Cavaleiros paramentados em vestes de couro rasgam a paisagem entre imburanas, angicos, xiquexiques e facheiros. Em meio a névoa de poeira que levanta no ar,os cavaleiros vão campeando em busca do gado desgarrado, uma peleja se inicia na visage da caatinga. A cena, forte e bela para quem presencia é um filme pronto de uma cultura que resiste. Raso da Catarina. Há quem diga que o raso é um encantamento, uma voz feminina que ecoa pelos vales saindo dos bicos das araras-azuis-de-lear.
O primeiro encontro se deu ao acaso, Rui fotografava a trabalho, foi entrando na mata e se deparou com um grande acampamento e para quebrar a desconfiança inicial dos homens o fotógrafo mostrou a página de um livro seu com a foto de vaqueiros da Gruta dos Brejões na Chapada Diamantina. O visível interesse dos vaqueiros do Raso pela foto fez, desse encontro fortuito, surgir “Vaqueiros do Raso da Catarina”, o 6º livro da carreira do fotografo.
O texto assinado por Cícero Félix, jornalista e professor da Universidade Federal do Oeste da Bahia (UFOB), traz, como ele diz “fileiras de causos” relatados propositalmente em linguagem coloquial com o cuidado de resguardar as características de uma cultura viva que se estrutura em uma relação visceral entre o Raso da Catarina e o sertanejo ali nascido, como disse Seu Euclides, filhos da coragem de Lampião e da fé de Conselheiro...
Fotografias de arrebatadora beleza apresentam a vivência absolutamente singular de Pingo, Naldo de Tuta, Bode, Paredão, Ponta de Bala e tantos outros vaqueiros na lida aventureira com o gado em meio aos encantados, espinhos e vastidões áridas, mandacarus em flor e a fauna local alegrando os tons terrosos. A fé sempre presente é celebrada na singeleza de quadrinhos de santos ornados com papéis estampados e fitas coloridas.
“Vaqueiros do Raso da Catarina” transmite a intensidade e a força solar de uma rara cultura. Com 156 páginas, bilíngue, o livro se completa com um precioso dicionário que identifica a rica indumentária e objetos que paramentam o vaqueiro e seu cavalo.
Rui Rezende [www.ruirezende.com.br]
A biografia de Rui Rezende também é uma história de resistência, o fotógrafo é sobrevivente de um acidente aéreo ocorrido em 2014 na região de Barreiras, oeste da Bahia. As vivências na natureza, ajudando a mãe na lida com o cacau, correndo livre atrás de cavalos, levando o gado para a fazenda do avô, Tonico do Limão em sua cidade natal, Amargosa, inspiraram a profissão: “talvez por conta deste meu passado hoje sou um fotógrafo de natureza. Faço tudo por amor às coisas e esse livro é o primeiro depois de passar quatro anos sem publicar por causa do acidente”, revela Rezende.
Serviço:
Lançamentos na Bahia de “Vaqueiros do Raso da Catarina” de Rui Rezende
Editora P55 [http://edicao.p55.com.br/editora/], 156 páginas, 2018, com qrcode de acesso ao vídeo de making off da produção.
Preço de capa: 120,00 (cento e vinte reais)
Quando e onde:
Lançamento 1 > dia 24 de novembro, 18hrs, Povoado de Incozeira, cidade de Jeremoabo, Bahia, onde moram boa parte dos vaqueiros.
Preço especial neste lançamento: 50,00 (cinquenta reais) limitado 1 livro por pessoa para possibilitar a compra do livro para amigos e familiares dos vaqueiros.
Lançamento 2 > dia 29 de novembro, 19hrs, Museu Regional de Arte - MRA, Feira de Santana