Considerado um dos maiores cantores e compositores da Música Popular Brasileira, Caetano Veloso completa nesta terça-feira (07), 70 anos de idade. Criativo e muito talentoso, o cantor coleciona não somente canções de sucesso e relevância na produção musical do país, mas também boas amizades ao longo da vida.
Alguns deles lembram momentos inesquecíveis de sua trajetória. Veja o que Dona Canô e Maria Bethânia, mãe e irmã do artista, respectivamente, dizem sobre ele. Confira também, o depoimento emocionado da atriz Camila Pitanga, sobre a importância da música de Caetano na sua vida.
"Eu não sei falar inglês e naquela época muito menos. Mas aquela música, Jasper, eu não sei se é só sua ou se é uma parceria com alguém. Mas eu nem sabia falar inglês e cantava aquela música, a primeira música em inglês que eu falei na minha vida foi essa. É porque talvez eu tenha memória daquela infância, daquele meu primeiro contato com a música. E eu ouvia e dançava, sempre tive essa coisa de improvisar em casa. São ‘Caetanos' que se apresentam no repertório dele. Existe o Caetano que canta standards americanos e que canta Nirvana, e que faz uma homenagem a Julieta Massina, e que fala da vida, da maneira mais idílica possível ou que fala da maneira mais contundente e política possível, que canta com Roberto Carlos e louva Roberto Carlos.
Eu acho que a beleza dessa plasticidade do Caetano é que é ouro também, que faz a gente ficar na expectativa do que vem por aí. Eu, pelo menos, sempre fico na expectativa de saber que volta ele vai dar na gente, que nova maneira de pensar o mundo ele vai manifestar. Eu acho você muito mais jovem do que eu, sinceramente falando. E eu acho que a sua jovialidade, essa sua característica de se reinventar a cada trabalho, a cada tempo, de se repensar, de mudar de ideia ou de ir fundo em uma ideia, é uma inspiração que a gente tem mais é que agradecer. Sentimento de gratidão, por tudo que você já trouxe de beleza e potência na vida". Camila Pitanga.
"Cantando? Ele cantou com a idade de 7 anos aqui no teatro que tinha aqui no ginásio. Cantou, cantava muito e ele aprendia tudo. Negócios de música, ele não queria nem saber. Ela já ouvia e estava aprendendo. E ele tocava piano porque os outros aprenderam, ele foi o que mais demorou. Ele cantava e acompanhava a Nicinha, minha filha que Nossa Senhora achou que ela devia ir e levou. Largava tudo, ia para o piano tocar e cantar. Ele só estudava uma vez. Acabou, não tem mais estudo. Aprendia aquilo que tinha de saber para responder e pronto".
Como foi aquele tempo que ele passou no exílio,
Dona Canô? Mas a senhora, como ficou enquanto estava lá?
"Eu não sei por que não fui. Enquanto ele estava lá, eu fiquei resignada, porque eu não podia fazer nada. A polícia era contra tudo, então, ele era uma pessoa isolada. Não tinha quem fizesse nada por ele. O pai alcançou, mas não foi.
Foi Rodrigo, o filho mais velho, chegou: ‘Vou ver Caetano'. Foi e voltou e disse: ‘Minha mãe, ele está bem. Só que ele tem que ficar sozinho'. É melhor sozinho do que acompanhado, deixei ele. Depois mudou de posição, saiu de um e foi para outro. Foi uma verdadeira odisséia. Para mim, até hoje, não me esqueço de quando Dona Vani chegou para mim e disse: ‘Caetano está preso'. Não sei o que senti. Eu falava: ‘Zé, o que eu vou fazer?'. ‘Deixa ele, ele está tomando o que merece. Ele não está fazendo graça? Agora ele não faz'. Ele preso, por quê? Ele agora disse: ‘Não tem motivo', então, como é que ele vai preso? Até o general procurou saber de Caetano. Como o general ficava no palácio, e não sabia porque Caetano tinha sido preso. Nem tinha recebido queixa nenhuma e prenderam ele. Disse: ‘quisera eu saber por que'. Gil também foi preso, na época os dois. Mas ele suportou tudo, porque ele tinha uma natureza muito boa". Dona Canô.