Cultura

Bate-boca: Óleo de coco faz tanto mal quanto manteiga, p/ OTTO FREITAS

Vida de gordo tem esses sobressaltos que não nos incomodam
Otto Freitas , Salvador | 03/07/2017 às 17:07
Óleo de coco
Foto:
 

Ninguém sabe direito a origem do coqueiro, se veio da Ásia, da América do Sul ou até mesmo da Nova Zelândia. Mas hoje o coco é a cara do Brasil e seus imensos coqueirais à beira-mar. É garantido que o coqueiro dá coco, como atestou o grande  compositor Ari Barroso, autor de Aquarela do Brasil , cuja obviedade de um verso (“Esse coqueiro que dá coco/Onde eu amarro a minha rede/Nas noites claras de luar”) já rendeu muita discussão. Manga é que não poderia ser...

O coqueiral é bonito e, além de coco, é fonte de poesia. Desde que se abrasileirou, foi se integrando à cultura e aos hábitos locais, do sabão de coco para lavar roupa até a culinária. O fruto é quase onipresente na comida brasileira, desde os doces e bolos portugueses até os pratos de influência africana. Quem não gosta de uma cocada de sobremesa, após uma bela moqueca baiana à base de dendê e leite de coco natural? 

Mas nesses tempos modernos em que todo mundo se alimenta, mas ninguém come comida de verdade, os nutricionistas passaram a se ocupar com as propriedades funcionais e medicinais do coco. De repente, não mais que de repente, seu óleo tornou-se o queridinho das dietas, cultuado por 11 entre 10 estrelas dos programas de culinária natureba na TV.

Até que a Associação Americana do Coração afirmou, em estudo que acaba de divulgar: o óleo de coco faz tanto mal à saúde quanto a manteiga e a gordura da carne. Segundo a pesquisa da principal organização sobre saúde cardiovascular dos Estados Unidos, os malefícios estão relacionados à alta taxa de gorduras saturadas na sua composição. 

Assim como os derivados do leite, a gordura animal e outras gorduras saturadas, o consumo do óleo de coco provoca um aumento das lipoproteínas de baixa densidade, ou LDL, conhecidas por fixar o colesterol nas artérias, aumentando o risco de doenças cardíacas.

O anúncio da Associação Americana do Coração rendeu o maior bate-boca entre cientistas, pesquisadores, nutricionistas e afins. Enquanto alguns especialistas defendem, outros condenam, e há os que identificam prós e contras no bendito alimento. 

A associação continua recomendando que as gorduras saturadas (laticínios, animais, óleo de coco e azeite de dendê, entre outras) sejam substituídas por gorduras mono ou poli-insaturadas, encontradas sobretudo em óleos vegetais, como o azeite de oliva e os óleos de milho, canola, girassol e soja.

Enquanto eles não chegam a uma conclusão - se é que isso acontecerá algum dia -, Jeffinho segue comendo sua indispensável manteiguinha no pão, no ovo frito, no arroz, nos biscoitos e onde mais couber. De leve, como diria Ibrahim Sued, um famoso colunista social brasileiro do século passado.