Neste ano, a safra destes grãos é recorde, cerca de 4,8 milhões de toneladas, com projeção de, ano após ano, superar-se. Esta falta de processamento dos grãos na Bahia agrava um quadro inaceitável do ponto de vista econômico, levando-se em conta, também, o atual parque de beneficiamento e a aparente falta de intenção, pelos empresários, de aumentá-lo.
Em contrapartida, todos os estudos sobre economia mundial mostram que, entre os países líderes na produção agrícola, Brasil e Argentina serão os únicos a crescer suas produções de grãos. Neles, são defendidas estratégias para solidificar o crescimento, com verticalização das cadeias produtivas, destinadas a garantir segurança alimentar interna e, ainda, estabelecer alto poder de pressão no comercio exterior, promovendo ampla inclusão social, através da geração de empregos e distribuição de renda.
Defendendo tese idêntica para economia baiana, o Governo do Estado já vinha atraindo investimentos para promover o beneficiamento de grãos na região Oeste. Obteve a vinda de duas processadoras de grãos de milho para fabricar 242 milhões de quilos/ano de produtos alimentícios (flocos,fubá,cuscuz,snack),destinados ao consumo interno e suprimento de outros estados, com geração de 1.1 mil empregos.
Através do Programa Bahiabio, atraiu-se indústrias que poderão produzir 525 milhões de litros/ano de óleo degomado, matéria prima para o biodiesel. Essas indústrias têm previsão de gerar 500 empregos nas plantas industriais. Elas irão absorver todo nosso caroço de algodão e, ainda, importá-los de outros estados, invertendo o quadro desfavorável.
Ao lado destas conquistas, busca-se atrair fundos de investimentos interessados em implantar modernos mega-complexos industriais integrados à granjas de engorda de animais. De modo competitivo, estes complexos transformarão grãos de soja e milho em proteína animal - avícola, suína, bovina - agregando valor aos bens finais, com estimativa da região produzir 1,2 bilhão de quilos/ano de carnes, quantidade suficiente, considerando-se a media "per capita" brasileira, para atender ao consumo anual do dobro da população baiana.
A demanda por ração animal alavancará mais a produção de grãos, levando à duplicação do volume de milho em grãos, estimando-se que serão gerados, para operação dos complexos e seus integrados, em torno de 15 mil empregos diretos.
Por fim, na abordagem deste tema, não se poderia deixar de registrar o papel histórico e corajoso dos oriundos de outros estados, principalmente do centro sul, que viabilizaram o aproveitamento sustentável do nosso Cerrado, mas, lembrar que o dever da Bahia é garantir, para beneficio de sua gente e economia, o desenvolvimento de cadeias produtivas com os frutos da terra, gerando alimentos ricos e baratos, com capacidade de competir no mercado internacional.