A primeira constatação evidente é que o fato do governador ser do PT não confere ao partido uma liderança incontestável da coalizão, como acontecia anteriormente com o PFL.
Ao contrário, considerando-se, por exemplo, as lideranças municipais, e esse é apenas um dos critérios, o PMDB seria o de maior expressão, entre os partidos da chamada base governamental,
Outro ponto essencial é a disputa acirrada com candidatos de partidos da base entre muitas das principais cidades baianas, revelando uma enorme dificuldade na formação de uma verdadeira aliança política, embora se possa argumentar quer isso decorra da maior independência dos partidos.
Partidos da base disputam independentemente com outros partidos ou entre eles mesmos, ferozmente, eleições em municípios importantes, trazendo à tona as dificuldades da aliança.
Embora o caso mais eloqüente seja Salvador, situação semelhante ocorre em Feira de Santana, Itabuna, Ilhéus, Juazeiro, Jequié, Alagoinhas, Lauro de Freitas, Teixeira de Freitas, apenas para falar nas cidades principais e onde a disputa se dá entre PMDB e PT, sem se falar naquelas entre outros partidos da base.
É claro que as fraturas decorrentes dessa situação são profundas e ficam claras desde as agressões e as disputas judiciais durante a campanha, até à presença do governador do Estado em cidades onde a divisão é muito clara.
As seqüelas são inevitáveis. A situação é tão confusa que em alguns municípios o governador do Estado chegou ao ponto e participar de comícios de partidos da base que disputam contra o PT, isso é, contra o seu próprio partido, caso típico de infidelidade partidária.
Sem entrar no mérito do que é política e eleitoralmente mais certo, quem imaginaria uma disputa em Salvador, ou nas grandes cidades, em que a base dos governos anteriores (PFL, PP, PR e outros partidos ) não estivesse unida em torno de um candidato?
A disputa entre partidos da base era típica dos municípios menores, onde não havia tanta repercussão e onde o poder do governo controlava mais as diferenças locais.
Outro ponto muito claro que revela o artificialismo da base do governo é o fato do Democratas, principal partido da oposição, ter coligações com muitos partidos governistas, exceto o PT. E a maior parte dessas coligações disputa justamente com o PT.
Só a título de exemplo, além de disputar com candidato próprios em 104 municípios, o Democratas faz parte de 58 coligações em que o candidato a Prefeito é do PMDB, 33 com o PP, 25 com o PSDB, 10 com o PDT, sete com o PSB, seis com o PC do B, quatro com o PV, entre outros.
Todos esses fatos mostram que simplesmente a soma dos candidatos a prefeitos da chamada base do governo não reflete efetivamente uma força politicamente homogênea, e que deve ser interpretada com muitas ressalvas no resultado das eleições.