Cultura

CINEMA: Vazante. com direção de Daniela Thomas, por Diogo Berni

Filme que retrata época da colônia no Brasil
Diogo Berni ,  Salvador | 02/06/2018 às 08:08
Filme que retrata época da colônia no Brasil
Foto:
   Vazante, com direção minuciosa da Daniela Thomas, Brasil, 2017. Estamos em 1821, num Brasil ainda colônia. Mesmo que apenas por hum único ano, todavia cheira-se já um "querer" de independência, esta conquistada em 1822, e redirecionada ou patentada ao sentimento de libertação dos negros escravos. 

   Filmado em preto e branco a fotografia do longa, nas belas Minas Gerais, é assertiva na escolha de não filmar a cores, pois ganha-se em carga dramática o clima hostil da época, e também os sentimentos dos personagens ficam mais intensos com o P&B na fotografia do filme. 

   Ademais temos um grau de pertencimento da obra quando assistimos em P&B, pois enxergamos mais ainda o século XIX nela. Entretanto o filme não é somente isso: uma boa fotografia. Um fato curioso e enriquecedor da obra é esta não ter a necessidade de protagonista; temos um núcleo de escravos, outro de senhores “cavadores” de ouro e diamante, e por fim tínhamos o ciclo daqueles personagens que iam e voltavam no enredo, mais especificamente um negro brasileiro, bem interpretado por Fabrízio Boliveira, o Jeremias, que não fazia parte do primeiro grupo de escravos citados e que tinha a função de vigiar, e também castigar, os negros mais "revoltados". 

   É nítido que existiu um denso material de pesquisa daquele tempo do ouro e pedras preciosas daquele Brasil de antes, e da sua decaída, onde o filme mergulha-se, ou seja, quando começa a acabar o ouro e suas preciosas pedras por aqui. 

   Tratando-se de roteiro temos uma historieta que conta a nossa miscigenação e o "perigo" dela, ainda hoje, por incrível que pareça. Quando coloco a palavra perigo entre aspas é porque naquela época era muito difícil, ou até quase impossível, termos um casal de cores e raças diferentes; e hoje, embora pareça ser mais fácil essa união ainda existe muita gente torcendo seus narizes para tais casais. 

   Escrito isto não poderia esquecer de salientar a estupenda atuação da atriz Luana Navas: é simplesmente fenomenal, guardem o nome dessa garota; o filme esteve em festivais como o de Berlim, mas não é por sua fama internacional que devemos assisti-lo: Temos quase que a obrigação em vê-lo para, justamente, tentarmos um minimo entendermos como fomos formados social e culturalmente, e por consequência  sabermos um pouco mais do nosso estupendo país: o nosso abandonado Brasil de hoje.