Cultura

IPAC inicia hoje (11) elaboração do dossiê sobre o ‘Zabiapunga’

Uma das mais ricas manifestações culturais da Bahia
Ascom IPAC , Salvador | 11/01/2016 às 13:15
Zabiapunga em ação
Foto: IPAC
A manifestação ‘Zabiapunga’ que ocorre no Baixo Sul baiano – municípios de Cairu, Nilo Peçanha, Taperoá e Valença – pode ser o próximo Patrimônio Cultural Imaterial da Bahia. Equipe de especialistas  do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (IPAC) da Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA), iniciam a partir de hoje (11) a elaboração de um dossiê que fundamentará a possibilidade de registro como Bem Cultural Intangível. O trabalho ocorreu através
 de um termo de cooperação técnica com o Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Baixo Sul (IDES).

De acordo com o diretor geral do IPAC, João Carlos de Oliveira, o ‘Zabiapunga’ é um cortejo de mascarados com roupas coloridas de retalhos de panos e papeis de seda, que saem às ruas na madrugada do  dia 1º de novembro, véspera do Dia de Finados. “Em geral, eles dançam e acordam a população ao som de instrumentos de percussão, como tambores, cuícas e búzios gigantes e até enxadas”, relata João Carlos. Em dezembro passado a equipe multidisciplinar do IPAC  esteve nesses municípios para fazer levantamento de características e marcos históricos do ‘Zabiapunga’, com gravações de vídeos, produção de fotos e entrevistas com fontes locais.

DOSSIÊ

A partir de hoje (11) os técnicos iniciam a redação do dossiê, que irá comprovar a importância do bem cultural para justificar o título de Patrimônio Imaterial da Bahia. “Depois de pronto,  o dossiê é encaminhado ao secretário de Cultura e ao Conselho de Cultura (CEC,  www.conselhodecultura.ba.gov.br) e, por fim, é apresentado ao governador que  decide se o bem cultural será protegido oficialmente pelo Estado através de decreto”, explica João Carlos.

“Começamos o ano com muito entusiasmo com o apoio técnico do IPAC. A visita foi muito importante no processo de patrimonialização do ‘Zabiapunga’”, comemora a diretora do IDES, Liliana Leite. Segundo ela, ao valorizar
 os patrimônios são ativadas funções econômicas e sociais, mantendo dinâmica econômica mais fortalecida. “O IPAC é uma instituição de grande valor na preservação do patrimônio. Com esse trabalho, a cultura do município e as comunidades locais são fortalecidas”, diz Liliana.

MESTRES

Participaram das visitas ao Baixo Sul, os técnicos da gerência de Patrimônio Imaterial (Geima) do IPAC, Nívea dos Santos, Adriana Cerqueira e Roberto Pellegrino. Foram visitados  os municípios de Cairu, Nilo Peçanha e as comunidades Cajaíba e Atracadouro Bom Jardim em Valença. “Tivemos a participação dos agentes do IDES, Edna Xavier, Liliana Leite, Camila Neves e Aline Reis”, diz o gerente da Geima/IPAC, Roberto Pellegrino. Na visita
 foram entrevistados os mestres, estudiosos e detentores de saberes sobre da manifestação ‘Zabiapunga’.


Segundo estudiosos, a palavra ‘Zabiapunga’ viria de Zamiapombo, Nzambi Mpungu, Zambi e Nzambi, que seria equivalente nos candomblés da nação bantu, ao deus Olorum do candomblé Ketu, e seria sincretizado
 no catolicismo ao Senhor do Bonfim. Os bantus são originários de Angola e Congo, na África. No Baixo Sul baiano a tradição é marcada pelo uso de adereços alegóricos: trajes de roupas coloridas papéis de seda e pinturas faciais. Nos períodos de festejo dos  municípios, um grupo de homens utilizando búzios gigantes e enxadas tocadas como instrumentos de percussão se espalham pelas ruas durante a madrugada, acordando a população em ritmo de celebração.