DEPOIS DO SURTO DA DENGUE VEM O PIOR

Eduardo Leite
21/03/2009 às 18:19
Foto: BJá
Médico Eduardo Leite no lançamento do seu último livro em Salvador
As ações do poder público sempre são desempenhadas com mais rigor depois que os meios de comunicação aliam-se ao clamor dos atingidos pelas tragédias, desde enchentes, incêndios e epidemias.

Com a AIDS, doença que acomete a todos os segmentos sociais e por ter representantes famosos no meio artístico e da dita ´´elite social``, criou-se, um dos maiores programas de tratamento gratuito à AIDS do mundo. Orgulho nacional, cantado em proza e versos por seus idealizadores.
 
Bilhões de reais são gastos a cada ano em tratamento, campanhas de prevenção, distribuição de preservativo e, agora, de lubrificante para prevenir estes frágeis preservativos.

Alguma coisa não deve estar funcionando bem, pois as estatísticas revelam um significativo aumento nos novos casos de AIDS. Sem falar na sub-notificação e de que o nosso sistema de saúde é cada vez mais caótico.

Mas em relação à Dengue, temos que chamar a atenção sobre o que de pior acontece depois desses surtos.

Como somos campeões em automedicação e os nossos postos de saúde andam superlotados, muitas pessoas se auto medicam com antiinflamatórios, tipo diclofenaco (cataflan,voltarem) e derivados, para aliviar as dores e febre alta, causadas não só pela Dengue como por qualquer outro processo viral, tão comuns depois do carnaval e micaretas.

Acontece que estes antiinflamatórios podem levar à insuficiência renal, sangramento gastrointestinal e, pior ainda: quando associados aos antitérmicos como paracetamol, podem levar não só a insuficiência renal como à insuficiência hepática. . Lamentável a ser considerado é que, tanto a febre como as dores podem ser amenizaddos com medidas caseiras tipo: banho frio, repouso na penumbra e bebendo muita água.
Caberia às autoridades públicas proibir a venda desses medicamentos sem prescrição médica.

Ou seja: tarja preta para os antiinflamatórios e uma campanha mais esclarecedora para todos , principalmente para a classe médica.

Bem, muitos sairiam lucrando e ficariam bem saudáveis e felizes. Quem não iria gostar, seriam os distribuidores e fabricantes desses medicamentos. Mas isso é outra história.
Por não haver uma efetiva campanha a esse respeito, depois da dengue, vem o bloco dos nefropatas e dos hepatopatas. 

Como vivemos no país do carnaval é mais um bloco das vítimas do descaso, dos lobistas e dos políticos corruptos, que, quando pegos com a mão no dinheiro público desviado, não podem ser algemados nem colocados em celas comuns.

São homens públicos. Meliantes, mas homens públicos. Pois bem. Um dia a casa cai. Esperamos!