Cultura

CARURU de Cosminho neste 27 é abençoado, por ZÉDEJESUSBARRÊTO

Para beber, o aluá, infusão feita com cascas de abacaxi.
ZedeJesusBarrêto , Salvador | 27/09/2018 às 12:09
Dia 27 de setembro, homenagem aos gêmeos
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  O dia 27 de setembro é consagrado a São Cosme e São Damião no calendário católico. Os santos gêmeos. Dia festivo na ‘sacra’ Bahia, onde e quando se misturam missas, velas acesas, caruru farto e completo, de obrigação, mais distribuição de brinquedo, doces e melança para criançada, tudo em forma de ritual, oferenda, agradecimento pela proteção e guarda dos filhos, dos menores. Festa e folia nos terreiros baianos para os Ibejis, entidades mabaças, alegria  dos erês (meninos).

  Esses costumes baianos têm origem na mescla de etnias,  culturas, crenças que acontecem desde o séc XVI no caldeirão kirimurê – Baía de Todos-os-Santos, Orixás, Inquices, Voduns, encantados ...

  Santidades

  Contam que Cosme & Damião nasceram de Teodora, uma mulher árabe convertida ao cristianismo no séc III d.C., plena decadência do Grande Império Romano antigo. Jovens, os irmãos teriam dedicado suas vidas à cura dos males do corpo e alma dos menos favorecidos com mezinhas e palavras, sendo por isso perseguidos e martirizados por ordem do imperador Deocleciano. Com o martírio veio a santificação e a devoção foi trazida pelos colonizadores portuguesas ao Brasil, culto arraigado na mística Bahia.

   A simbiose com as crenças de  raízes africanas aconteceu a partir da mitologia iorubá, segundo nos ensina a senhora dos saberes Dona Nancy de Souza (ou simplesmente Dona Cici), contadora de histórias da Fundação Pierre Verger. Ela diz que os mabaças  Ibejis ( ib = nascer e ejis = dois) foram fruto dos  amores  calientes de Xangô e Iansã, criados por Oxum. Eram na verdade um casal, macho & fêmea, dualidade da energia da vida. Os Ibejis representam a prosperidade, a energia e a alegria infantil.

 O caruru

 Assim, entre senzalas e casas-grandes, mães-pretas e vigários, batuques e missas rezadas, o Caruru de (para) Cosminho tornou-se uma tradição tipicamente baiana, manifestação de fé e folguedo, de pedidos e agradecimentos, coisa da Bahia, baianice.

 Mesa farta, festança e comilança para família, os vizinhos, agregados e convidados. Caruru de quiabos cortados bem miudinho, vatapá, arroz branco, xinxim de galinha, feijão de azeite, acarajé, abará, farofa de dendê, banana da terra frita, milho branco cozido, pipocas, rapadura, roletes de cana, pedaços de coco seco e mais bolos, doces, balas ...  Para beber, o aluá, infusão feita com cascas de abacaxi.

Quem vai ?