Já tomastes um soco no estômago?
Pois então é esta a sensação ao assistir a Incêndios, do Denis Villeneuve. Com Lubna Azabal, Mélissa Désormeaux-Poulin. Canadá/ 2010.
O Filme mexe com tudo e mais um pouco: de religião a política, imigração, poder, verdades, mentiras, enfim com a existência humana.
Um baita filme, daqueles que se saí do cinema com asia, de tão ácido que o é, mas sensacional.
Com a intricada equação de que um mais um é igual a um, o roteiro viaja em 1970 ao Oriente Médio, metido em todas as circunstâncias que se estabelecem naquele período daquele lugar, e se desenrola no Canadá aos dias de hoje.
Incêndios está em sua nona semana em cartaz, e antes, na primeira semana, indaguei a um amigo cinéfilo para comentar a película. Ele pronta e secamente rebateu: "Vá assistir e logo debateremos". Faltou argumentos pra ele falar da porrada que tinha visto, se limitando a dizer que era um filme em relação aos problemas do Oriente Médio.
Ledo engano desse conhecido, pois fala mais do que problemas religiosos da região, mas sim de indagações existenciais, e se quiser me estender um pouco mais, diria até em carma. Mas a frase que ele usou pra mim, uso pra você que lê isto também: "Vá e assista, porque vale muito". Um dos melhores.
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Durante a década de 70 do século passado, a economia francesa passava por um crescimento de 33% das suas indústrias. O filme Potiche, a esposa troféu passa-se nessa época.
A película conta a estória de uma indústria do ramo de guarda-chuvas que tem um carrasco como mandatário supremo e autoritário perante os seus colaboradores. Até que um dia cria-se um motim de seus "empregados-escravos" para seqüestrá-lo a fim de conseguir melhores condições trabalhistas.
Com a falta de direção na indústria, entra em cena a protagonista da estória, a esposa traída e maltratada (Catherine Deneuve), mas que já tinha em sua juventude traído muito também e feito a suas traquinagens: a própria esposa troféu, que antes só servia pra cuidar da casa e dos filhos, e agora se revela uma grande empresária resolvendo os problemas da empresa de seu marido e seus funcionários com bastante elegância e maestria.
Não contente, e até de certo modo achando entediante, ela acaba desistindo dos negócios corporativos e se envereda na política contra um antigo affair da sua jovialidade: o atual prefeito (interpretado por Gérard Depardieu), e o derrota nas eleições com o seu carisma e com o slogan da mulher sair de casa e fazer parte dos negócios e da política.
Filme instigante, pois de certa forma acaba "explicando" as futuras mulheres no poder: como a atual mandatária da Alemanha e mais atualmente a nova diretora do FMI, sem falar da nossa Dilma no Brasil, dentre outras.
Uma comédia muito interessante de pulso politizado e inteligente mostrando as mudanças da França e do mundo de 1977 até os dias atuais. A busca da mulher pelo seu espaço, pela sua liberdade de expressão e direitos iguais perante aos homens, mostrando a reviravolta dos valores que o mundo teve desde então.