Uma obra de arte pode ser somente mais um elemento a fazer parte da decoração de uma casa?
É o que geralmente ocorre com quem segue modismos e, na maioria das vezes, assessorados por pessoas que determinam um estilo e uma cor que predomine em todo o ambiente. A obra de arte terá que combinar com peças de última geração, como o sofá ou o tapete.
Isso se aplica tanto a uma obra considerada de boa qualidade, cujo valor de mercado atinge altas cifras, como para outras sem valor estético ou poético. O que importa é que atenda ao padrão exigido pela moda.
Na história vemos que cada época é regida por estilos e por um padrão de beleza específico. Percebemos isso através das roupas, do corpo feminino, da arte, móveis, entre outros.
Para ilustrar bem o que estou comentando, vou falar sobre um convite que recebi de uma amiga: ir à sua casa para indicar que tipo de obra de arte ela poderia adquirir para decorar a sua sala de estar. Também tinha a recomendação de uma pessoa, de que o trabalho não tivesse em sua composição a cor azul.
Fiquei intrigada com essa observação.
Primeiro: uma obra de arte não tem que combinar com outras coisas. O seu valor está em si mesma, ela agrega diversos fatores que a conduzem ao seu status. Não há fórmula ou regra para estes valores.
Segundo: a sala em questão, era totalmente neutra, sem cores, onde caberia qualquer uma. Será que ela não gosta do azul? É provável.
Claro que a arte deve estar presente em qualquer espaço, seja ele residencial, comercial ou nas ruas. Nada contra. Ao contrário, a presença de um objeto de arte só torna o ambiente mais humano e atesta o grau de sensibilidade do proprietário que se preocupa em embelezar o seu local de convívio, além de propiciar ao visitante o prazer da contemplação.
Quantas vezes a gente se depara com bons trabalhos de arte num ambiente, como num consultório médico, numa empresa e até no serviço público. Aliás o Centro Administrativo da Bahia (CAB) é um ótimo exemplo do que estou falando. Em todas as Secretarias do Estado existem painéis e murais de artistas consagrados baianos como Floriano Teixeira, Caribé, Calazans Neto, Juarez Paraíso, entre outros.
Pois bem, acredito que a intuição e a emoção devem prevalecer durante a escolha de qualquer coisa que queremos ter em casa, seja um objeto, um móvel ou uma obra de arte. O que importa é o primeiro impacto que temos ao encontrar o novo em nosso caminho. Assim como as pessoas que simpatizamos ou não no primeiro encontro. É a lei da atração e da retração.
Os atributos visuais de uma obra de arte é que precisam combinar com você. A contemplação nos inspira a identificar se somos compatíveis, se realmente queremos que ela faça parte do nosso convívio, se entendemos o seu recado, e se sentimos a alma do artista impregnada na matéria que deu a sua origem.
Independe de ela ser fruto da percepção de um artista consagrado ou de um principiante. Ela sinaliza, nos avisa quando é verdadeira e quer nos pertencer. A nossa sensibilidade e um pouco de conhecimento nos leva à melhor escolha.
Como sugestão, para quem gosta de arte, mas não entende muito, aconselho freqüentar sempre exposições, conhecer artistas, principalmente os que lhe interessa, manter contato com galeristas, curadores, críticos, e ler bons livros.
Enfim, procurar sempre estar inserido em ambientes propícios à interação com a arte, e o mais importante: não querer combinar a tão sonhada obra de arte com o chão da sua sala.