Cultura

RIO TEJO: A 7ª MARAVILHA DA CAPITAL PORTUGUESA PARA CURTIR E POETISAR

Esta e outras crônicas estão em Lisboa como você nunca viu, wattpad
Tasso Franco , da redação em Salvador | 16/05/2020 às 11:49
Rio Tejo
Foto: BJÁ
  O jornalista Tasso Franco publicou neste sábado a 16ª crônica do seu livro Lisboa como você nunca viu, a Pensão do Amor, no aplicativo wattpad falando sobre o Rio Tejo, a sétima maravailha da capital portugual.
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O Rio Tejo, digo eu, é a sétima maravilha de Portugal. Não um Farol da Alexandria erguido no Egito na época de Alexandre Magno, de Macedônia, 240 a.C, no reinado dos Ptolomeus, mas, uma dádiva da natureza que emoldura a paisagem da capital dos lusitanos donde quer que se vá, se olhe, se aprecie a terra de Pessoa e Saramago. 

Certeza não tenho. Adivinho. Creio que todos os poetas portugueses e do Além Mar que o admiraram, versaram sobre suas águas. O magistral Pessoa, Alberto Caieiro, em O Guardador de Rebanhos, cantou: Pelo Tejo Vai-se para o Mundo/O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,/Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia/Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

Manuel Alegria, Babilônia, 1983, poetiza em na Balada de Lisboa: Em cada esquina te vais/Em cada esquina te vejo/Esta é a cidade que tem/Teu nome escrito no cais/A cidade onde desenho/ Teu rosto com sol e Tejo/ Caravelas te levaram/Caravelas te perderam/Nas manhãs da tua ausência.

O que mais admiro, um lírio de poesia é a de Sophia de Mello Breyner Andersen (1994): Aqui e além em Lisboa – quando vamos/Com pressa ou distraídos pelas ruas/Ao virar da esquina de súbito avistamos/ Irisado o Tejo:/Então se tornam/Leve o nosso corpo e a alma alada.

É assim mesmo. Eu senti essa doçura, essa leveza, essa grandeza olhando-o do Castelo de São Jorge, do Monte Santo, da beira do cais do Paço, a beira da Torre de Belé, por onde ande na Lisboa Antiga de Amália.

O Tejo nasce na Espanha com o nome de Tajo (tacho em aragonês) na Serra de Albarracim e ganha fama em Lisboa após percorrer 1.007 km onde forma um estuário e deságua no Atlântico, donde partiram as naus para a descoberta do Novo Mundo.

 É tão famoso na capital portuguesa que mais parece um rio genuinamente português, como o São Francisco, no Brasil. Em sua bacia hidrográfica, terceira mais extensa da Península Ibérica, corta três cidades espanholas, alimenta 7 barragens na Espanha e duas centrais nucleares, e na parte baixa 15 localidades portuguesas incluindo Vila Franca de Xira, Santarém e Lisboa.

É tão querido em Lisboa com as pontes 14 de Abril ligando a cidade a Almada e a Vasco da Gama, maior da Europa, com 17km, ligando Sacavém (Lisboa) a Alcochete que donde se vai na capital do poeta "Homem das Nuvens", cidade enladeirada, aprecia-se o Tejo.

 As suas margens, desde o Cais do Sodré até a Torre de Belém praticamente há um calçadão incluindo a área das Docas, o Porto Madero português, para passear e curtir o Tejo. Há, ainda, passeios náuticos pelo Tejo, por do sol em Belém ou em Cascais programas que envolvem o rio.

 No Terreiro do Paço há um cais contemplativo do Tejo onde milhares de pessoas diariamente vão apreciar o rio, curtir, produzir fotos e videos, namorar, ouvir música, vê transatlânticos cortando seu leito rumo ao Atlântico, apreciar pescadores à beira rio com suas águas formando ondas. No terremoto de 1755 inundou toda a parte baixa de Lisboa conhecida, hoje, como baixa pombalina. Uma tragédia, única. Pois, não é um rio de tragédias e sim de conquistas e poesias, de amores que aportam na Pensão do Amor.

 A parte que os turistas curtem mais do Tejo fica nas proximidades do Mosteiro dos Jerônimos uma monumental construção manuelina erguida para ser o ícone arquitetônico da Dinastia dos Avis, onde está o Monumento dos Navegadores Portugueses e a Torre de Belém. 

  Há um calçadão entre o Monumento e a Torre e os turistas percorrem esse trecho em 15 a 20 minutos se antes não parar nos quiosques e bares que há no percurso. No final da tarde, por do sol, é encantador. 

  Nesse ponto também se faze passeios pelo Tejo em imensos barcos repletos de turistas. Não diria que seja tão romântico como no Rio Sena, mas, tem-se visões diferenciadas de Lisboa a partir do Tejo.

Nas suas margens ficam localidades espanholas como Toledo, Aranjuez e Talavera de la Reina, e portuguesas como Abrantes, Santarém, Salvaterra de Magos, Vila Franca de Xira, Alverca do Ribatejo, Forte da Casa, Póvoa de Santa Iria, Sacavém, Alcochete, Montijo, Moita, Barreiro, Seixal, Almada e Lisboa.

Em Lisboa, o estuário do Tejo é atravessado por duas pontes. A mais antiga é a Ponte 25 de Abril (inaugurada em 1966, então Ponte Salazar), uma das maiores pontes suspensas da Europa, e que liga a capital de Portugal a Almada. A outra é a Ponte Vasco da Gama, de cerca de 17 km de comprimento. Foi inaugurada em 1998 e liga Lisboa (Sacavém) a Alcochete, Moita e Montijo. O local mais largo deste rio chama-se Mar da Palha, um lago, e fica entre Lisboa, Vila Franca de Xira e Benavente.

Todos os anos no porto de Lisboa, atracam centenas de paquetes de luxo, principalmente na doca de Alcântara. No seu estuário existe uma reserva ecológica (Reserva Natural do Estuário do Tejo, com sede em Alcochete) onde nidificam várias espécies de aves.

Desagua no Oceano Atlântico, formando o chamado mar da Palha, o mais importante da Península Ibérica, tanto pelas dimensões como pela relevância sociodemográfica. 

 No seu final, já na fronteira com o mar, encontra-se uma pequena ilha com o Forte de São Lourenço e Farol do Bugio.
Depois, surge o Tenebroso, as águas do Atlântico onde se abraçam.
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