Cultura

VILA VELHA: Mal invisível tem estreia nacional na próxima semana

Adaptação fala sobre degradação das relações humanas, sociais e ambientais.
Tatiane Carcanholo , Salvador | 07/10/2019 às 10:47
Mal invisível
Foto: Saulo Robledo

O ator e diretor teatral Marcelo Sousa Brito e a equipe do Coletivo Cruéis Tentadores ajustam os últimos preparativos para estreia do espetáculo Mal invisível, marcada para 10 de outubro de 2019, às 20h, no Teatro Vila Velha. A curta temporada segue em cartaz sextas e sábados 20h e domingos 19h, até dia 27, com ingressos no valor de R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

O projeto faz parte de uma longa pesquisa do encenador iniciada em Paris em 2002, ao conhecer a obra La supplication, da autora bielorrussa Svetlana Alexievitch, que fala das vítimas de contaminação radioativa em Chernobyl. Prêmio Nobel de Literatura em 2016 e homenageada na Festa Literária Internacional de Paraty no mesmo ano, a escritora começa a ter seus livros traduzidos no Brasil.

Foi a atualidade dessa obra que fez Brito construir uma dramaturgia forte, que traz também

dados, relatos e informações de canais de notícias, além de passagens do livro “Holocausto

brasileiro”, da autora Daniela Arbex, como fonte de pesquisa para a escrita do texto,

potencializando as histórias de males muitas vezes silenciados, mas densos da trajetória humana.

Em 2009, Brito passou uma temporada de pesquisa em Berlin, convivendo com ativistas e

frequentando lugares destruídos por conflitos ambientais e sociais. Em 2015 ele retorna a Paris,

dessa vez para presenciar o silêncio e a invisibilidade de corpos estrangeiros na parte subterrânea

do metrô.

Agora, em 2019, a convite do Teatro Vila Velha, o encenador dribla as dificuldades por falta de patrocínio e decide que é o momento de tocar nessa ferida, que está cada vez mais próxima de nós: o mal que o ser humano causa a si mesmo ao se colocar no lugar de prioridade.

Para isso o diretor reuniu uma equipe de artistas que está, desde março deste ano, dividindo o espaço de criação juntamente com os moradores da Comunidade do Solar do Unhão. “Ali, é possível ouvir o grito dos invisibilizados pela sociedade e fazer com que a comunidade ouça o clamor de artistas-personagens que querem problematizar nossa estadia na Terra e pensar o que será das civilizações futuras. Qual é a nossa real responsabilidade para com o mundo onde vivemos?” – questiona Brito.

Os ensaios são sempre repletos de emoção e questionamentos a cada dia, sobre cada

acontecimento noticiado pela imprensa. “Não se pode falar do cotidiano, da vida real, sem vivê-la, preso em salas de ensaio. Meu desejo é que o elenco viva na pele as dores e delícias das

personagens e para isso é comum ensaiar com chuva, sol, crianças, moradores de rua, moradores locais, que esperam socorro diante de um desabamento de terr; a mãe aflita aguardando ambulância para socorrer filho afogado, a polícia em busca de chefe de tráfico e por aí seguimos nos alimentando até o dia da estreia” – destaca.

Sobre Marcelo _Os trabalhos do diretor e autor Marcelo Sousa Brito, que realiza estágio de pós-doutorado em Artes Cênicas pela Ufba, com dois livros lançados em seu Mestrado (O Teatro Invadindo a Cidade - 2012) e Doutorado (O Teatro que Corre nas Vias - 2017), já percorreram

cidades do interior baiano, do Brasil e da Europa, sempre com um traço performático diferenciado em relação ao meio. Sua peça de graduação também, Guilda (2006), ganhou o prêmio Braskem de Teatro na categoria Revelação.

Agora ele se une a artistas experientes como Márcia Andrade (“Em Família), José Carlos Jr

(“Compadre de Ogum”), Irema Santos, Nilson Rocha (“A Bofetada”), Paulo Paiva e Saulo Robledo, para sua nova estreia. A ideia vem sendo amadurecida nos últimos anos para debater a responsabilidade humana com o planeta e ganhou força com o convite de Márcio Meirelles para que a estreia acontecesse no Teatro Vila Velha.

Vale ressaltar que a comunidade do Solar do Unhão está apoiando o espetáculo e os interessados terão acesso ao teatro na ocasião da estreia. Outro ponto é que Marcelo volta com uma proposta pessoal forte, em um teatro convencional, depois de mais de uma década sem realizar este perfil de obra em sua carreira.


Serviço:

Mal Invisível - Coletivo Cruéis Tentadores, direção Marcelo Sousa Brito

Data: 10/10 (única quinta da estreia – 20h) + 11, 12, 13, 18, 19, 20, 25, 26 e 27 de outubro de 2019

(sextas e sábados 20h e domingos 19h)

Local: Teatro Vila Velha – Passeio Público (Salvador)

Valor: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia com comprovante)

Informações: (71- 98823-2787 Marcelo / 71- 98824-2978/ 99274 0136 Tatiane)

https://www.facebook.com/crueis.tentadores

https://www.ingressorapido.com.br/event/31384-1/

Realização: Coletivo Cruéis Tentadores

Classificação: 16 anos