Cultura

CLAUDIUS PORTUGAL LANÇA O LIVRO MARGENSÀMARGEM, próximo dia 15

São doze histórias onde personagens transitam sobre o cotidiano, o amor e a violência, através de cenas e acontecimentos
Da Redação , Salvador | 07/01/2019 às 18:56
Margensàmargem
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Claudius Portugal lança dia 15 de janeiro, terça-feira, das 19 às 22 horas, no bar e restaurante Solar, na Rua Fonte do Boi, Rio Vermelho, o livro margensàmargem, composto por doze histórias onde personagens transitam sobre o cotidiano, o amor e a violência, através de cenas e acontecimentos, reunindo o hoje e o imaginário, a literatura e a vida, em textos que procuram mais as sensações do que das descrições, buscando através delas uma escrita que se efetive através de uma linguagem realizada através de colagens, cortes, apropriações, citações, realidade e memória, história e invenção, prosa e poesia. A publicação tem 382 páginas e é da P55 edições. 


O que é margensàmargem?

São doze textos, reunindo quatro livros - margensàmargem; postema, terceiro sinal e NÓSDOIS -. O primeiro dá titulo a coletânea. Nele se encontram histórias sobre o cotidiano, que refletem o agora em seus mais variados tons. São textos escritos entre 2001 e 2018. Isto é, no século XXI.

E o ato de escrever este livro para você? São textos longos? Contendo histórias?
Meu primeiro livro, Carta à família, era de textos longos. Escrever é um jogo entre aquele que escreve e as palavras. Longo ou breve, tanto faz, para que se efetive verdadeiramente um conhecimento do nosso tempo, o tempo do autor. 

Histórias reais ou ficção?

Escrever é um ato do presente. Somos históricos ao vivermos nossa época. Foi o que desejei ao escrevê-los. Mas o texto existe em si. Ele é o real e a ficção. Traz o seu significado. E será sempre. Mas é bom recordar que não da forma que do autor a fez, mas de quem o lê. E isto é que o belo. Jamais sabemos este significado e sua consequência sobre os outros. O que o leitor tornará ou tomará ou fará como seu com um texto.

E esta relação do real numa época de autobiografias ficcionadas?

Sempre paira uma dúvida e a pergunta surge sobre quem é a personagem, ou aparece alguém que se identifica e fica zangado por se achar retratado. Mas o texto é uma invenção sobre um real. Sendo invenção torna-se real somente enquanto texto. Quando há este tom de identificação, ‘este sou eu’, é porque se lavou bem tanto a roupa limpa quanto a roupa suja. Ficamos diante do falso verdadeiro e da verdade falseada. 

A linguagem é a preocupação maior da sua escrita?

Uma delas. A escrita deve transfigurar falas, comportamentos, notícias, e o que desejo é que o texto seja experimentação e invenção, e que deles venha um pensamento crítico, uma reflexão, não apenas quanto ao texto que leu, mas sobre o aqui e o agora.

Os presentes são múltiplos. Como mostrar estas diferenciadas realidades?

Coloco o ato da escrita como minha forma de ler a vida. Uma leitura íntima e pessoal. Aqui reproduzo a frase: há sempre alguma loucura no amor. Mas há um pouco de razão na loucura. O que une estes caminhos parece clichê, e não deixa de ser, é a paixão. Paixão no que representa ser a paixão o único vínculo que temos com a verdade. Daí surge. Mas qual verdade? Ou a realidade? A minha e as daqueles que ao lerem o texto entendam ou não entendam o que está escrito. Não entender é também uma forma de leitura. Nisto lembro-me de Buñuel ao ser indagado sobre o que quis dizer com determinada cena ou filme, no que ele responde: “Bueno, lo que yo quería decir es lo que tú entendiste”. 

E o que desejaria do leitor que leia estes seus textos?

O leitor terá de descobrir a partir de sua experiência pessoal, de sua vivência intelectual e sensorial. A leitura dele não tem que ser igual à de quem a produziu. Devemos sempre lembrar isto: não se pergunta a um autor o que ele faz, mas sim à obra. Não há uma só leitura para um texto. A do autor é apenas uma delas. Assim, é necessário ter leitores com talento. Disponíveis a esta vivência. A de serem coautores. O que desejo é que após a leitura o leitor seja modificado do seu estado anterior à leitura. Que o leitor tenha raiva, ódio, amor, que tenha dúvidas, dissensos, que diga não entendi nada, faça conjecturas, ache bacana ou uma merda, mas que a leitura, de alguma maneira, o modifique. Faça-o sair de sua zona de conforto. Que o texto se torne um convite à imaginação. Isto é, o que desejo é aquilo que Fernando Pessoa afirmava que um escritor deveria ser: ‘um criador de anarquias’.

