Cultura

Fake news: A crise da Verdade ou a era pós verdade D José Ruy G. Lopes

É Bispo Diocesano de Jequié (BA) e especialista em Teologia Moral pela Faculdade Assunção, SP.
João Paulo II, Veritatis Splendor, 25.
Dom José Ruy G Lopes , Jequié | 26/10/2018 às 15:17
Dom José Ruy G Lopes
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                        Com esta expressão, mais que analítica, o saudoso João Paulo II assinalava mais uma de suas Encíclicas, a não menos profética Veritatis Splendor, ou simplesmente o “Esplendor da Verdade”. 

                       Estamos vivendo um momento que os antigos boatos foram transpostos na era da informação rápida e traduzidos em “fakenews”. 

                       Voltando ao “Esplendor da Verdade”, o Santo Padre, afirma que  “Não há moral sem liberdade (...) Se existe o direito de ser respeitado no próprio caminho em busca da verdade, há ainda antes a obrigação moral grave para cada um de procurar a verdade e de aderir a ela, uma vez conhecida”. 

                        Vivemos ainda em um tempo com crises marcadas em todos os setores. Muitos ensaístas falam de uma crise moral, outros de crise política, ainda de uma crise humana. Fato é que estamos vivendo “mergulhados numa crise sem precedentes”.

                        A nova geração ou geração Y já domina o termo “fake news”, incluindo as preocupações com as eleições vindouras e do próprio Papa Francisco que ultimamente tem sido “objeto” dos abjetos “fakes”. A inovação é apenas tecnológica. Outras gerações sabem muito o que significa um “boato”, pior ainda uma calúnia ou difamação.
                     
                        Fato é que se vai além do “niihilismo”. Não se trata apenas de negar a verdade ou falseá-la. Trata-se, sim, de mentira. O que vai contornando a vida humana numa grande mentira a ponto de não se resistir a esta farsa existencial e muitos descerem a fundo uma depressão, mal do século que cada vez mais induz ao suicídio.

                        Em uma outra Encíclica, ainda citando João Paulo II, na Fides et Ratio, afirmava: “ Por isso, é necessário que os valores escolhidos e procurados na vida sejam verdadeiros, porque só estes é que podem aperfeiçoar a pessoa, realizando a sua natureza”.

                        Sem verdade não há verdadeira liberdade, pois não existe a certeza da escolha.