A CIDADANIA E OS CUBOS D'ÁGUA

Pensilvania Neves
18/08/2008 às 14:25
    "Promessa" de algum tempo, sem saber cumprida. Tecemos a vida em letras - formal, coloquial, típica. É da formal que a cidadania se assusta, aquela letra empertigada que não sai de casa nem aos domingos porque, afinal, é dia de descanso.
   Na sua incompletude, nos lançamos em "um mundo, um sonho" e acabamos na desfaçatez que esporte e política nadam em cubos d'água apartados, nos quais a cidadania bóia sem ser, como deveria, a tábua de salvação, a mensagem da garrafa, o passaporte da dignidade.

  Afinal, que fundamento teria a leitura do art. 1°, II da constituição federal vigente (" A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) II - a cidadania) se não nos fosse possível reescrever, todo o tempo, a paixão do nosso lugar, os miltons, os santos e seus sons geniais, para lembrar Caetano Veloso.


   A cidadania é assim, como pingüim desnorteado de sua rota, a saída do jeitinho, a menina da casa ao lado, que fingimos não conhecer. Com ela, não se discute nome nem sobrenome, mas se vai rolar o que o pagode chamaria de a tal efetividade...

   Por isso, em clássico, Bobbio dispara contra o fundamento, já que o que nos resta conquistar é a eficácia, a realização plena dos direitos, garantia do objetivo maior da "sociedade justa, livre e solidária" (art. 3°, I, CF/88).


  Em um país em que o time favorito (escalado pela mídia) não perde, apenas não rende, o protagonismo obedece à mão única: da homogeneidade, do conformismo, da velha democracia, já que a participação é mesmo grega.


  Entre poucos, ouço problematização, aquela que o sábio assinala como ingrediente da receita da consciência (não tem louro nesse programa!); e no sorriso às escancaras, janelas consumidas pela cana refinada, reconheço o retorno de 4 anos que se foram sem que nunca tivessem sido mais que um ciclo que a lei seca se desgaste a atenuar.


  O nosso desafio é mais que uma rodada, que a escalada da muralha; é o circuito inteiro, com válvulas de escape que nos garantam a santidade cidadã. Se a bola é esporte nacional, o sudeste é só uma região e o futebol, política pública... ou não...,dúvida de MPB.


  Cidadania é saber que Giba não é gibóia e que Blackout é D'Black, palavras de minha mãe...