Cultura

MOSTEIRO JERÓNIMOS: OBRA MONUMENTAL EM ESTILO MANUELINO DE LISBOA

18ª crônica do livro de TF Lisboa como você nunca viu. Leia no wattpad
Tasso Franco , da redação em Salvador | 23/05/2020 às 11:55
Obra monumental em estilo manuelino
Foto: BJÁ
  O jornalista Tasso Franco publicou neste sábado a 18ª crônica no seu livro Lisboa Como Você Nunca Viu - a Pensão do Amor, no aplicativo wattpad sobre o Mosteiro dos Jerónimos. Veja abaixo. 

    MOSTEIRO DOS JERÓNIMOS: A OBRA MONUMENTAL EM ESTILO MANUELINO DE LISBOA

 
O Mosteiro de Santa Maria de Belém mais conhecido como Mosteiro dos Jerónimos é a obra em estilo manuelino (referente ao rei Dom Manuel I) mais relevante em Portugal, não só por sua grandeza à margem direita do Rio Tejo adjacente a hoje Praça do Império, mas pelos detalhes dessa magnifica edificação que durou quase um século para ser concluída e envolveu os arquitetos mais destacados desse estilo: Diogo de Boitaca, João de Castilho, Diogo de Torralva, Jerónimo de Ruão.

Recebe mais de 2 milhões de turistas estrangeiros ao ano como visitantes pagantes. O ingresso para visitar o mosteiro custa 10 euros e o acesso a igreja é gratuito.

 É algo de encher os olhos de qualquer visitante tanto a sua visão externa do imenso prédio; quanto no seu interior. A visita é dividida em três partes: uma área onde há uma exposição permanente de obras antigas incluindo Egito e Oriente Médio; o local onde funcionou o mosteiro propriamente dito e abrigou a Ordem de São Jerónimo (no original com acento agudo) até 1834 quando as ordens foram extintas; e a igreja do Patriarcado de Lisboa.

Para as duas primeiras áreas paga-se 12 euros ou 10 euros se preferir apenas conhecer as dependências do mosteiro onde viviam, oravam e trabalhavam os monges; idosos e crianças 5 euros. A visita a igreja tem entrada gratuita.

Para cada área há uma portaria - uma delas mais à frente onde se compram os ingressos - com monitores. Para se fazer uma visita completa a todos esses espaços dura-se, no mínimo, 4 horas. Portanto, o ideal é ir pela manhã, visitar o Jerónimos e em seguida o Monumento aos Navegadores Portugueses e a Torre de Belém que ficam próximos e constituem um conjunto de grande valor cultural no antigo Cais do Restelo donde saiu a armada de Pedro Álvares Cabral para as Índias e acabou descobrindo o Brasil.

Dom Manuel I foi um dos reis mais destacados de Portugal e reinou entre 1495/1521 época em que se descobriu o caminho marítimo para as Índias e o Brasil. Ficou conhecido como "Venturoso", o "Bem Aventurado", e grandes obras realizadas no seu período de governo e depois dele, em Portugal, nas Índia e no Brasil, ficaram conhecidas como estilo manuelino. É o caso, por exemplo, da sede do Gabinete Português de Leitura, na Praça da Piedade, em Salvador.

Estilo também chamado de gótico português tardio ou flamejante. É extremamente trabalhoso em sua execução por sua característica escultórica. Ou seja, uma decoração, uma escultura. Historiadores asseguram que existe desde o reinado do seu antecessor, Dom João II, visão portuguesa do gótico final (daí o nome tardio) com ornamentações do renascimento italiano. O termo "Manuelino" foi criado por Francisco Adolfo Varhangen na sua "Notícia Histórica e Descriptiva do Mosteiro de Belém", de 1842.

Com as novas descobertas na época de Dom Manuel I, o Império Português expandiu-se no mundo e seu filho e sucessor dom João III foi o rei que mandou construir a cidade do Salvador, em 1548, quando o sistema de capitanias hereditárias fracassou no Brasil, ou pelo menos não prosperou como se esperava e foi criado um governo geral com sede na Bahia, a partir de 29 de março de 1549.

