BENEFICAR GRÃOS PARA AGREGAR VALOR

Eujácio Simões
18/08/2008 às 11:17
    Em 2007, cerca de 54% dos grãos nobres (soja, milho e caroço de  algodão) colhidos no Oeste baiano não tiveram qualquer beneficiamento,deixando, mesmo primariamente, de transformar-se em alimentos, no Estado.

        As empresas transnacionais levam 70% da nossa soja, em grãos ou farelo, para várias partes do mundo, tornando-a base de rentável produção de proteína animal em países que nem cultivam o vegetal. A produção de milho em grãos e caroço de algodão é quase toda processada ou industrializada em outros estados, retornando para ser consumida ou servir de ração animal.

      
       Neste ano, a safra destes grãos é recorde, cerca de 4,8 milhões de toneladas, com projeção de, ano após ano, superar-se. Esta falta de processamento dos grãos na Bahia agrava um quadro inaceitável do ponto de vista econômico, levando-se em conta, também, o atual parque de beneficiamento e a aparente falta de intenção, pelos empresários, de aumentá-lo.

      
      Em contrapartida, todos os estudos sobre economia mundial mostram que, entre os países líderes na produção agrícola, Brasil e Argentina serão os únicos a crescer suas produções de grãos. Neles, são defendidas estratégias para solidificar o crescimento, com verticalização das cadeias produtivas, destinadas a garantir segurança alimentar interna e, ainda, estabelecer alto poder de pressão no comercio exterior, promovendo ampla inclusão social, através da geração de empregos e distribuição de renda.     

      
     Defendendo tese idêntica para economia baiana, o Governo do Estado já vinha  atraindo investimentos para promover o beneficiamento de grãos na região Oeste.  Obteve a vinda de duas processadoras de grãos de milho para fabricar 242 milhões de quilos/ano de produtos alimentícios (flocos,fubá,cuscuz,snack),destinados ao consumo interno e suprimento de outros estados, com geração de 1.1 mil empregos.


       Através do Programa Bahiabio, atraiu-se indústrias que poderão produzir 525 milhões de litros/ano de óleo degomado, matéria prima para o biodiesel. Essas indústrias têm previsão de gerar 500 empregos nas plantas industriais.  Elas irão absorver todo nosso caroço de algodão e, ainda, importá-los de outros estados, invertendo o quadro desfavorável.


       Ao lado destas conquistas, busca-se atrair fundos de investimentos interessados em implantar modernos mega-complexos industriais integrados à granjas de engorda de animais. De modo competitivo, estes complexos transformarão grãos de soja e milho em proteína animal - avícola, suína, bovina - agregando valor aos bens finais, com estimativa da região produzir 1,2 bilhão de quilos/ano de carnes, quantidade suficiente, considerando-se a media "per capita" brasileira, para atender ao consumo anual do dobro da população baiana.    


       A demanda por ração animal alavancará mais a produção de grãos, levando à duplicação do volume de milho em grãos, estimando-se que serão gerados, para operação dos complexos e seus integrados, em torno de 15 mil empregos diretos. 


       Por fim, na abordagem deste tema, não se poderia deixar de registrar o papel histórico e corajoso dos oriundos de outros estados, principalmente do centro sul, que viabilizaram o aproveitamento sustentável do nosso Cerrado, mas, lembrar que o dever da Bahia é garantir, para beneficio de sua gente e economia, o desenvolvimento de cadeias produtivas com os frutos da terra, gerando alimentos ricos e baratos, com capacidade de competir no mercado internacional.