Jucinei Martins
06/03/2013 às 12:09
É com muita tristeza que vejo prédios de valor histórico e cultural continuarem sem aproveitamento nenhum que dê mais ênfase à nossa história.
Estou me reportando dessa feita ao prédio da extinta FRANAVE, na orla fluvial de Juazeiro. Tenho amigos como Vera Andrade, Marilúcia Medrado, entre outros, que se dizem, como a maioria dos juazeirenses, indignados com os destinos dados aos prédios antigos de Juazeiro. Ai citam o prédio da antiga SUCAM, na orla, que foi demolido para abrigar um simples estacionamento de banco; o prédio que ficava situado na praça da Misericórdia, que foi demolido no meio da madrugada, às pressas e às escondidas, no dia que foi aprovada lei que protegia esses antigos prédios; e no local surgiu um prédio que abriga apartamentos e uma loja de produtos musicais e, entre outros, o prédio da orla que hoje abriga um hotel, com um bar no pavimento inferior e que era referência na nossa cidade.
Vera Andrade sonha com a utilização do galpão abandonado da FRANAVE para a instalação de um grande espaço de fabricação de artesanatos de todos os segmentos (armazém do artesanato) e várias lojas desses e de outros produtos; já Marilúcia Medrado gostaria de ver aquele espaço preenchido com as sedes de várias entidades de classe, como sindicatos e outras organizações populares, que poderiam ficar concentradas num só lugar.
Mais não acredito que os galpões venham um dia a ser ocupados por projetos populares. Nem o prefeito Misael conseguiu concluir o centro gastronômico que queria fazer ali. Com a derrota do ex-governador Paulo Souto, o município não tinha recursos próprios para dar continuidade à obra. Mas eu também não era fã daquele projeto, porque os restaurantes seriam construídos e passados para grandes empresários do ramo de alimentação colocarem filiais de seus restaurantes.
Já o prefeito Isaac, que também queria dar continuidade ao projeto do centro gastronômico nos galpões, incrementando com outras coisas, inclusive lojas de artesanato, até agora não conseguiu e somos agora surpreendidos com uma placa, anunciando que o local será usado para abrigar a Justiça Federal. Mesmo o prédio sendo da União, acho que poderia ser usado de forma melhor.
Onde está guardado o acervo material da FRANAVE? Nunca construíram o Museu da Navegação do Rio São Francisco, que poderia ser viável para o local e que os antigos funcionários daquela Companhia e a população sonham um dia ver o patrimônio da FRANAVE abrigado num memorial para visitação pública.
Porque não usam aquele prédio em algo que valorize a cultura popular? Será que só damos valor aos grandes?
Cadê nosso Centro de Convenções? Aquele espaço poderia ser reaproveitado. Acho que uma releitura dos patrimônios tombados de nossa cidade é urgente e necessária.
A Justiça Federal encherá aquele prédio de vidraças, ar condicionados aparecendo nas paredes por todos os lados e tudo mais que se espera encontrar na arquitetura moderna. E isso tudo que acontece em Juazeiro é uma lástima!