A GUERRA CIVIL EM BUSCA DA IGUALDADE

Sérgio São Bernardo
14/03/2008 às 12:09
  Republicanismo dos iguais Bobbio, um dos ideólogos da República Democrática, escreveu, que, mas que justificar direitos, era necessário garanti-los.

  Ao afirmar tal sentença, pragmatizou uma das essências do liberalismo moderno: as anomalias do sistema estatal precisam ser ajustadas independente de qual seja o apelo ético/moral em que elas se fundamentam.
 
  No entanto, muitos dizem existir racismo no Brasil, mas não concorda com os instrumentos institucionais até então buscados para superar as desigualdades decorrentes do escravismo e do colonialismo.

   Enquanto isso, Barak Obama, candidato a presidente - David Paterson. Governador cego e negro de Nova York e Condoleezza Rice ascendem a posição estratégicas de poder nos Estados Unidos da América pautando a condição subalterna dos diferentes.

   Aqui, Orlando Silva, Matilde Ribeiro, Ministros de Estado caem sem saber mesmo, quais motivos os levaram a cair além daqueles já conhecidos.

   A questão é que o fenômeno discriminatório modernizou-se e continua a classificar as pessoas, inferiorizando-as, fulminando com seu olho que naturaliza as diferenças, colocando as pessoas em "lugares" distintos, mantendo as desigualdades.

   Esqueçamos a idéia de raça como querem os republicanos e teremos ainda um passivo para uma população de iguais que passam fome, não têm emprego e não estão nas universidades.

   Até avistarmos a República Democrática Universalista que demora em chegar, o Brasil encena uma guerra civil em busca da igualdade, da identidade e da diferença.

   Desde Aristóteles e Platão, o conceito de raça se apresenta com diversos conteúdos. Esteve associado à idéia de virtude e caráter; nos séculos posteriores, esteve vinculado à idéia dos que eram "escolhidos pelo divino"; mais à frente, no século XIX, esteve ligado à crença da perfeição evolutiva e genética.

   Hoje, se apresenta com outros atributos, que podem ser classificados e flexibilizados de acordo com outras identidades. Repúblicanismo virou destino político e ideológico daqueles que antes queriam mudar o mundo.
 
   Alcançar esta utopia semântica é o fim não mais o meio para introduzir modelos de vida e organização realmente participativos e democráticos. Os países do cone sul vivem o dilema de um modelo de desenvolvimento e integração para milhões de indivíduos que sofrem ainda a tristeza de terem nascidos diferentes dos iguais dos republicanos.

   Alguns afirmam que o estado brasileiro comete uma afronta constitucional, acreditam que o conceito de raça pode levar a conflitos e a intolerância.

   Ora, o que foi nossa história senão um punhado de arranjos e de privilégios em beneficio de não negros e não indígenas? E quem disse que queremos o conceito de raça biológica como identificadores de nossa condição?

   É a República Democrática que promete em seu programa a igualdade isonômica: tratar a desigualdade em sua especificidade de origem, dito de outro modo, tratar desigualmente os desiguais.