Sessões de horror nas telinhas da Bahia ao meio dia |
Louvo a lembrança do colega-amigo Antonio Jorge Moura, em artigo para o Bahia Já, do grande comício pelas Diretas Já realizado em Salvador, com a presença de Ulysses Guimarães e companhia e sob o comando do locutor Sílvio Mendes, grande negão, na Praça Municipal!
No mesmo texto, Antonio Jorge lembra também do Congresso de reconstrução da UNE-União Nacional dos Estudantes, acontecido no ano de 1979, no Centro de Convenções da Bahia e que elegeu como presidente da entidade o baiano Rui César (Rui e não Luis).
Em ambos os eventos, vale destacar a determinação e coragem do então governador Antonio Carlos Magalhães que, em plena ditadura, assumiu a responsabilidade e liberou a realização dos eventos, mesmo com exército, pf e milicos em geral em cima e fungando.
Não é porque o cabra morreu (ACM) como um símbolo da chamada ‘direita brasileira’ que vamos esquecer os fatos. Semana que passou, a moçada da UNE se reuniu em Salvador para relembrar a data de reestruturação da entidade e não li/ouvi uma citação do nome do então governador. Pois sem a garantia dele nenhum desses eventos/fatos acima citados teriam acontecido. Pt, saudações.
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Chegou a hora de a sociedade organizada (governo, justiça, entidades, ABI, Sindicato, ONGS etc...) se manifestar seriamente sobre a exibição de cenas escabrosas de violência e desrespeito humano nos programas chamados ‘populares’ (meu Deus, tudo de ruim em nome do povo?) da nossa tevê, nos horários de meio dia. Não se trata de censura. Trata-se de bom senso, de respeito humano, de ética, de se combater pra valer essa chamada cultura da violência! Tudo por dinheiro, tudo por Ibope. Ah, porque a realidade é essa nos bairros... então vamos vender o sangue, a mutilação, o lixo humano? Vamos incentivar isso, banalizar isso, mostrar esse horror às crianças na hora do almoço (quem tem almoço) ?
Será que não dá para informar, dizer o que está acontecendo sem precisar exibir, repetir, mostrar de novo, gozar com a desgraceira toda? Onde vamos parar?
Sou dos tempos da ditadura, a censura era brava... não quero o retorno disso, nunca!!!
Mas isso que estamos vendo não significa democracia, liberdade. Isso nada constrói, a não ser uma sociedade ainda pior, mais violenta. É a cultura do horror!
Naqueles tempos, início dos anos 70, os jornais não divulgavam notícias de suicídio, já que elas desencadeavam outros casos, estimulavam os suicidas. Tampouco se punha nas folhas as fotos de acidentados, mutilados, feridos... por ética, respeito humano, apenas. Eram normas de redação dos jornais. Será velhice?
Será que esse pessoal que faz, banca e produz esses programas ( que devem dar muito dinheiro aos patrões) deixa sua mulher, seus filhos e filhas menores, seus netos diante da telinha na hora da mesa ?