Christovão Dias de Ávila Pires Júnior
24/09/2007 às 09:22
Tendo tomado conhecimento da reportagem "
Solar do Unhão luta para não fechar", do dia 20 de setembro de 2007, do jornal Tribuna da Bahia (Por Nelson Rocha), disponível na Internet, encontramos comentários que merecem especial atenção:
- "Em princípio seria o último almoço servido entre as velhas pedras do engenho de açúcar construído em meados do século XVI".
- "Estamos tristes e esperamos que ainda haja alguma solução que possa reverter essa situação", comentou o jornalista Carlos Casaes, presidente do Conselho Baiano de Turismo.
- "Esse restaurante é uma referência para a Bahia. Por aqui já passaram várias personalidades nacionais e internacionais. Não tem por que mexer. Desejamos ver o contrato renovado para que essa referência continue", declarou o cantor e compositor Gereba.
- Do cronista carnavalesco Rubinho: "É injusto que isto esteja acontecendo. Todos que estão aqui presentes estão tristes com a possibilidade do restaurante Solar do Unhão fechar. É o único lugar da cidade com show folclórico."
- Da "cantora Sarajane, por se tratar de "um ponto cultural muito forte e um cartão de visita de Salvador para o mundo inteiro. Seria uma perda muito grande isto acabar". - "..., relatou Roberto Ghirotti, que há 25 anos é o responsável pelo internacional Restaurante Solar do Unhão, situado dentro de um dos mais notáveis exemplos da arquitetura colonial baiana.
O desmonte do Solar do Unhão será uma grande perda. - Um "restaurante que completa 40 anos ..." .
PREOCUPAÇÕES E MOMENTOS HISTÓRICOS: Acabamos de retornar da Bahia neste mês agosto, participando de eventos e solenidades históricas e culturais e proferindo palestras no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (15 de agosto) e em Praia do Forte (18 de agosto), sendo nosso dever registrar as preocupações, quanto à mudanças, em momentos que merecem uma análise mais profunda, da oportunidade e das suas conseqüências.
Aproximam-se datas de alta repercussão, nacional e internacional, motivo pelo qual, certos locais de alto interesse histórico, merecem ser mantidos e preservados, promovendo-se, sim, o resgate da sua história e a difusão cultural, como exemplo o Solar do Unhão, especialmente neste momento em que estão sendo programados eventos no Brasil e na Europa, para as comemorações do Bicentenário da chegada à Bahia da Corte Real portuguesa (1808-2008) e o quinto centenário da chegada ao Brasil de Diogo Álvares, o Caramuru (1509-2009).
SOLAR DO UNHÃO - 1808: Naquele ano de 1808, exatamente no dia 21 de janeiro ("
dia em que a esquadra Real portuguesa, trazendo a Família Real, se apercebe da proximidade da costa do Brasil, na altura da Torre de Garcia D'Avila"), faleceu em Salvador o então Secretário de Estado José Pires de Carvalho e Albuquerque, passando por herança o cargo ao filho, Coronel Comendador Antonio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque (futuro Visconde da Torre de Garcia D'Avila, primeiro titular do Império do Brasil e último Morgado da Casa da Torre), que renunciou em favor de seu irmão Francisco Elesbão Pires de Carvalho e Albuquerque (futuro Barão de Jaguaripe, que era Vereador do Senado da Câmara), sendo este, nomeado a 22.jan.1808, dia da chegada da esquadra Real a Salvador, cargo que exerceu até 02.fev.1822. Local do falecimento do Secretário do Governo:
SOLAR DO UNHÃO, residência na cidade por mais de um século dos
senhores da Torre, desde 1700, quando foi a propriedade comprada, do Desembargador Pedro Unhão Castelo Branco, por José Pires de Carvalho e Albuquerque, o velho, e mantida com os herdeiros, da Casa da Torre, até 1827. Participou, assim, o Secretário de Estado (morador do Solar do Unhão), oito dias após a chegada à Bahia de D. João VI, do evento da assinatura da famosa Carta Régia, em 28 de janeiro de 1808, que abria os portos do Brasil ao comércio direto com todas as nações amigas, o que constituiu um dos momentos mais importantes de afirmação do Brasil como Nação. Um comércio internacional, iniciado, três séculos antes, pelo seu avô em oitavo grau - Diogo Álvares Caramuru -, o fundador da
primeira família brasileira documentada e
maior comerciante internacional do Brasil, durante a primeira metade do século XVI, atividade esta, mantida por mais de quarenta anos.
Certamente o Solar do Unhão terá sido palco de relevantes acontecimentos socioculturais e políticos, durante aquele período da estada da Corte Real em Salvador, que merecem ser pesquisados e difundidos, durante os eventos.
VISITA INTERNACIONAL AO SOLAR DO UNHÃO: Uma memória esquecida, que está sendo resgatada e que foi objeto de uma visita recente (chegados a Salvador em 18 de agosto), dos Condes Lorenzato (descendente da Casa da Torre), levando à Bahia dois casais de amigos italianos, vindos da Europa, para conhecerem Salvador, a primeira Capital do Brasil e Praia do Forte, aonde, após a palestra que realizamos, os acompanhamos à visita ao Castelo da Torre de Garcia D'Avila. Ao chegarem a Salvador, percorrendo locais vinculados à história da Casa da Torre e relacionados com os eventos comemorativos 2008-2009, um dos programas obrigatórios foi o
show folclórico do restaurante Solar do Unhão, que, além de conhecidos e divulgados na Europa, certamente, são ponto cultural muito forte e um cartão de visita de Salvador para o mundo.
SOLAR DO UNHÃO - PATRIMÔNIO HISTÓRICO: Magnífico conjunto arquitetônico, constituído por solar, capela de Nossa Senhora da Conceição, cais de embarque, aqueduto, chafariz, senzala e um alambique com tanques. Gabriel Soares legou aos beneditinos, em 1584, o terreno onde se encontrava a fonte.
Em 1690, residiu, no local, o Desembargador Pedro Unhão Castelo Branco, que vendeu a propriedade, em 1700, a José Pires de Carvalho e Albuquerque - o velho -, que ali estabeleceu morgado. A primeira referência à capela aparece em 1740, por ocasião do batizado de uma neta sua. No começo do século XIX, a propriedade pertencia a Antônio Joaquim Pires de Carvalho de Albuquerque, Visconde da Torre de Garcia D'Avila.
(PATRIMÔNIO - Solar do Unhão), site oficial do CCPCTorre, atualizado com informações e detalhes de agosto, na Bahia. Aproveitamos a oportunidade para prestar nossas homenagens aos administradores e responsáveis pelo Museu de Arte Moderna, num reconhecimento ao valoroso trabalho que vem sendo desenvolvido, ao longo de quase cinco décadas de fundado, no roteiro da arte moderna e contemporânea, nacional e internacional.
** Christovão Dias de Avila Pires Junior, Membro de diversas instituições, dentre elas, o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, o Instituto Genealógico da Bahia, o Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, o Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, o Colégio Brasileiro de Genealogia, o Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, a Academia de História Militar Terrestre do Brasil, o memorial Visconde de Mauá e presidente do Centro Cultural e de Pesquisas do Castelo da Torre, uma sociedade civil, sem fins lucrativos, constituída em 30 de agosto de 1989, declarada de Utilidade Pública.