Cultura

A PROMETIDA DE ZORTH 10: OS SEGREDOS DA TATUADORA KOOSA, UMA BISSEXUAL

Júlia vai fazer tatuagem de um carijó e decide procurar a mulher-loba. É muita coragem da jovem estudante da UniS
Tasso Franco , da redação em Salvador | 07/03/2021 às 09:40
Koosa, a mulher tatuadora que também é uma loba
Foto: Seramov

   O jornalista Tasso Franco publicou neste domingo, 7, no aplicativo wattpad o 10º capítulo do seu novo livro "A Prometida de Zorth (o alfa supremo)" e revela quem é a tatuadora Koosa que tendo matar Júlia numa trilha de motos. Leia abaixo e os demais capítulos no wattpad.
 

OS SEGREDOS DA TATUADORA KOOSA, UMA LOBA ARDILOSA BISSEXUAL

 
   Júlia estava ferida duplamente: com um machucado no braço e com uma dor ítima a procura de saber quem era Koosa na real. 

   Primeiro foi a Télson e este disse que a Escola não fornecia o nome de cartório de seus alunos - era uma coisa interna - de cada qual. Júlia ainda tentou convencer o instrutor que queria saber para ter uma amizade com ela. Télson não abriu mão das regras da escola. Poderia até perder seu emprego. A dona da Aríate não transigia, era durona.

  Télson informou-lhe que sua moto seria encaminhada para o Complexo de Motos Raio da Luz e que as despesas do conserto seriam da Aríate, responsável pela trilha. Júlia agradeceu e ficou a imaginar se esta seria uma boa oportunidade de conhecer a Raio. 

   Télson confessou: - Nós vamos providenciar tudo, levar e buscar sua moto quando estiver pronta, não precisa se preocupar.

  Júlia respondeu que gostaria de conhecer a Raio, mas Télson disse que essa era uma coisa particular dela e a Aríate não tinha nada com isso. 

   Júlia imaginou mais três caminhos para saber, quem, de fato, era Koosa e se realmente era uma humana que se transformava em loba que quis se matar a mando de alguém. O primeiro caminho era conversar com Anna, embora sabia que ela iria negar qualquer relação com Koosa, mesmo se a conhecesse. Como ela tinha certeza que Anna possuía capacidade de transformar-se em loba, certamente ela conhecia bem Koosa, certamente integrante de sua alcateia.

    A segunda iniciativa era procurar Theo, de quem tinha dúvidas se era um hispo, porém integrava a turma da Harley da Morena Bela, de fazer trilhas no morro do Buraco do Vento, poderia muito bem conhecer Koosa e se fosse bonzinho com ela dizer quem era. Theo, no entanto, era muito discreto e Júlia temia não saber de nada ou saber e negar. 

   O terceiro caminho era ir direto a Zorth, na Raio, e sondar se ele conhecia Koosa, uma vez que ela era antiga no clube e certamente frequentava sua oficina. Mas, não tinha a menor intimidade em falar sobre lobas com ele embora já tivesse conhecimento, por Anna, de sua linhagem nobre da Hungria.

   A primeira conversa foi com Anna que tinha uma discreta amizade com Zéuk (amiga irmã de Kossa) da Faculdade. Zéuk integrava “As Trenks” e fazia uma pós em letras, de vez em quando trocava opiniões com ela, mas nunca se interessou em saber de suas amigas, em detalhes. Sabia apenas que Koosa era empreendedora numa tenda de tatuagem, que tinha o nome fantasia de “Tatoo da Koosa”, mas, como ela detestava tatuagem nunca sequer conhecera o local.

   Júlia viu, nessa revelação, uma boa dica para conhecer melhor Koosa. Ao contrário de Anna, Júlia sempre teve vontade de fazer uma tatuagem na nuca, uma flor de lótus, quem sabe, poderia ser uma boa chance de conhecer Koosa pessoalmente. Depois, pensou melhor, temendo por sua vida. Se ela tentou lhe atropelar na trilha, colocar a nuca para ela desenhar uma flor poderia ser fatal. A pensar. Poderia fazer a flor na perna.

   Quando Júlia ia encontrar com Theo, estava passando uma mensagem no Whats App, chegou uma mensagem de Zorth no seu iphone: - Recebemos aqui na Raio, uma moto RXH 25º para conserto, a pedido da Aríate. Quando conferi o nome da proprietária da moto havia a indicação de Julia Simoni Afonsina. É sua esta moto?

