Cultura

Patrulhamento a Nanda mostra como ainda somos caretas, diz Tony Góes

Nanda Costa, capa da "Playboy" de agosto, chegou ao segundo lugar dos "trending topics" do Twitter por causa do visual fora de moda que exibe nas fotos tiradas em Cuba.
Tony Góes , SP | 15/08/2013 às 10:24
Nanda Costa no lançamento da Playboy, em SP
Foto: Playboy
A atriz posou literalmente "au naturel", sem nenhum tipo de depilação nas partes íntimas. Foi um choque. Não estávamos acostumados a ver mulheres em, digamos, estado bruto. Aliás, não estávamos nem acostumados a ver nu frontal nas revistas: ele havia sido liberado pela censura poucos anos antes, embalado pelos ventos da abertura política.

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Claudia foi chamada de "mata atlântica", "floresta amazônica" e mais uma infinidade de apelidos ecológicos. O episódio colou em sua imagem até hoje. E ela, de certa forma, capitulou. Ao posar novamente para a "Playboy" em 2008, exibindo uma forma espetacular aos 45 anos de idade, Claudia estava depilada.

Celeuma parecida causou o ensaio de Vera Fischer na mesma revista, em 2000. Os pelos pubianos da atriz eram tão longos que desciam até a altura das coxas.

E como esquecer de um escândalo equivalente, porém pela razão oposta? Estou falando da célebre foto de Adriane Galisteu em 1995, onde ela aparece raspando o púbis com uma lâmina de barbear.

Parece incrível que uma controvérsia semelhante aconteça tantos anos depois. Nanda Costa, capa da "Playboy" de agosto, chegou ao segundo lugar dos "trending topics" do Twitter por causa do visual fora de moda que exibe nas fotos tiradas em Cuba.

Nanda é adepta da chamada "virilha cavada", que apenas retira o excesso de pelos e deixa o contorno da região íntima ligeiramente mais definido. Um tipo de depilação que, segundo especialistas, é o favorito das mulheres de meia-idade.

As mais jovens aderiram em massa à "virilha íntima", mais conhecida como "bigodinho de Hitler". Foi com ele que Antonia Fontenelle apareceu na "Playboy" do mês passado. E foi ele que se popularizou nos Estados Unidos com o patriótico nome de "Brazilian Wax" (cera brasileira).

O curioso é que o estilo adotado por Nanda Costa é muito mais "desmatado" que o de Claudia Ohana 28 anos atrás (que, aliás, não adotava estilo algum). Mais curioso ainda é perceber o quanto encaretamos ao longo desse tempo.

Cair de pau numa mulher que está (só um pouco) fora do padrão vigente é de uma tacanhice sem par. Claro que a internet ajuda a amplificar a repercussão do caso. Uns quinze anos atrás, essa história talvez passasse batida.

Também deve ser porque estamos mesmo vivendo tempos mais moralistas. Nanda aparece nas fotos como uma mulher adulta, sexualizada, "para valer". Não tem nada a ver com as raspadinhas, cujos púbis angelicais remetem a uma inocência que, obviamente, não está mais lá.

No frigir dos ovos, essa polêmica é boa tanto para Nanda como para a revista (que está sob nova direção e voltando a vender bem). Tomara que também sirva para sermos menos patrulhadores da genitália alheia. Chega de pentelhação