Registros de costumes e tradições – cultura popular – que o tempo vai mastigando e cuspindo.
ZédeJESUSBarrêto , Salvador |
20/04/2019 às 17:36
Representação do Judas em Serrinha. No palco a Filarmônica 30 de Junho.
Foto: JM
O Juda é o que sobrou do discípulo Judas Iscariotes, o ‘traidor’, aquele que teria entregado Jesus a troco de trinta ‘real’. Virou boneco de pano a ser malhado pelas ruas com algazarras.
E o que não falta é ‘juda’ hoje em dia pra se malhar, tocar fogo. Tem ‘juda’ de toga, de gravatas, de farda, até a paisano. Muitos. O traíras, os boca-mole, os língua ‘plesa’ e os de língua nervosa.
Os piores são os traidores do povo e da pátria, os ‘poderosos’, aqueles que entregaram e entregam até a mãe por um punhado de dinheiro ou pela pose do poder. Que se explodam, todos.
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Mas, mudando o rumo da prosa, ainda resiste a tradição da malhação, da queima do Judas com leitura de testamento e muita folia nos bairros, nas comunidades? Cadê Florentino, o fogueteiro?
O gostoso era construir o próprio boneco do Juda com trapos, restos de colchões e travesseiros, roupas surrupiadas nos guarda-roupas de casa. O testamento, redigido em versos e lidos pra comunidade, eram glosas, sacaneando os ‘porretas’ e os amigos também. A arte maior era saber fazer o boneco se despinguelar aos poucos, com as explosões das bombas e foguetes inseridos pelo corpo. A vingança era ‘malígrina’!
Registros de costumes e tradições – cultura popular – que o tempo vai mastigando e cuspindo.