CULTURA, PAZ, ANTIVIOLÊNCIA

João Jorge
23/07/2008 às 16:48
A cena de Salvador ganhou novos contornos com a violência diária amedrontando os moradores da cidade, tida como capital da felicidade para os turistas. Nas cenas da violência civil e policial, os direitos constitucionais fundamentais das pessoas são negados publicamente pelas autoridades do Estado e da sociedade.

Podemos dizer que há um agressor invisível, que é o fruto da violência estrutural, política, institucional, banalizada, tornada natural no dia a dia, com vítimas visíveis, negros, jovens, pobres, devida à profunda desigualdade em que Salvador foi constituída, na Colônia, no Império, na Republica.


A Organização das Nações Unidas (ONU) em 27 de dezembro de 2006 apontou a Região Metropolitana da capital, como uma das maiores desigualdades sociais do mundo.
 
Esta desigualdade é um dos maiores combustíveis para a violência, e tem índices de regiões em guerra, sem que nossa sensibilidade manifeste mudanças no apartheid social e racial da cidade, A ONU( 2007) indicam que comparando Salvador com todos os paises do mundo, apenas a Namíbia teria posição pior, segundo o Índice Gini, o índice da RMS é de 0,66, pior que o do Brasil (de 0,580). O da Namíbia é de 0,74.


O que pode e devem fazer a sociedade, o governo, para mudar esta desigualdade, qual a nova política para a segurança? Proteger, matar ou espancar? É comum ouvir estas perguntas em Salvador e de uma fora simplista culparmos o governo de ontem e de hoje, pela violência visível e mais presente na Bahia e no Brasil.


Contudo apenas a repressão ao crime e a violência, não é suficiente para mudar esta realidade, todo investimento em armamento, balas, carros, mais policiamento ostensivo, sem a devida contrapartida na cultura, nos esportes, no social, e nos espaços comunitários de lazer da luta pela igualdade será inútil, não nos trará a cultura de paz que já tivemos um dia e que precisa existir de novo através de um pacto da cidade do Salvador, entre seus habitantes, sociedade e governo..


É fundamental a realização de uma campanha contra todas as formas de violências e que esclareçam sobre a origem e o papel da violência, numa sociedade desigual, de classe e castas em Salvador.

Podemos construir políticas publicas com uma ação conjugada de cidadania e geração de uma cultura de paz. Uma comunicação social com prevalência na cultura de paz, solidária emocional, de acesso amplo aos bens da sociedade e aos instrumentos do Estado de promover a harmonia das pessoas.


Podemos vencer a violência civil e a policial. Com desenvolvimento para todos, na luta contra a violência, precisamos de uma cultura da igualdade, da liberdade, da fraternidade igual a que sonhavam os heróis nacionais da Revolta dos Búzios de 1798 em Salvador. Há de chegar o tempo em que todos seremos iguais, em que todos seremos irmãos "