O papel da PM junto aos cidadãos mesmo diante de uma greve tem que inspirar segurança
A policia baiana é um poema indecifrável. ACM não decifrava. Utilizava seus métodos pessoais despóticos e atendia as crises reivindicatórias da Policia ao seu alvedrio. Muita coisa ficou debaixo do tapete. Formaram-se comandos paralelos e relações com o crime organizado.
O governador atual se esforça em republicanizar a segurança pública. No entanto, o conluio da mídia com setores da policia ridicularizam, agridem e executam, sem julgamento, dezenas de pessoas todos os dias.
A greve de 2001 teve um perfil político e ideológico. Esta também tem. Muitos estão postando apelos na rede social, esperando que a mão forte do governador e do poder judiciário decidam sobre a justeza ou não da greve. Visão simplista do caso.
Alguns já demonizam e outros martirizam o presidente de umas das Associações de Policiais, soldado Prisco. Ora, todos sabem que não se trata de Prisco. Parte expressiva das reivindicações da categoria policial é justa e defensável.
Sou de uma época que por muito menos faríamos greve por melhores condições de vida e de trabalho. Não podemos esconder as lacunas e as fragilidades que a policia baiana tem há décadas.
Tem muita coisa a ser aproveitada em relação a este episódio, inclusive de natureza política e trabalhista.
As ações dos policiais que usam do medo e do terror para realizarem suas reivindicações de classe não podem encontrar apoio público. O policial precisa dar uma lição para a população e, mostrar, que até mesmo, quando paralisa suas atividades, inspira segurança para a população.
É bem verdade que algo precisa ser ajustado no Programa Pacto pela Vida que prevê recursos a serem utilizados em melhores condições de vida e de trabalho dos policiais. Baboseiras como aquela em que se aplicou dinheiro público com artistas e personalidades em outdoors deveriam ser evitadas.
A inteligência policial tem realizado iniciativas consideráveis. Muita coisa mudou no cenário do crime na Bahia. Estamos todos surpresos com a ascensão do crime na Bahia.
O que incomoda é a surpresa da greve. Todos estão atônitos e sem saber o que fazer. A chegada repentina de forças federais, a necessária decretação da ilegalidade da greve. Até parece um caso fortuito.
Vale acentuar que, nos últimos anos, houve um esvaziamento e perda de lideranças na categoria policial de inclinação governista. Ora, Prisco é produto dessa nova realidade, onde as questões de segurança pública viraram palco de disputa politica.
O pano de fundo é a crescente ascensão da era Wagner na Bahia. A eleição de prefeitos e vereadores, nisso a oposição tem interesse. A greve é apenas um espetáculo, trágico espetáculo!