   Júlia respondeu: - Sou novata no motociclismo e levei um tombo na Walla-Walla.

   - Há quanto tempo você pilota motos. Eu não sabia dessa sua habilidade?

   Comecei tem pouco tempo. Gostei daquele torneio das argolinhas da Morena Bela, alguns amigos meus têm motos. Acho que depois do torneio em que você foi campeão fiquei interessada, fraseou Júlia.

   - Conheço a Walla-Walla é uma trilha sem obstáculos, mas tem um pequeno despenhadeiro na descida para a Serra que é preciso ter cuidado.

   - Foi nesse local que derrapei e cai. Não por falta de habilidade e cuidado. Acho que fui atropelada por uma menina de outra moto, mas, não quero fazer afirmações contra ela.

   - Vixe! Depois daquele caso que v me contou na noite do pub é preciso ter cuidado redobrado. Tem muita gente com inveja de outra pessoa.

   - É, pode ser, mas não quero julgar ninguém.

   - Você poderia me dizer quem foi a motociclista que fez isso? Na Aríate, todos têm nomes de guerra.

   - Deixa pra lá. Não quero render essa questão.

   - Tá bem. Você não quer falar, tudo bem. Vou consertar sua moto e eu mesmo vou lhe levar.

   - Não precisa. A Aríate disse-me que faria isso.

  - Como é seu nome de guerra de motoqueira?

  - Montana.

  - Bom nome, poderoso.  Bye-bye, besito.

                                                                         *****

  Júlia depois ficou a pensar se não teria sido melhor falar o nome da motociclista, mas, como ainda tinha que sondar o Theo, achou que agiu bem.

   A conversa com Theo foi na academia Run da Serra. Ela sabia que ele malhava por lá e foi ao seu encontro. Foi uma conversa direta, Theo ainda suado do esforço que fizera com os alteres e nos exercícios funcionais.

   - Você conhece a motociclista Koosa?

   - Como assim, de conhecer! – admirou-se Theo. 

   - De ter amizade, de saber quem é ela, se tem esses poderes de você e Anna?

   - Pare com essas bobagens de lobas, lobisomens, perseguições a sua pessoa. A Koosa é joia. Tem uma oficina de tatuagem e fiz essa aqui no meu peitoral. Levantou a camisa e mostrou um lobo branco, olhos esverdeados, um animal bem bonito.

   - Estranho. Bem produzida. V fala de lobos, que não tem capacidade de se transformar, que não viu nada no pub, que Anna não é uma loba, e tatua um lobo no peitoral.

   - Lá na “Tatoo Koosa” tem um álbum com figuras de vários animais – tigre, elefante, cobra, veado, lobo, galo – e cada um escolhe o que deseja. Pode ser coincidência eu escolher a imagem de um lobo, e só.

   - É, me engana que eu gosto.

   - Se você tá querendo mesmo conhecer a Koosa vai lá na Tatoo e faz uma tatuagem bem estilizada e dá para vocês se conhecerem.

  - Vou pensar. Imaginei que você pudesse me falar um pouco dela, de sua personalidade, do seu jeito de ser.

   - Isso não posso falar porque seria indiscreto. A única coisa que posso dizer é que é uma mina muito legal.

   - Você já ficou com ela?

   - Eu e alguns dos meus amigos, em momentos distintos, não em grupo. Faz parte, né, da nossa juventude. Ela gosta de todo tipo de fruta. Creio que prefere female. Novinhas, então, dá em cima, kkkk. Se cuide.

   Júlia suspirou e agradeceu a Theo as informações. Sentiu que Koosa era bissexual, querida dos meninos, dos pimpões e cavaleiros de aço da Morena, mas também das minas. 

   No caminho de casa viu uma ave sobrevoando seu caminho, um gavião carijó, um anajé lindo que parecia lhe saudar com seus piados e voos rasantes, como se estivesse a lhe proteger. 

   Que aviso seria aquele: Um agouro? Uma proteção? 

  Ficou temerosa e ao mesmo tempo alegre. A ave se mostrava mais simpática do que com ares de uma bruxa voadora. Deu-lhe adeus quando entrou em casa e o anajé respondeu fazendo piruetas no ar, asas bem abertas.

   Naquele momento  - de impacto emocional - iria fazer uma tatuagem nas costas representativa da figura de um carijó. Iria procurar Koosa.

                                                                                   *****
  Será que Júlia terá coragem de dar seu pescoço para ser tatuado por uma mulher-loba?