 O Mosteiro dos Jerónimos nasceu a partir dessas conquistas de Portugal, em 1502, para substituir a Ermida de Santa Maria de Belém onde oraram Vasco da Gama e Pedro Alvares Cabral, entre outros, antes de suas viagens intercontinentais. Dom Manuel I também decidiu que seria o túmulo da Casa de Avis, a dinastia portuguesa, onde estão sepultados dois dos seus filhos.

Só conheço a área monástica e a igreja. Nesse primeiro espaço é impressionante a monumentalidade da obra, as portas, as obras de arte, os arcos em estilo gótico e espaço de uma exposição sobre o reinado em Portugal desde dom Afonso Henriques, o "Conquistador" o pai da Pátria após a expulsão dos árabes, em 1147, quando o Condado Portucalense é reconhecido como reino em 1179, pelo papa Alexandre III, através da bula Manifestis Probatum e ganhou o título de rex (rei), independente do reino de Leon.

Há, nesse espaço, toda história de Portugal reino e uma pintura a óleo da visita de Dom Pedro IV à Casa Pia de Lisboa (dom Pedro I, no Brasil), rei de Portugal, acompanhado de sua segunda esposa Amélia de Beauharnais e da filha Maria II. Visita feita no dia 18 de abril de 1834 retratada em óleo de Maurício José do Carmo Sendim. Portanto, pouco tempo depois que deixou o Brasil.

Dom Pedro I abdicou ao trono do Império brasileiro em 7 de abril de 1831 e seu filho e sucessor, Dom Pedro II, tinha apenas 5 anos, deixando como tutor José Bonifácio de Andrade e Silva. Fora forçado a voltar para Portugal com a morte do pai, Dom João VI, em 1826, e as revoltas que se seguiram no Porto. Se não retornasse havia a ameaça dos constitucionalistas de por fim ao Reino. 

 E há gravuras e óleos de quase todos os reis de Portugal. Também próximo a esse espaço há um memorial túmulo ao escritor Alexandre Herculano, historiador, jornalista e poeta do romantismo português (1810/1877). Portugal tem um apreço enorme aos seus escritores e devota-os monumentos em vários sítios.

No mosteiro percorre-se as áreas contemplativas (jardins), o primeiro piso e o claustro da igreja. Noutra crônica falaremos da igreja. Andar pelo interior do mosteiro dá para sentir o ambiente em que viviam os monges entre os séculos XVI e XIX quando não havia energia elétrica e os ambientes eram iluminados com tochas e as lareiras com lenha. 

O Mosteiro dos Jerónimos é Monumento Nacional desde 1907. Em 1983, foi classificado como Património Mundial pela UNESCO. A 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das sete maravilhas de Portugal.

O Restelo, zona próxima de Lisboa onde viria a ser implantado o mosteiro, era uma pequena aldeia na margem do rio Tejo. Cresceu sob o impulso do comércio marítimo e da produção naval, que viria a ter grande importância estratégica e logística no que se refere à proteção das vias marítimas portuguesas, transformando-se num grande porto comercial e abrigo para os navegantes.

 A Conquista de Ceuta (1415), da Índia e costa da África deram grande impulso à expansão marítima portuguesa e consequentemente ao crescimento deste porto. A vila cresceu bastante com a chegada de marinheiros e trabalhadores para abastecer e manter as embarcações e tornou-se um local insalubre.

O Infante Dom Henrique, em 1452, ordenou a construção da Ermida de Santa Maria de Belém e serviços de canalização de água, casas para habitação do presbitério e terrenos para produção agrícola. Nessa igreja, os grandes navegadores como Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama e outros, faziam vigílias antes de partirem para as suas grandes viagens marítimas.

Jerónimos nasce, assim, com a benção papal, para mostrar ao mundo daquela época a pujança de Portugal e segue empolgante, até os dias atuais.  .