PARA MÁRCIA NO EMBALO DAS NÚVENS

Cláudio Nogueira
06/10/2008 às 17:10

Márcia Rodrigues tinha olhos de Capitu.


Mas o sorriso meigo escondia a devoradora de tarefas.


Gostava da vida. Como gostava! Do mar, de conhecer terras estranhas, pessoas diferentes.


Sua delicadeza era lousã, mas sua força inquebrantável.


Não costuma ser fácil a relação entre o diretor de um veículo de comunicação e o(a) responsável pela área de publicidade do Governo.


É da natureza dessas relações que hajam atritos.


Com Márcia, esses atritos, que houveram, sempre foram embalados

em delicadeza e muita, mas muita, sinceridade.


Vita, (depois João Paulo) lá, ela ali. Tão diferentes. Tão complementares.


Guardo dela os reflexos riscados da persiana de sua sala na Agecom sobre seu rosto.


Claro/escuro, como eu percebia sua alma.


Guardo dela a esperança e a fé na cura.


Guardo dela a última viagem coincidente no mesmo avião, de São Paulo para Salvador.


Fim de tarde, quase anoitecer. Seus olhos de Capitu na janela, refletindo os raios laranjas de sol nas nuvens.


Nuvens, colchões de seus sonhos, pontos de interrogação em seu  futuro.


Que as nuvens te embalem, Marcinha.