Cultura

Sete a um, livro da virada, coletânea de contos com lançamento dia 5/5

Quatro anos depois, em coletânea de contos, sete brasileiros e um alemão revisitam a histórica goleada da Alemanha sobre o Brasil, na Copa do Mundo de 2014.
Elieser Cesar ,  Salvador | 30/04/2018 às 14:48
Da esquerda: Marcus Borgón, Carlos Barbosa, Elieser Cesar, Mayrant Gallo e Lima Trindade.
Foto: Marcelo Frazão

Quatro anos depois da humilhante derrota da Seleção Brasileira, por 7 a 1, diante da Alemanha, nas semifinais da Copa do Mundo de 2014, em pleno Mineirão, em Belo Horizonte, sete contistas brasileiros e um alemão entraram em campo para revisitar aquele jogo histórico. O resultado é a coletânea Sete a um, que será lançada no próximo sábado (dia 5), das 15 às 19:30, na Biblioteca do Instituto Goethe, no começo do Corredor da Vitória, em Salvador. Replay de um jogo inesquecível? Muito mais do que isso, já que cada autor reconta a partida do seu jeito, e a ficção permite distorcer e até modificar a realidade.

Pelo time do Brasil foram escalados os contistas Claudia Tajes (“A vida é um eterno descenso”), Carlos Barbosa (“Glorinha toda solta”),Elieser Cesar (“O hexa de meu pai”), Lima Trindade (“Oito de julho”), Luís Pimentel (“Gertrud”), Marcus Borgón (“O resto do mundo”) e Mayrant Gallo (“O que houve depois”). O gol de honra alemão coube ao escritor e professor de Literatura Alemão da Universidade de Leipzing, Hans-UlrichTreichel (“Foucauld, Freud, Futebol”). Treichel tem dois livros publicados no Brasil, ambos pela Companhia das Letras: O perdido (2001) e O acorde de Tristão (2002). Organizada pelos escritores Tom Correia e Lidiane Nunes, a coletânea é uma coedição da editora baiana Dália Negra e da capixaba Cousa. Ela traz ainda um ensaio sobre futebol a dramaturga alemã, Dagrun Hintze. A orelha do livro é assinada por Cláudio Lovato Filho, uma das maiores referências nacionais em literatura sobre futebol.  A capa de Sete a um é do artista plástico carioca Marcelo Frazão, e a versão dos textos do alemão para o português, de Erlon José Paschoal, tradutor de grandes escritores germânicos, como Goethe, Brecht e Holderlin.

Segundo os editores, “a ideia de trazer para o livro o placar invertido foi, desde o início, a essência vital: sete brasileiros dariam, através de um conto, a sua versão pessoal daquele evento fatídico, cabendo a um só escritor alemão a chance do gol de honra”. Nisso, acrescentam, “estava a ironia, a brincadeira: a derrota em campo se converteria numa vitória literária, para os dois países”.

“VERVE CONTUNDENTE”

Já a comissão técnica formada por Tom Correia e Lidiane Nunes destaca que “a coletânea de contos traz autoras e autores de verve tão contundente quanto as sete mil lanças que trucidaram o coração do Brasil, naquele 8 de julho de 2014”. Os dois organizadores da coletânea ressaltam ainda: “Logo na abertura, Hans-UlrichTreichel nos recebe com uma declaração de amor germânica ao futebol e Claudia Tajes escancara o sistema deletério ao redor de um jovem jogador de carreira promissora. Em seguida, Carlos Barbosa nos traz as memórias em torno de uma personagem sempre livre pelo mundo e Elieser Cesar nos revela a mentira como último recurso diante do irremediável; enquanto Mayrant Gallo nos conduz a uma distopia sobre o que restou dos destroços do 7×1, Luís Pimentel [escritor baiano radicado no Rio de janeiro e idealizador da coletânea] está às voltas com uma excêntrica namorada alemã no Rio de Janeiro. Por sua vez, Lima Trindade expõe um painel afetivo envolvendo um grupo de amigos e o gol melancólico de Oscar; já Marcus Borgón exibe um garçom mordaz que carrega um insuperável trauma paterno”.

Já Dagrun Hintze, “contempla o leitor comum instigante e incisivo ensaio inédito em português sobre a relação entre homens, mulheres e as nuances do ludopédio”. Eis, portanto, o time completo deste outro Sete a um. Nas arquibancadas, a torcer por uma históriae vibrar com outros lances futebolístico-literários, ficam os leitores que sabem que, como o futebol, a literatura também é capaz de fazer um gol  de placa.


COPA DE 82 JÁ HAVIA INSPIRADO CONTISTAS

O vexame do Brasil contra a Alemanha não foi o único trauma canarinho de uma Copa do Mundo a servir de tema para escritores baianos. Em 2013, às vésperas da Copa das Confederações, também no Brasil, um grupo de contistas, a maioria da Bahia, deu o pontapé inicial nesse tipo de inspiração literária que faz tabelinha com o futebol, ao lançar, em Salvador, o livro 82: Uma Copa, Quinze Histórias. Todos os contos versam sobre a épica partida Brasil 2×3 Itália, da Copa de 1982, na Espanha.

Seis escritores presentes em Sete a um também participaram daquela coletânea: Carlos Barbosa, Elieser Cesar, Lima Trindade, Luís Pimentel; Mayrant Gallo, o idealizador do projeto, e Tom Correia, organizador do novo livro, ao lado de Lidiane Nunes. A eles juntaram-se Carlos Ribeiro; Carlos Vilarinho; Dênisson Padilha Filho; Flamarion Silva; Gustavo Rios; Igor Rossoni; Lupeu Lacerda; Rodrigo Melo e Sidney Rocha.

SERVIÇO

Lançamento: Sete a um

Quando: 05 de maio, das 15 às 19:30

Onde: Biblioteca do Instituto Goethe, no começo do Corredor da Vitória, Salvador (BA).

Quanto: R$ 35,00