Tilápia à moda sertaneja com feijão de corda, pimenta, baião de dois e Original. É do sertão virar mar, meu caro, minha nobre leitora.
Eu gosto de Juazeiro e adoro Petrolina/Petrolina, Juazeiro...” Assim canta o poeta Geraldo Azevedo
para lembrar-se das coisas do sertões. Sertão de Uauá, de Bendengó, do bodinho assado no Jorrinho do
Tucano, da costela de porco da Serrinha, do requeijão da Santa Bárbara, da carne de sol da Feira, dos tatus de Jeremoabo e tantas comidas deliciosas que só fazem bem à saúde quando tratadas com moderação.
Um dos templos dessas iguarias em Salvador era o Restaurante Grande Sertão, localizado no bairro do Stiep, com decoração que lembrava os sertões, peças em couro e fotos do cangaço, uma bela casa, servindo à la carte,onde se encontra de tudo um pouco dessas comidinhas e foi realizado o Encontro dos Amigos de Serrinha em novembro de 2013.
Assunte, então, que não vão faltar nesse dia: os cantadores da Serra, os violeiros, os seresteiros, os zabumbeiros, o lobisomem, o boitatá da Bomba, a caipora do Mato Fino, a alma penada da Santa e a gente boa daquela localidade situada na boca do sertão em direção ao Raso, a comissão organizadora, os convidados, as “otoridades” e aquelas pessoas que se demoram de ver há anos.
– Hic! como você está velhinho(a)... vão dizer alguns.
Mas não se aborrece porque a idade chega para todos.
Outro dia um amigo meu que conheci adulto, o lobisomem da Serra, já está a completar 281 anos em abril próximo e tem poucos pelos brancos.
Fui ao Grande Sertão astuciar a casa, e como ando numa fase de comidinhas leves por sugestão da gentil garçonete, optei por apreciar um filé de tilápia, peixe de excelente qualidade em sabor. E para
não dizer que abandonei as coisas do sertão, saboreei a tilápia com feijão de corda e um baião de dois. Ou seja, uni o mar ao sertão, como reza o cancioneiro, dando conta de que um dia o sertão iria virar mar e o mar virar sertão.
Coisa, aliás, que nunca vai acontecer. Mas, como outro dia um amigo da Serra sonhou esquina, na colina de Dr. Samuel, onde está a santa, tudo é possível.
Nessa pisada, dois camaradas da Serra, Jorge Matos, contador de causos, e Valdemir Oliveira, saudoso delembranças da Bela Vista e do Quilombo da Flor Roxa, foram temperando a tilápia e uma picanha que experimentavam, com Original, aquela cervejota que, de fato, faz o sertão virar mar.
E para nossa alegria, tempo bom, sol de primavera brilhante, da varanda do Grande Sertão dá pra se ver o mar do Jardim da Alá, o que não deixa de ser uma alegria.
O Grande Sertão já teve um buffet farto de comidas sertanejas à mancheia, mas a dona Rose nos disse que modelou o local para evitar desperdício de comida e agora, nos dias normais, só a la carte. Nos dias de eventos, como vai ser no Encontro dos Amigos de Serrinha, aí, sim, o couro comeu. Ou seja, teve de tudo um pouco das comidinhas do sertão.
Autografei, na época (2013) meu novo livro “Dom Franquito, 104 restaurantes ao redor do mundo”.
Restaurante Grande Sertão, I Volume
Rua Adelaide Fernandes da Costa, 122 - Stiep, Salvador
*** Este restaurante não existe mais
*** Crônica original de 2013