Foto: ILS |
Catarina e Diogo Álvares, o Caramuru, e os primórdios de construção da igreja da Graça |
Cinco séculos se passaram do dia em que veio ao mundo a Índia deste Brasil, Catarina Paraguaçu, filha de um principal tupinambá, que no penúltimo dia do ano de 1528, em Saint Malo, na Bretanha (França), recebera as águas lustrais do batismo, tomando o nome cristão de Katherine du Brésil, e recebendo como esposo o lendário Diogo Álvares Caramuru, como lembra Pedro Calmon, "a mais antiga figura feminina da história do Brasil", esposa que foi de Diogo Álvares Caramuru, "deste Adão de Massapé", como celebrou Gregório de Matos.
Assim registrou o Arquiabade do Mosteiro de São Bento da Bahia, Dom Emanuel d'Able do Amaral: "Uma cultura machista impede que os brasileiros conheçam um pouco mais sobre a vida de Catarina Paraguaçu. Se olharmos a história do Brasil, é ela quem dá origem ao nosso povo. Catarina foi uma presença marcante, um paradigma para todas as mulheres por sua iniciativa, sua obra e sua vida. Por muitos anos, entretanto, a princesa índia, que viveu até 26 de janeiro de 1589 tinha seu santuário visitado pelos governadores-gerais e nobres da época".
DIOGO ÁLVARES CARAMURU
Um português, "homem nobre da Vila de Viana do Minho" (c.1475), viveu em Viana da Foz do Lima, hoje Viana do Castelo, de onde partiu para o Novo Mundo, naufragando em 1509, na costa da Bahia, hoje bairro do Rio Vermelho, quando muitos de seus companheiros foram mortos pelos índios Tupinambás.
Conseguindo sobreviver fundou o primeiro núcleo contínuo, do colonizador europeu, onde hoje é o alto da Graça, na Cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos. Sua povoação denominou-a Vila Velha, onde se estabeleceram, além de Caramuru e sua família, outros de além-mar, alguns dos quais se casaram com filhos do próprio Caramuru, fidalgo da Casa Real de D. João III, em virtude de vários serviços prestados em benefício da Colônia.
A ERMIDA DA GRAÇA
No local da atual Igreja de Nossa Senhora da Graça, da Bahia, foi construída a Ermida da Graça, por volta de 1530, por Diogo e Catarina Álvares Caramuru, um dos templos pioneiros do cristianismo no Novo Mundo, primeiro santuário mariano do Brasil, doado em 1586, juntamente com as terras adjacentes, por Paraguaçu, aos monges de São Bento.
A 29 de março de 1549, na Vila do Pereira, ao lado do morro de Santo Antônio, desembarcaram Tomé de Souza, primeiro governador-geral do Brasil, e o Padre Manoel da Nóbrega, com seus companheiros e fundadores da Cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos, dentre eles Garcia D'Avila, sendo recebidos por Diogo e Catarina Álvares Caramuru e os tupinambás.
Subindo a encosta ali encontraram a primitiva Ermida da Graça e a povoação de Caramuru e Paraguaçu - Vila Velha -, onde acamparam; e ao terceiro dia celebrou Nóbrega a primeira festa religiosa da comitiva oficial.
O FIM
Morreu Diogo Álvares em 1557, sendo enterrado no Mosteiro de Jesus e Paraguaçu, a 26 de janeiro de 1589 estando seus restos mortais, segundo sua vontade, no solo, em local fronteiro à capela-mor de sua Ermida da Graça, sob uma pequena pedra mármore. E, uma grande lápide, ostentando o Brasão de Armas da Casa da Torre, foi colocada em 1797, na parede à direita junto ao altar de São José, onde a vemos com a seguinte inscrição: "Sepultura de Catarina Álvares Caramuru, que foi desta Capitania da Bahia, a qual ela e seu marido, Diogo Álvares, natural de Vianna deram aos Senhores Reis de Portugal. Edificou esta Capela de Nossa Senhora da Graça e deu com as terras anexas ao Patriarca de São Bento, em o ano de 1582". (1586)
HOMENAGEM
O Primeiro Congresso de História da Bahia, comemorando 400 anos da fundação da cidade do Salvador, reunido em 1949, pelo Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, fez colocar, na fachada da Igreja da Graça, uma significativa placa de mármore, numa comovedora homenagem à família brasileira, que naquele local, e à sombra daquele templo se criou:
"O 1o CONGRESSO DE HISTÓRIA DA BAHIA
TRIBUTA A GRATIDÃO NACIONAL
A DIOGO E CATARINA ÁLVARES CARAMURU
PRIMEIRO CASAL CRISTÃO DESTA TERRA
ONDE O MILAGRE DO SEU AMOR FLORESCEU
NA CIVILIZAÇÃO - QUE ASSIM COMEÇOU -
E NA CIDADE QUE O IMORTALIZA
1549 - MARÇO - 1949"
CINCO SÉCULOS DA PRESENÇA DE CATARINA PARAGUAÇU, p CHRISTOVÃO DE ÁVILA