CLASSE C: ELA TEM O PODER

Lucas Penteado
03/07/2008 às 11:17

Desponta com força no Brasil a classe C, com renda média mensal familiar de R$1.100 e potencial de consumo de R$365 bilhões em 2007, segundo a consultoria Target Group Index.

Outra pesquisa, realizada pelo Instituto Ipsos sob encomenda da financeira Cetelem, do grupo francês BNP Paribas, confirma a importância do segmento social que reúne 86,2 milhões de brasileiros, ou seja, a maioria da população (46%).

Em Salvador, a classe C representa 13%. E é de olho no poder dessa classe e no déficit habitacional do país que as construtoras estão criando novas empresas para atendê-la, formulando produtos específicos e fazendo muitas ofertas para seduzi-las.


A pesquisa encomendada pela Cetelem revela ainda que a classe C compra eletrodoméstico, celular e computador, mas o seu grande sonho de consumo é a casa própria.
 
O estudo registra que 16% das pessoas da classe C têm intenção de adquirir uma casa este ano.  Outro dado que não pode ser ignorado: a intenção de mudar de casa entre essa população é de 42%. Não é à-toa que o mercado da construção está em ascensão.
Segundo o IBGE, houve crescimento de 8,8% do PIB da construção civil no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2007.  


Recentemente, a ADEMI/BA divulgou que o mercado imobiliário cresceu 200,78% no primeiro trimestre deste ano, comparado ao mesmo período de 2007. A maior oferta de crédito e extensão dos prazos foram apontados como os principais motivos para a compra de um imóvel. Entretanto, o público-alvo dos novos lançamentos, com preços a partir de R$120 mil, são as famílias de classe média e alta, que pretendem morar na Paralela, no Imbuí, na Pituba. E onde estão as ofertas de produtos para a poderosa classe C?


Para atender a demanda reprimida de imóveis entre R$55 mil e R$85 mil, na Bahia, a construtora Tenda foi pioneira ao oferecer unidades com parcelas a partir de R$240, preço menor que o valor de um aluguel. Diante do despontar do poder de consumo da classe C e do cenário econômico favorável à aquisição da casa própria, outra construtora, a Bairro Novo, está chegando à Bahia e tem como público-alvo famílias com renda média de três a dez salários mínimos, que sonham em comprar o primeiro imóvel.


Com um conceito de bairro planejado, a Bairro Novo vai construir em Camaçari um empreendimento com 4.500 unidades, sendo casas de dois e três quartos e apartamentos de dois quartos, num terreno de um milhão de metros quadrados, com preços entre R$60 mil a R$80 mil e parcelas que a partir de R$175.

O primeiro empreendimento da nova construtora, o Bairro Novo Cotia (SP), também é vendido pela Lopes, que criou a empresa paulista HabitCasa, especializada em vendas no segmento econômico (imóveis até R$180 mil).


No ano passado, os imóveis com valor até R$150 mil responderam por 35% das vendas realizadas pela Lopes. Nos últimos três anos e meio, a companhia foi responsável por um valor de vendas contratadas de mais de R$1,7 bilhão em imóveis de valor até R$180 mil, de acordo com dados da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp). O cenário demonstra que a classe C deverá ser o principal responsável do crescimento do mercado imobiliário brasileiro.


É preciso lembrar que o déficit de moradia no país, de acordo com dados do IBGE, é de cerca de oito milhões e, na Bahia, de 602.67 - quarto lugar no ranking dos estados com maior déficit habitacional. A chegada de novas construtoras focadas nas famílias de baixa renda, como a Bairro Novo, é um sinal evidente do poder desse mercado consumidor em expansão e muito valioso financeira e socialmente.