SERRINHA: COMO SURGIU O BAIRRO DO CRUZEIRO E SUA HISTÓRIA

Tasso Franco
14/05/2021 às 10:05
    Em 18 de novembro de 1880, o trem chegou a Serrinha. E mudou tudo na vila. Os primeiros 123.4 km da ferrovia Salvador a Juazeiro (576 km no total) chegaram em Alagoinhas, ainda uma concessão inglesa a São Francisco Railway Company, em 1853. 

    Depois que os capitalistas ingleses abandonaram o projeto por falta de reotorno financeiro, o governo imperial de Dom Pedro II assumiu a conclusão da obra e o trem apitou, finalmente, em Juazeiro, em 1896. 

    Quando digo que o trem mudou a vida de Serrinha - cultural, econômica, social, politica, etc - aproveito para falar como surgiu o bairro do Cruzeiro, um dos mais antigos da cidade, no rastro da ferrovia. O bairro da Bomba também faz parte desse caminho da linha do trem.
  
    Hoje, no entanto, vamos falar do bairro do Cruzeiro. Estive por lá nos dias 8 e 9 de maio últimos a procura do original cruzeiro que deu nome ao bairro. 

   Havia, pelo menos até a década de 1960, um cruzeiro - construção em alvenaria de aproximadamente 2.5m x 2.5m com uma cruz encimando-a - que ficava num platô logo após a subida da rua principal depois do sitio de Sêo Nicolau e que, na atualidade, não existe mais. 

    Esse cruzeiro - que não consegui saber quem foi o construtor - se situava num campinho de bola e tudo o mais à vista da Serrinha era mato, sitios, um deles, posteriormente, de Vicente Campos.
   
   Então, como teria surgido o bairro do Cruzeiro? 
   
   Não há um registro histórico documental dos primórdios na Câmara de Vereadores. É provável que, com a construção da ferrovia, na quadra final do século XIX, alguns operários que trabalharam na obra e não foram contemplados com as casas da Leste Brasileiro, tenham se agrupado num arruamento depois da linha do trem, surgindo, assim, numa relação de compadrio e consentimento dos proprietários das terras locais - possíveis fazendolas - o bairro do Cruzeiro. 

   Meu bisavô materno, no final daquele século já habitava essa área do pós-linha (depois da linha do trem) e onde residiram, posteriormente, Cornélio Paes e familia, e Edson Paes e familia. este com um comércio no inicio da rua.
   
  Por que cargas d'água colocaram o nome de 17 de março na rua principal do bairro não saberia dizer. 

  Entrevistei várias pessoas na última visita que fiz ao bairro e nenhuma delas, mesmo as mais velhas, sabia dizer que fim levou o cruzeiro antigo e seu pedestal. O que existe, hoje, é um cruzeiro erguido na capela de São Roque, nas proximidades do antigo cruzeiro com testada para a rua principal, que segue representando o nome do bairro.
 
   Evidente que, na atualidade, tudo mudou no bairro. A rua principal desde a entrada - logo apó a linha do trem - até o final - na confluência com a rua do Fogo que dá na BA para Coité - está repleta de prédios com casas comerciais e de serviços e nos locais antes área rural  foram ocupadas por ruas transversais e longitudinais  - algunas calçadas e outras ainda no barro - numa ocupação aparentemente feita pelos moradores, pois, sequer há uma praça no local. 

   Diria que o bairro está todo ocupado beirando a linha do trem também ao lado da Caixa D'Água da Estação e no inicio da rua, onde se situava o empório de Edson Paes.
   
   Há ruas em direção a área Sul onde se situava a fazenda Vassouras e, ao menos, três ligações com a BA (Estrada do Sisal) com direção a Coité. Na área Leste ergueu-se uma construção do Minha Casa Minha Vida na direção do Maracassumé.
   
   Assim, se encontra, hoje, o bairro do Cruzeiro, um dos mais antigos de Serrinha. (TF)