Cultura

MORRE A YALORIXÁ MÃE STELLA DE OXÓSSI DO AXÉ OPÓ AFONJÁ

Mãe Stella morava em Nazaré das Farinhas com uma companheira. Informações básicas de A Tarde.
Da Redação , Salvador | 27/12/2018 às 18:26
Mãe Stella tinha 93 anos de idade
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Morreu na tarde desta quinta-feira, 27, Maria Stella de Azevedo Santos, de 93 anos, conhecida como mãe Stella de Oxóssi, ialorixá do terreiro Ilê Axé Opó Afonjá, em São Gonçalo do Retiro, em Salvador. A informação foi confirmada pela filha da sacerdotisa. Ela estava internada desde o último dia 14, no Hospital Incar, em Santo Antônio de Jesus, no Recôncavo Baiano, por causa de uma infecção. 

Mãe Stella havia dado entrada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), porém, no dia seguinte, foi transferida para o quarto. Segundo o último boletim de saúde, a ialorixá possuía um quadro estável. A última vez que a sacerdotisa tinha sido internada foi em novembro de 2017, quando passou seis dias no Hospital da Bahia, em Salvador. À época, apresentava fortes dores de cabeça e hipertensão arterial.

No dia 18 deste mês, surgiram boatos que de que a ialorixá havia morrido. A mesma informação foi desmentida pelo presidente da Sociedade Cruz Santa do Afonjá e administrador do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, Ribamar Daniel.

"As diversas atividades que minha vida religiosa pede e, é claro, a minha avançada idade estão fazendo com que se torne difícil continuar escrevendo quinzenalmente para este conceituado jornal, que acolheu meus pensamentos e minha cultura religiosa com muito desprendimento. Não estou me despedindo do jornal A TARDE que, compreendendo minhas razões, deixou o espaço aberto para que eu escrevesse algum artigo quando assim pudesse e desejasse (...), continuarei escrevendo, mas no ritmo possível para meus 89 anos de idade".
Maria Stella de Azevedo Santos

Memória

A ialorixá, que vivia com a companheira, Graziela Dhomini, na cidade de Nazaré, também no Recôncavo, foi articulista do Jornal A TARDE em 2011 e escreveu quinzenalmente na página de Opinião até o fim de 2014, quando anunciou, em artigo, que deixaria de publicar de forma fixa, permanecendo no entanto como colaboradora eventual.
Sacerdotisa desde 1976 do Ilê Axé Opô Afonjá, um dos candomblés mais tradicionais do Brasil, de nação nagô-ketu, Mãe Stella também foi atuante no blog Mundo Afro. Graduada em Farmácia pela Escola Bahiana de Medicina, em 2009, ela recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Em 2013, a Ialorixá foi eleita imortal da Academia de Letras da Bahia (ALB). Ele ocupou a cadeira 33 (Poltrona Castro Alves), que era do professor e historiador Ubiratan Castro, falecido em janeiro do mesmo ano. Foi a primeira vez que uma mãe-de-santo ocupou uma cadeira da entidade máxima da literatura baiana. Mãe Stella era autora de seis livros,

ACM Neto lamenta a morte de Mãe Stella

O prefeito ACM Neto lamentou nesta quinta-feira (27) a morte de Mãe Stella, um dos maiores nomes da fé e religiosidade da Bahia. “A Bahia e o Brasil perdem uma venerável sacerdotisa. Ialorixá de um dos mais tradicionais terreiros de Candomblé do país, Mãe Stella ultrapassou as fronteiras da religião. Sob a sua liderança, o Ilê Axé Opó Afonjá ganhou dimensão cultural, como um importante centro de preservação da religiosidade afro-brasileira,  desenvolvendo ainda um grande e inestimável trabalho social em Salvador. Profunda estudiosa do universo dos orixás e intelectual ativa, Mãe Stella nos lega ainda uma prolífica obra, expressa em livros e artigos, sobre a nossa herança africana. É uma estrela que nos guiou na terra e agora sobe para brilhar no céu. Que Deus conforte os familiares e amigos de Mãe Stella neste momento de profunda dor”, concluiu o prefeito.


LEO PRATES LAMENTA
O presidente da Câmara Municipal de Salvador, vereador Leo Prates (DEM), lamentou a morte da ialorixá Mãe Stella de Oxóssi, na tarde desta quinta-feira (27). 
“O Brasil perdeu uma referência da religião de matriz africana. A sabedoria de Mãe Stella de Oxóssi, com suas ponderações e uma infinita tolerância religiosa, é um legado que fica para todas as gerações diante da tristeza pelo desenlace da vida”, lamentou Leo Prates.