Quinjigue, da Serra do Monte Santo, são ariscas.

   - Bem, imagino que Télson vá me preparar com o tempo para essas missões.

   - É, pelo jeito, vai se dedicar a cross. Para mim é ótimo, quanto mais clientes tiver, melhor. Digo isso não só em caso de acidentes, mas, uma moto sempre tem que estar sendo ajustada, alinhada, azeitada, freios bem regulados, frisou.

   - Pode contar comigo, disse Júlia sempre olhando para o relógio, pois, tinha hora marcada na Tatoo.

  - Zorth perguntou: - Tem algum compromisso agendado. A todo instante está preocupada com o horário?

   - Marquei para fazer uma tatuagem na Koosa e estou quase em cima da hora. Ainda bem que v trouxe a moto e posso ir com ela para não perder a hora.

   Zorth assustou-se com a declaração de Júlia.

   - Você vai fazer a tatuagem com a própria Koosa?

   - Sim vai ser com ela.

  Zorth ficou pensativo, imaginando o perigo que Júlia passaria. Desejou boa sorte a Júlia deu um selinho nos lábios da estudante e sussurrou: - Te amo. E foi embora.

   Júlia ficou pensativa. Aquele te amo tão frugal parecia somente uma gentileza de um cavalheiro ou tinha algo mais. Seria a hora dela avançar, de conquistar o galã ou deveria agir com cautela e segurança?

   Lembrava os dizeres da mãe dos cuidados em conseguir a chave certa para seu armário, aquela que abrisse a porta da felicidade.

                                                                     ******

   No outro lado do front, Tis já havia informado a Koosa quem era a nova cliente, o agendamento, o carijó, e quando disse que se tratada de Júlia, a tatuadora arrepiou.

   - Algum problema, quis saber Tis vendo Kossa amarelar.

   - Nada, nada, que venha a nova cliente.

  Koosa foi para seu gabinete e passou uma mensagem para Zaram, a pretendida de Zorth:

  - Advinha quem vem fazer uma tatuagem aqui?

  - Zaram, que nunca era consultada sobre as clientes da Tatoo, imaginou que fosse Júlia e jogou um verde, dizendo: “aquela putinha esperta que tenta atravessar meu caminho”.

  - Acertou em cheio. É ela mesmo, confessou.

  - Uma boa oportunidade para você sangrar seu pescoço e chupar o sangue dela até a última gota.

  - Vontade não me falta para lhe atender, porém, não posso fazer isso dentro de minha oficina, dá essa bandeira e virar caso de polícia.

   - Então chupe a metade do sangue que ela vai cair morta na rua e ninguém vai saber.

  - Loucura isso. Sinto muito, mas, estabeleça uma outra estratégia e você é quem tem que fazer isso, pois, a parte diretamente interessada.

   Zaram se zangou, chamou Koosa de sapatona, frouxa, mas consentiu.

   Pediu, no entanto, que Koosa tatuasse o gavião com o bico torto, feio.

                                                            *****

   Minutos antes de Júlia chegar à sede da Tatoo, Koosa recebeu uma mensagem de Zorth curta e grossa: - Uma amiga minha vai fazer uma tatuagem com você. Se ela sofrer alguma coisa, se prepare para perder a cabeça como Herodes fez com São João Batista entregando-a a Salomé numa bandeja.

   Koosa tremeu as pernas. Sabia da força e do poder do Alfa supremo e trataria Júlia a pão de ló, brioches e vinho do Porto. Ainda assim, poderia fazer um gavião caolho nas costas de Júlia, e desculpar-se junto ao rei dizendo que fora um erro involuntário.

   Na hora marcada Júlia chegou para fazer a tatuagem e foi recebida com todas as honras de cliente nova a ser conquistada. Tis levou-a a Koosa que já estava de máscaras, o carijó posto numa tela do laptop, e a recebeu com carinho. Pediu que ela sentasse inicialmente numa poltrona. A artista mirou logo suas coxas à mostra.

   - Já nos conhecemos da trilha do Walla-Walla e queria lhe pedir desculpas, pessoalmente, diante daquele incidente. Foi uma bobeira minha que acabou atropelando sua moto.

   - Isso são águas passadas. Já consertei a moto, vim com ela, e espero fazer uma bela tatuagem.

  - Vou dar de mim o melhor. Tire a blusa e deite-se aqui nesta maca. Vai demorar um pouco porque se trata de um desenho difícil, original, mas, você vai adorar depois. Vai causar. Com uma blusa decotada vai arrasar com os boys da Morena Bela, sorriu com ironia disfarçada a tatuadora.

   De fato, o trabalho durou toda manhã e entrou pela tarde. Júlia tomou coca cola com uma barra de chocolate. Também experimentou um sanduiche com presunto ao meio dia e rejeitou o vinho do Porto, pois, estava de moto e não poderia beber algo contendo álcool.

  Sentia um cheiro estranho em Koosa, uma unha do seu mindinho alterada, um rosnar abafado em sua nuca, o que era diminuído o odor com incenso de Uara.

  Antes das 14h, o trabalho tinha terminado. Koosa pôs um espelho nas suas costas para ela enxergar o trabalho, ela adorou, mas não viu tudo direito porque a colocação do espelho não deu para refletir tudo. Iria ver isso em casa.

   Koosa colocou um plástico fino protetor na tatuagem e disse que ela só deveria retirá-lo no dia seguinte, não fazer esforço, não molhar o local e passou uma pomada para uso durante uma semana, sem sol no local.

   Júlia agradeceu a deferência de Koosa, passou o cartão com Tis dividindo o custo em 5 vezes e partiu para casa.

   Na sua residência sua mãe estava curiosa com a produção da tatuagem. Júlia chegou bem, almoçou, descansou e viu na Sessão da Tarde um filma sobre a vovó louca.

   Teve o cuidado e a gentiliza de ligar para Zorth e informa-lhe que tudo correra bem na Tatoo.

   No dia seguinte, Júlia chamou a mãe para retirar o plástico e passou a pomada na tatoo e quando dona Elanor fez isso tomou um susto com o que viu. A plumagem do gavião estava perfeita, asas alinhadas, o peitoral lindo, as garras afiadas como se estivessem a penetrar na carne de Júlia, mas, o bico do animal estava torno e ele era zarolho.

   - Dona Elanor exclamou: Minha filha esse bicho para parecendo um urubu ‘véi’ com bico torno e zarolho, agourento.

  Júlia pediu para sua mãe colocar um espelho para ela ver e quase cai de costas quando olhou para o desenho: - Miserável. Ela fez isso de propósito.

   Júlia caiu no choro feito uma criança, mas, entre um soluço e outro disse: - Ela vai me pagar, ela vai me pagar.