Milton Cedraz
27/11/2016 às 12:26
O Interesse público é tudo o que interessa ao conjunto da sociedade. E é constituído pelo zelo e o respeito que as pessoas devem ter por tudo aquilo que é de interesse geral.
Entretanto, quem deve respeitar e zelar, ainda mais por ele, além de nós próprios, é aquele que, através do voto, colocamos no poder.
Para tanto, existe uma sistemática política-eleitoral para que se possa escolhê-los.
Infelizmente, o sistema que foi por esses nossos representantes construído, não tem se revelado suficientemente eficaz, para que se possam escolher os mais capazes.
Além das deficiências do sistema, os políticos foram transferindo as responsabilidades financeiras para o poder público e, ao mesmo tempo, criando promíscuas relações com o setor empresarial, de forma a facilitar suas eleições e seus enriquecimentos, o que, naturalmente fomentou e permitiu o escancaramento da corrupção e a perpetuação no poder, dos mais comprometidos e ladinos.
Na maioria das vezes temos escolhido personalidades deletérias que são eleitas por ardis, marketing eleitoral, troca de favores e, em especial, pela remuneração de cabos eleitorais, o que confirma ser o sistema atual, empírico e falho.
Diz-se até, propositadamente assim criado, vez que, definido inicialmente dessa forma, nunca houve interesse subsequente em aprimora-lo.
Em assim sendo, parte dos políticos, a despeito de suas posturas indesejáveis e até nefastas, aproveita para se perpetuar no poder, o que se acabou por criar os chamados “políticos profissionais”, além de terem desenvolvido um sistema oligárquico por onde infiltram suas famílias.
A maioria do distinto público, que para lá os conduzem, não se dá conta do que está acontecendo, face às dificuldades de entender o sistema.
Com base nisto e graças ao nosso modelo político-eleitoral, tem sido possível que talentosos marqueteiros consigam enganar a maioria menos esclarecida.
De fato, é difícil entender como as coisas realmente se passam vez que, parte da população reage segundo os benefícios diretos que consegue enxergar.
A constituição de 88, embora tenha criado dispositivos mais efetivos, deixou espaços por onde se infiltraram pilantras de toda natureza, para alcançarem e se manterem no poder. E, uma vez lá, mancomunaram-se com espertos, dos demais poderes, para criarem toda sorte de privilégios, para si e seus apaniguados, que envergonham e indignam a sociedade brasileira e até o resto do mundo, ombreando-nos com nações ainda primitivas em seu desenvolvimento institucional.
Assim, urge que se intensifique o movimento nacional para que se realizem emendas da constituição, de forma tal, que se possa tapar os buracos por onde se infiltram se escondem e proliferam essas ratazanas.
Claro que elas lá estarão e tentarão, de todas as formas, evitar que se aprovem medidas que atrapalhem suas sobrevivências.
Mas, agora estão tendo que se defrontar com a sociedade, a mídia investigativa e com o Ministério Público e Polícia Federal, que estão em seu encalço.
A reforma política, por exemplo, teria que começar pela extinção da obrigatoriedade do voto.
Entretanto e infelizmente, para, como consequência, evitar-se uma acentuada abstenção, ter-se-ia que criar algum atrativo afim de que o eleitor compareça às votações até que, algum dia, isso não mais seja necessário pela conscientização de que votar se constitui em exercício de cidadania.
Em seguida, extinguir de vez, o financiamento de campanha, de qualquer natureza, e o Fundo partidário.
Os partidos políticos e as campanhas teriam que sobreviver, exclusivamente dos recursos gerados pelos seus filiados, limitando-se os valores de doação a, no máximo, um salário mínimo.
Dessa forma, seria possível se eleger aqueles mais conhecidos pelas suas qualidades e reduzir a influência do poder econômico, vedando-se a candidatura de representantes de qualquer seita religiosa para que se possa manter o estado laico sem sua influência.
Dessa forma, quem se decidir ingressar na política teria que ter criatividade, ser reconhecido e fazer muito esforço para se eleger.
Não tem porque, nós cidadãos pagarmos para que alguém se candidate e que partidos políticos se organizem e sobreviva, pois que, o sistema eleitoral ideal deve ser aquele que se mantenha e funcione, de forma autossustentada!
E assim, quem quisesse fazer politica que se dedicasse a ela às suas custas e ao partido que esteja filiado e não às nossas!
Com certeza, partidos políticos e seus integrantes irão sobreviver, porém, constituídos por aqueles que queiram ou achem importante participar e tão somente fazê-lo por interesse público e não pelos seus mais mesquinhos interesses.
Assim, veríamos como os corruptos e corruptores poderiam sobreviver nesse novo contexto!
E tem mais, uma vez no poder, jamais poderiam legislar em causa própria. Nem eles e nenhum outro integrante dos demais poderes. Teriam, pois, que se aterem, aos ditames de uma nova constituição, a partir de outra PEC dedicada ao assunto.
Dessa nova PEC deveriam constar parâmetros e rígidos critérios para a criação de cargos comissionados e o estabelecimento das remunerações, das aposentadorias e dos reajustamentos, dos integrantes dos três poderes e do funcionalismo público em geral.
Também deveria constar que, nenhum integrante dos três poderes poderia atribuir a si ou a terceiros qualquer tipo de privilégio, e que aqueles já existentes, sejam quais forem, estariam, imediatamente extintos. Entendendo-se como privilégio qualquer medida diferenciada à dos demais funcionários públicos.
Por fim, entre outros dispositivos que deveriam aprimorar o sistema político, seria coibir a “oligarquirização”, mediante medidas que alcançasse, no mínimo, restrição ao primeiro e segundo grau de parentesco.
Somente assim poderíamos alcançar a justiça política e social e arrefecer a indignação nacional diante da farra com o nosso suado dinheirinho que o governo, tão sofregamente nos retira, através de uma das maiores cargas tributárias do mundo!