Bahia

SERRINHA: Açude da Cabeça da Vaca seca e banco de areia é o que resta

Prefeitos de Serrinha e Teofilândia devem encontrar uma solução junto aos governos do Estado e/ou Federal
Tasso Franco , da redação em Salvador | 30/06/2017 às 09:47
Açude da Cabeça da Vaca, morto, só com uma língua d'água
Foto: BJÁ
   O Açude da Cabeça da Vaca, distante 12 km do centro de Serrinha e de longa história no município, secou. A seca da última temporada 2016/2017 deixou o açude apenas com uma pequena língua d'água formada agora com as chuvas de inverno, restaram dois barcos ancourados no mato e na areia, e a população da comunidade da Cabeça da Vaca deseja que haja um entendimento entre os prefeitos de Serrinha e de Teofilândia para que seja feita uma dragagem do açude e ele volte a ter vida e peixes.

   Segundo os moradores locais a questão é que a nascente do açude ou as terras donde correm as águas para o açude pertencem ao município de Teofilândia, ex-Pedra, que já distrito de Serrinha, e nem a Prefeitura de Serrinha se mexe; nem a de Teofilândia e a situação chegou a tal ponto que o açude, assoreado ao longo dos anos, secou de vez. E como ele servia de atividade econômica para parte dos moradores do povoado da Cabeça da Vaca, que pertence ao município de Serrinha, os prejuizos são enormes.

   Ademais, na região do semiárido da Bahia, a perda de um açude é crucial e nunca deveria acontecer. Água é um bem tão precioso nessa região que, qualquer aguada, tanque e/ou açude tem uma enorme validade. Está na hora, pois, dos prefeitos de Serrinha e Teofilândia sentarem-se num encontro e numa ação conjunta solicitarem ao governo do Estado e/ou governo Federal que faça a dragagem do açude, obra cara, e ele volte a ter água. Em seguida, realiza-se um peixamento e todos saem ganhando.

   Uma senhora com quem conversamos no povoado disse-nos que seu marido vivia do açude, pescava no local e sustentou toda a família dessa maneira. Hoje, idoso, mas ainda trabalhando, lembra com saudosismo das inúmeras traias que fisgou por lá e as vendeu.

  LONGA HISTÓRIA

   Nos anos /19501960 quando meu pai Bráulio Franco saia de Serrinha para ir a Fazenda Capitão, no então distrito da Pedra, passava pelas margens do açude, hoje, na BR-116 (Rio/Bahia Norte), seguia até o distrito da Pedra, tomava o caminho da Bola Verde, do Escorrego e chegava a Fazenda Capitão, distante de Serrinha, 20k. Isso a cavalo, num baio que possuia. Levava consigo nos alforjes a comida para um ou dois pernoites na fazenda. 

   Quando retornava a Serrinha tinha no povoado da Cabeça da Vaca uma parada obrigatório onde comprava duas ou três trairas negras e levava consigo nos alforjes. Era um pescado delicioso apesar da grande quantidade de espinha e isso ele procedeu durante longos anos. 

   Diga-se, muitas pessoas faziam isso. Saiam de Serrinha para comprar pescados na Cabeça da Vaca. Hoje, infelizmente, o açude desapareceu. Mas, tem como recuperar. Só depende da vontade politica e do entendimento. (TF)