Cultura

ROSA DE LIMA COMENTA LIVRO LISBOA COMO VOCÊ NUNCA VIU DE TASSO FRANCO

À venda no site amazon.com ao preço de R$45,00 mais o frente
Rosa de Lima , da redação em Salvador | 02/09/2020 às 11:33
Lisboa como v nunca viu capa de Vitória Giovanini e edição de Tasso Filho
Foto: BJÁ
   Seria suspeita de comentar um livro de um autor onde presto serviços como colaboradora no seu portal de notícias? 

   Não, em absoluto. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. Uma amizade e uma obra. Críticos literários são amigos de escritores, até mesmo em função do seu ofício. O que não se pode é usar essa amizade para enaltecer uma obra, de qualquer autor. Aí, sim, seria desvirtuar a atenção dos leitores, salvo se a obra merecer ser enaltecida.

  Pois, feita essa preliminar, comento o livro de Tasso Franco, editor deste portal, intitulado "Lisboa como você viu, a pensão do amor" (Crônicas, Editora Ojuobá, 141 pág, R$45,00 à venda pela Amazon.com impresso e leitura no kindle direct R$35,00) sobre pontos turísticos da capital portuguesa, restaurantes onde se pode saborear os tradicionais pasteis de bacalhau, escrito em linguagem jornalística, bem compreensível a quaisquer leitores.

  Franco não se limita a falar dos monumentos, da azulejaria, dos ascensores, mosteiros e rua, praças e paços de Lisboa de forma apenas com citações vagas. Para cada um dos capítulos, há uma dissertação histórica desde a época da Corte dos Avis até os dias atuais, o que dá um reforço a cada uma das crônicas e isso é bom para os leitores que têm conhecimentos mais aprofundados desses lugares.

  O autor é pretencioso propositadamente ao intitular o livro de "Lisboa como você nunca viu", não no sentido de que os monumentos que revelam sejam inéditos e apresentados pela primeira vez, mas representa uma visão do autor que, obviamente pode ser diferenciada dos leitores. Cada pessoa, isso é natural, tem uma visão própria de um monumento de um local em que se visita numa cidade. A intenção do autor, é, portanto, provocar o leitor para que ele também vá conhecer esses locais e confira com ele ou opine e tenha sua própria ideia.

  O Mosteiro dos Jerónimos, por exemplo, que é o monumento mais visitado em Lisboa é imenso e permite que cada pessoa que o visite tenha a sua própria interpretação. O estilo manuelino do mosteiro, objeto também de uma das crônicas, é encantador, ainda que o de Portugal tenha sido gótico tardio quando esse movimento que começou na França no século XII já estava em decadência.  
 
   Conhecer Lisboa é um imenso prazer. Creio que todos os brasileiros, se pudessem deveriam fazê-lo, porque é a cidade mãe de Salvador, a primeira capital do Brasil, quase uma cópia fiel com seus ascensores, elevadores, as cidades alta e baixa, o Tejo, adiante o mar de palha, uma semelhança muito grande. E, nós, brasileiros, somos descendentes de portugueses, em primeira instância de tupinambás e da mistura com europeus; e depois, com os africanos. 

   Em mais de um capitulo o jornalista fala de Santo Antônio, santo português do século XII e muito querido na Bahia e no Brasil, relata o local onde o taumaturgo nasceu na cidade velha da capital portuguesa, o quarto onde chegou ao mundo, o santuário, a devoção, e toda uma história resumida do santo que é protetor do casamento e morreu em Pádua, na Itália. 

  Fala também da Igreja de Nossa Senhora do Belém donde partiram as naus portuguesas para descobrir o Brasil, ainda que de forma casual, por Pedro Álvares Cabral, e o cais do Restelo onde saiu Thomé de Souza para construir a cidade do Salvador da Bahia.
 
  O livro é muito interessante, didático, de leitura agradável com narrativas pitorescas e típicas da capital portuguesa: as ladeiras de becos quebra-bundas do Bairro da Bica e do centro histórico, o mercado da Ribeira, a capital mundial do fado, o bairro da mouraria dos antigos árabes sarracenos, o castelo de São Jorge, o Museu Nacional do Azulejo, as sardinhas na brasa, A Brasileira do Chiado, as pastelarias e padarias, os docinhos conventuais, um pouco de cada coisa da capital onde nasceu o poeta Fernando Pessoa.
  
   A propósito, no livro, o autor comenta sobre o maior poeta contemporâneo de Portugal, o local onde jantava e conversava com os amigos, o local onde está sepultado, sua obra, o respeito e a admiração que os portugueses têm por seus escritores, a poética de Camões, as narrativas de Eça de Queiroz pelo centro da cidade no século XIX. O livro tem de tudo um pouco e permite aos leitores terem uma ideia do que seja Lisboa. 
  
  O jornalista não esqueceu da gastronomia, um ponto forte em Lisboa e em Portugal, os pasteis de bacalhau, os diferentes pratos do serviço com bacalhau, a braseado, frito, Braz, e outras iguarias da culinária portuguesas com sardinhas e peixes frescos do Tejo, o rio encantador que nasce na Serra do Albaracim, na Espanha, e banha os dois países, sendo uma das grandes atrações de Lisboa, com suas pontes, passeios e beleza de onde de avista dos mirantes da cidade alta ou bairro alto, como chamam.
  
  Livro bem interessante para quem quiser conhecer Lisboa. Um roteiro em crônicas.