Fale da sua trajetória?

Nasci na Bahia, em Salvador, dia 10 de agosto de 1951. Comecei publicando no Rio de Janeiro em 1975, Carta à família; Depois Folha de rosto, Em mãos. Volto para a Bahia. Em 1985 publico Olho de gato. Lança Notas bandalhas; Depois o wxyz. Em seguida vêm o Águas e o Duende. Em 2000, Texto táctil. Estas são as publicações no século XX. 

Em 2012 volto novamente a publicar com a série Comparsas. Livros em que divido o espaço com os artistas visuais Sergio Rabinovitz, Bel Borba, Valéria Simões, Andréa Fiamenghi, Luiz Humberto de Carvalho. São: Fluxo; Em teu nome; Só danço samba; Paredes planas; Registro civil. Em 2014 publico umlugaroutros. E agora, 2018, margensàmargem. 

Escrevi sobre artes visuais nos livros - “Outras cores – 27 artistas da Bahia, reportagens plásticas”; “Sérgio Rabinovitz, a poesia da cor”; “Pinturas recentes de Sante Scaldaferri”; “Murilo, a cor desta cidade”; “Juarez Paraíso, um mestre na arte da Bahia”; “Sante Scaldaferri - baiano, nordestino, brasileiro, universal”. “A arte de Tatti Moreno”; “Sérgio Rabionovitz – desenhos”; e “Via e-mail – encontro com artistas brasileiros”. Organizei livros de desenhos sobre Calasans Neto, Floriano Teixeira, Mario Cravo Júnior, Carlos Bastos, Juarez Paraíso, Jenner Augusto, Sante Scaldaferri. Fui coeditor de texto de “A Via Crucis de Raimundo de Oliveira”. Coordenei editorialmente o livro “Carlos Bastos”. Fiz algumas curadorias. 

Neste percurso atuei escrevendo para jornais e revistas, fui ou sou editor de livros e revistas, como a EXU, da Fundação Casa de Jorge Amado, e tive algumas peças encenadas: “Quincas Berro d’Água”, “Pelo telefone,” “Cara amiga Sarah H.”, “Não vamos falar nisso agora”, “Poesia é coisa de mulher”, “Noite na taverna”, o roteiro “Bahia de Caymmi”, e esquete com trechos do livro “Navegação de cabotagem”, de Jorge Amado. Escrevi a rádio novela, veiculada pela Metrópole, “O caso da menina morta”, adaptação do livro “Não foi o vento que a levou”, de Luís Henrique.

Em 2007, meu livro “Carta à família” foi objeto da tese de Mestrado - “Batendo no texto, uma analogia entre as narrativas de Robert Coover e Claudius Portugal”, por Nilo Ferreira da Rocha. Em 1985, participei do Brazilian Writers Program, convidado pelo Governo dos Estados Unidos da América; em 1991, pelo Governo do México, do Congresso Latino Americano de Poesia; em 1991, convidado pelo Governo de Brasília, participou do 23º Encontro Nacional de Escritores Brasileiros. Em 1997, convidado pela Universidade do Porto, Portugal, do II Congresso Português de Literatura Brasileira. 

  Em 1998, junto com Sérgio Rabinovitz, representei a Bahia no Evento Latinas (palavra e imagem), rede Mercocidades, em cinco países do Mercosul. Tenho trabalhos incluídos nas exposições: Brazilian Concret e Visual Poetry, University of Florida, 1989; 5th International Mail Art Exhibition, 1994, nos Estados Unidos, e é um dos autores brasileiros documentados em áudio, lendo seus textos, na Biblioteca do Congresso Americano, em Washington.


DETALHES
Editora: P55 Edição
Assunto: Literatura 
Idioma: Português
Ano: 2019
Formato: 14x22 cm
Páginas: 392
Preço de venda: R$ 40,00
Lançamento: dia 15 de janeiro, terça-feira, no Solar Gastronomia, Rio Vermelho, às 19h.

A EDITORA
A P55 Edição (www.p55.com.br) vem produzindo nestes anos de atividade um catálogo, principalmente de autores baianos, editando séries e títulos diversificados, abrangendo desde as artes plásticas, passando pela poesia e prosa, a edições de saúde e culinária, literatura infantil, cultura baiana e teses universitárias, além de livros de fotografias. Dentro de seu portfolio, se destaca a coleção Cartas Bahianas, que publica a literatura contemporânea da Bahia, onde foi publicado até agora 48 livros. A P55 comercializa todos os seus livros, além da rede de livrarias, pelo site www.p55.com.br