Tasso Franco
10/02/2008 às 09:12
Agora que terminou o Carnaval, aparecem os demagogos políticos de sempre e os "intelectuais" acadêmicos de plantão falando a mesma cantilena de sempre, de todos os anos, de repensar, de rediscutir, e outras bobagens mais a festa de momo em Salvador.
O mais engraçado é que apresentam cada teoria mais maluca do que a outra, "Carnaval sem cordas", "repaginação dos horários dos desfiles", "mais visibilidade a isso e aquilo" como se o Carnaval não tivesse suas regras próprias e os foliões seus desejos, eles que são, em última instância, os reguladores da festa.
Imaginar um Carnaval sem cordas todo mundo pulando atrás dos trios e dos blocos e afoxés só em ficção cientítica. Até o Filhos de Gandhy, afoxé integrado por 4.000 mil homens tem cordas para divisar o espaço de quem está fantasiado e do público em geral. Isso é tão antigo quanto a existência do Carnaval.
Os desfiles das escolas-de-samba em Salvador eram assim. Os integrantes das escolas, do Tororó, de Amaralina, etc, desfilavam e o público ficava assistindo. As batucadas da mesma forma. Com o advento do trio e a posterior música de Caetano Veloso dando conta de que "atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu" foi que se criou essa fantasia de que era possível, como foi entre 1950/1970, acompanhar um trio em paz.
Hoje, nem Caetano vai mais nessa. Fica nos camarotes. O Carnaval mudou como tudo que existe na vida.
Uma outra questão que se fala muito sem conhecimento de causa é de que os blocos afros precisam ter mais visibilidade, desfilar em horários melhores. Agora pergunto: o Frenesi, o Tiete Vips, A Barca, Muquiranas e o Traz a Massa não são blocos cujos integrantes são indo-euro-afro descendentes com matrilínea predominantemente afro?
Estudo recente da MidiaClip destaca que o Psirico teve uma exposição de midia acima de Durval Lélis do Asa de Águia. O Psirico/Traz a Massa/Muquiranas é puro bloco cujos integrantes são de mestiços baianos com matrilínea afro. Há uma massa populacional que participa de blocos de trios muito superior aos chamados tradicionais blocos afros. É só medir quem tiver dúvidas.
Mas, há, também, um generalizado preconceito desses "intelectuais" de salas-de-aula com essa galera porque só enxergam um lado. São iguais a burros de carroça. Não adianta.
Daí que, toda essa conversa mole que acontece todos os anos após o Carnaval se perderá nas brumas da maré de março. E aí o mercado, a população, os foliões, a musicalidades, e no caso de Salvador as empresas privadas e o capital vão dizer o que acontecerá e como será o Carnaval de 2009.
É como bem expressou Fernando Bulhosa, um carnavalesco que viu seu Os Internacionais se transformar no Inter/Asa e a roda do mundo vai girando, ao dizer que "em time que está ganhando não se mexe".