Cultura

A PEÇA “O MELHOR DO HOMEM” ESTREIA EM SALVADOR

Veja
| 11/05/2010 às 14:55
Premiado espetáculo tem cenas de nudismo
Foto: Duda Woyda e Gláucio Machado
“Cada homem traz dentro de si sua tragédia sexual”, afirma o diretor Djalma Thürler. E é nesse clima provocador, que a Cia Ateliê Voador - agora radicada em Salvador - apresenta pela primeira vez na capital baiana, o seu mais novo espetáculo: O Melhor do Homem, encenado pelos atores cariocas Duda Woyda e Gláucio Machado, que encarnam as personagens Dean e Skyler. A estreia acontece no dia 27 de maio, no Teatro Martim Gonçalves, situado na Escola de Teatro da UFBA, no Canela; e fica em cartaz até 13 de junho, de quinta a domingo, sempre às 20h. A peça foi premiada pelo edital de montagem teatral Myriam Muniz do Fundo Nacional das Artes (Funarte) e expõe o início de uma nova pesquisa de Djalma sobre a identidade masculina.



“Man at his Best chegou às minhas mãos por causa dos meus estudos de Pós-Doutorado e serviria como mais uma peça a ser lida e discutida, mas, muito rápido percebi que era ali que queria navegar, nessa, que foi a primeira gay-play brasileira quando estreou em 1995”, conta o diretor, que também é ator e professor do IHAC - Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos (UFBA).



O Melhor do Homem



O Melhor do Homem se passa em Manhattan, nos Estados Unidos, e fala da relação marginal, sexual, fascinante e excitante entre dois homens ex-presidiários. Apesar de se tratar de duas personagens que vivem um jogo homo-erótico, o diretor destaca que não se trata de homens afeminados, aspecto necessário para “discutir a construção de identidades”, diz o diretor.



Por esta abordagem, a peça pode ser comparada à novela de Annie Proulx, O Segredo de Brokeback Mountain, que é muito mais agressiva e violenta que o filme de Ang Lee. O Melhor do Homem também volta seus olhos para os losers da sociedade americana, para as margens – espaço possível para transgressões e errâncias. “É um duo outsider de corpos marcados pela masculinidade nos moldes hegemônicos e aborda as fragmentações pelas quais a sociedade pós-moderna e, especificamente, o individuo passa nesses últimos 30 anos”. Dean e Skyler instigam a sociedade a compreender a sexualidade como fenômeno cultural e histórico.



Texto Original



O texto original foi escrito pela norte-americana Carlota Zimmerman, na época, com apenas 17 anos, e foi encenado por um grupo de jovens dramaturgos em Nova Iorque, obtendo grande sucesso de público e crítica. O espetáculo fala do amor passional e simbiótico, relação esta que, “como qualquer outra”, traz em si os germes da violência, do medo, da posse e da sujeição.



Elenco



O centro da peça são as personagens e, para que isso ocorresse, era necessária a presença forte de bons atores. Um deles é Duda Woyda, que veio do Rio de Janeiro. O outro é o professor da Escola de Teatro da UFBA, Gláucio Machado, também carioca, mas que mora em Salvador há oito anos. Os dois intérpretes já foram dirigidos por Djalma e foram escolhidos devido ao reconhecimento do excelente trabalho artístico deles.



Cenário



O cenário é assinado por ninguém menos que José Dias, um dos mais respeitados cenógrafos da TV e do teatro no Brasil. Dias é um parceiro antigo de Thürler. “Dias é um mestre, um professor e é um privilégio poder fazer esse trabalho com um dos maiores cenógrafos do país, vai ser legal pra todo mundo”, garante.