Cultura

Paulo André, poeta de Conceição do Jacuípe, lança A origem perdida

Tiamane Coffe, Mercês, Av Sete 1091, 18h, sábado, 28
EC , Salvador | 25/04/2018 às 09:09
A Origem Perdida
Foto:

 

Será lançado no próximo sábado (dia 28), das 14 às 18 horas, no Tiamane Coffee, na Avenida 7 de Setembro, 1019  (vizinho ao Colégio das Mercês), no centro de  Salvador, o livro A origem perdida, do poeta baiano Paulo André. A publicação é uma edição conjunta da Dália Negra Editora e  Editora Penalux. Professor de Língua e Literatura Brasileira na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), Paulo André, de 40 anos, mora no pequeno distrito de Picado, em Conceição do Jacuípe. Em 2008, em parceria com os poetas Thiago Lins e Georgio Rios, publicou a coletânea de poemas Só sobreviventes

Tanto sobreviveu às incertezas da primeira publicação que, agora, lança um livro solo. E não se trata de uma obra de iniciante, como aponta o escritor Mayrant Gallo. “Bom poeta, Paulo André escreve pouco. É provável que A origem perdida reúna toda a produção poética do autor, que, além de tudo, é econômico, conciso e direto”. Segundo Gallo, os poemas de Paulo André“cintilam, porque são, antes de qualquer outra coisa, uma comunicação imediata, sendo impossível ficar indiferente aos seus epigramas”. Como no dolorosamente nostálgico Domingo:

 

O velho quintal...

E meus país dormindo.

 

Em Calcinha, o poeta faz de  uma simples peça íntima a imagem de uma perda irreparável, como o goiano  José J. Veiga (1915-1999) no pungente conto “Roupa no coradouro”: 

 

A calcinha estendida no quintal

De uma brancura insípida

É uma calcinha de menina.

 

A calcinha de menina no quintal

Era o que restava

da menina,

Das formas da menina.

 

Em Epitáfio, Paulo André parece refletir  que não adiante lutar muito contra a fugacidade da vida:

 

E serás só isso:

Um nome gravado num livro

Que as hora, os anos

Também apagarão.

 

Ainda conforme Mayrant Gallo, “em tempos de poesia neoparnasiana ou poesia vaga, com imagens óbvias ou incongruentes, nascidas mais da incapacidade do artista do que de um real talento, a poesia de Paulo André um é  sopro de verdade”. 

 

UM POEMA DE PAULO ANDRÉ:

 

NÃO SEI SER POETA

 

Não sei ser poeta.

Às vezes, um menino travesso

Atravessa minha fala no verso.

 

Às vezes, me lembro das feras

Escondidas nas frestas do ego

Ou nos recantos da casa velha.

 

Às vezes, os mortos das fotografias

De riso irônico e vazio

Discursam sobra a eternidade vazia.

 

Às vezes, a menina no quintal

Desentranha das palavras, das coisas e dos bichos

A origem perdida.

 

E não poucas vezes é só isso.