Passando ao largo deste provincianismo que até hoje resiste em alguns guetos a Idéia 3 saiu conquistando clientes e prêmios como se não existisse ninguém por perto, fazendo com que as piadas fossem substituídas por elogios e currículos aos montes enviados para seu endereço. Passados 22 anos hoje é uma agência que conquistou principalmente respeito.
Durante muito tempo não tive qualquer tipo de contato com a Idéia 3, ouvindo apenas referências aqui e ali, comentários e coisas do tipo, acompanhando entretanto o trabalho da agência colocado nas ruas e percebendo sempre a busca por um padrão de qualidade mais elevado do que o mercado estava acostumado. Em certo momento, não lembro exatamente quando, fui chamado como free lancer para escrever um ou dois cases para clientes seus indicados ao Top de Marketing. Foi a minha primeira aproximação com a Idéia 3.
Em seguida houve uma época em que a agência atendia algumas contas do Governo do Amazonas e o Departamento de Planejamento para estas contas foi instalado em Praia do Forte, mais exatamente em minha casa. Em Manaus, a equipe local recebia briefing e tarefas, encaminhava via e-mail para mim. Eu montava o raciocínio básico e a estratégia de comunicação, repassando-os simultaneamente para Salvador e Manaus. Caso aprovados, eles assim já estavam disponíveis lá e cá, para que a Criação também lá e cá, entrasse em ação. Enquanto durou o atendimento a estas contas o esquema funcionou perfeitamente.
Por isso não me surpreende quando ao comemorar 22 anos de jornada a Idéia 3 saia com uma campanha mostrando que faz mais por seus clientes. Há muito tempo ela faz isso e certamente vem daí a fórmula para atravessar duas décadas sempre entre as lideranças empresariais do mercado publicitário baiano. Hoje o conceito e filosofia de commodities vem sendo absorvido por empresas prestadoras de serviços de comunicação e propaganda, porém creio que a Idéia 3 saiu na frente, bem na frente e esta foi uma das razões para manter um ritmo contínuo de crescimento. Mas não a única.
Passada a minha experiência como unidade Praia do Forte da Idéia 3 e já morando em Salvador, tornei-me uma espécie de redator oficial para cases e concorrências. Nesta função -sempre como free lancer- tive acesso aos processos de trabalho e operações que levavam a Idéia 3 a montar um case para um cliente seu disputar um Top de Marketing, um Prêmio Ademi ou alguma outra premiação de desempenho corporativo. Com isso pude conhecer em profundidade o quanto a Idéia 3 buscava fazer mais por seus clientes. Os briefings para cada case eram uma prova concreta de que a participação da agência tinha ido muito além de fazer anúncios ou comerciais eficientes e criativos. Havia um envolvimento com o cliente a partir da raiz do problema e que permanecia intenso até a sua solução.
Quando o mercado imobiliário apertou o botão do turbo e os lançamentos começaram a surgir a cada dia, a Idéia 3 decidiu criar um núcleo imobiliário para atender melhor seus clientes. E lá fui eu de mala e cuia para a sede da agência trabalhar neste novo grupo. Deu então para perceber ao vivo, no cotidiano da equipe, que o "fazer mais" era a própria rotina e alma da agência.
Para que o núcleo imobiliário pudesse trabalhar com uma margem de erros próxima a zero, foi desenvolvida uma tecnologia própria para este mercado, que implicava na participação da agência desde a escolha do terreno até o fechamento do último contrato. Mas depois surgiram as primeiras nuvens escuras no horizonte das empreiteiras, trazidas pelos prenúncios da crise mundial que já ensaiava entrar em cena e estas retraíram seus investimentos, levando a Idéia 3 a reduzir o ritmo do núcleo imobiliário.
Como Eduardo Santos sempre acreditou que eu roubava todos os lápis personalizados da Idéia 3 e Chico Salles acha que eu trabalho com um balde de vírgulas que espalho nos meus textos e ele era obrigado a ficar retirando, aproveitou-se a oportunidade e tornaram-me então pessoa jurídica terceirizada da agência. Moacyr, se achava alguma coisa manteve seu costumeiro silencio profundo. Walmick serviu-me um expresso como consolo e limitou-se a comentar: daqui a pouco você está de volta. Na verdade nunca estive longe.
Agora a Idéia 3 coloca no ar uma campanha comemorativa dos seus 22 anos de batalha e de crescimento constantes, apresentando um posicionamento estratégico baseado no fazer mais que sempre adotou, agora assumido como um compromisso com o mercado. Eu, por mais presunçoso que possa parecer, me sinto microscopicamente parte desta história e me atrevo a usar este espaço para contar estas coisas e comentar este aniversário, o que não é exatamente meu costume fazer.
Faço não por vaidade e também por acreditar que o sucesso da Idéia 3 é a parte mais visível da história, mas não a mais importante. Faço por achar que se a Idéia 3 fez e seguirá fazendo mais por seus clientes, fez muito mais ainda pelo próprio mercado publicitário, tratando-o com uma seriedade e uma correção inéditas.
O total respeito aos profissionais, fornecedores, veículos e outros integrantes da cadeia produtiva da propaganda, seja no cumprimento das suas responsabilidades, seja na criteriosa escolha de parceiros, serviu como inspiração e modelo para que muitos buscassem caminho semelhante, moralizando o negócio da propaganda.
Acho que esta é grande contribuição da Idéia 3 ao longo destes 22 anos. Conquista de posições, de clientes, de prêmios, tudo isso merece mais que uma festa, mais que uma campanha comemorativa. Mas a idoneidade e a credibilidade que impôs como empresa, deram ao mercado publicitário da Bahia um referencial de profissionalismo que não tem data de aniversário porque passou a integrar o código cotidiano de diversas outras agências.
Ética na propaganda: na história local da nossa atividade, a enorme maioria das agências ignorou, algumas tentaram e poucas deixaram sua marca. Coube à Idéia 3 consolidar e tornar isso o seu principal fazer mais, beneficiando não só seus clientes, mas um mercado inteiro de trabalho.