A FACE DO NOVO GOVERNO DA BAHIA

Mário Chaves Gomes
15/06/2007 às 10:04
  Por vivermos em um país democrático o livre arbítrio é uma realidade
mais do que concreta e assim todo processo eleitoral acaba sendo um dos pilares para que ocorra uma transformação genérica na esfera do poder. No
processo democrático é claro que a via eleitoral é o meio que vem a ser à
ótica de que ocorram mudanças.

  Toda vez que se muda de governo (o mote é esquerda X direita ou vice-versa) é claro que aqueles que fizeram que ocorresse esta mudança veja, de fato e concretamente, que algo novo venha a surgir no cenário político, não é mesmo? Se assim não fosse o desejo da "grande maioria", o ruim que estava permaneceria. E isto era o que gostaríamos de ter visto acontecer, pois não mais suportávamos a triste realidade que pairava sobre a educação, como um todo, na Bahia, fazendo com que o ensino, no seu primado, ficasse totalmente sucateado e que os seus educadores, além da precariedade salarial, não tivessem as mínimas
condições para ensinar.

  Este era um dos grandes desastres, juntamente com a área de saúde e segurança, que pairava sobre o(s) governos(s) passado(s) da Bahia, sendo os motivos principais, na ânsia de que ocorressem mudanças estruturais, que levaram os baianos a darem a vitória ao Dr. Jacques Wagner.

  Eu, como educador, juntamente com a minha classe, fiquei estupefato ao assistir a entrevista do governador Jacques Wagner, concedida no último dia 14/06, à TV Bahia. A impressão que tive foi a de que estava assistindo "as falas" de um representante de um partido >da direita mais conservadora deste Estado e não um esquerdista e democrático que ajudei a eleger, pois ainda sou filiado à um partido de sustentação do governador, e na campanha estive na militância aguerrida que pediu votos para ele.

   Os desejos de mudanças possíveis e desejáveis que esperávamos que ocorressem, principalmente na dinâmica do governar diferente, o governador Jacques Wagner desfez totalmente nesta entrevista.

   Ali deixou bem transparente o seu papel de gestor do poder público, o qual veio somente para administrar o estado, sem nenhum programa de gestão de poder nova, somente o de legislar em defesa dos interesses "dos peixes grandes" que o ajudaram a se eleger. A partir da realidade que constatamos que em Salvador, na esfera da educação, nada foi alterado: as escolas continuam com todas as precariedades existentes (tanto quanto no interior), os diretores, na sua grande maioria (diferente do ocorrido no interior, por conta dos "caprichos de fidelidade
partidária") não foram destituídos e assim ficaram com o "compromisso de
manterem a mesma subserviência", no sentido de garantir os seus CETs e
RTIs, desde que se filiassem aos partidos que sustentam o governo, etc...

  E assim, que hoje mesmo, logo após a entrevista do governador, foi realizada
uma reunião, com todos os diretores e vices, com a Diretora da DIREC 20, no
IEED, para comunicar tudo aquilo que o governador ordenou: que os salários
seriam suspensos, que osdiretores indicados pelos partidos e fieis "aos seus lideres" deveriam mandar a lista com os nomes dos "professores faltosos", por estarem em greve (embora alguns diretores, ousadamente e em defesa da classe, afirmaram, em público e bom tom, que não mandariam lista nenhuma e que estavam desgostosos, também, com "este governo"), muitos ficaram
resistentes e propensos a enviarem a "relação dos faltosos", que as
"reformas"possíveis de serem realizadas nas escolas seriam demoradas e que
as cadeiras, com uma das vias para se acabar com rodízios de alunos: em pé
e sentados, ainda não poderiam serem compradas e que as escolas, na
confiança ao governo, deveriam funcionarem como estavam antes da greve e
que aguardassem o tempo certo "para que as coisas(mudanças?)" pudessem
ocorrer, bastaria dar tempo (ate quando?) à este Governo da Bahia Para
Todos.

   Lamentável afirmar: o que delineia nestes "novos tempos" é
simplesmente uma amargura (talvez mais dolorosa do que a dos tempos de Dr.
Waldir Moleza)para a educação, segurança e saúde na Bahia, ou seja, o
governo só será moldado na sustentabilidade econômica do estado, deixando
de lado (como em toda a nossa história de governos democráticos no país) os
pilares básicos para o seu povo: boa educação, saúde de qualidade e
segurança em todos os níveis).

   A nossa utopia ainda será perene e o que podemos atestar é que: governos passam, mas os desejos de uma vida mais digna e solidária ainda serão possíveis. É triste sabermos que nós educadores, ainda ficaremos relegados e, o que é pior, sendo culpados, pelos nossos governantes dos (des)caminhos da falta de políticas públicas.

   Só que eles, os "chefes" terão cada vez mais os seus vencimentos sempre
mais acrescidos, enquanto os nossos serão fatiados e a educação ainda
ficando "fora da realidade". E assim, mais uma vez, esperaremos, por muito
e muito tempo, mudanças nos pilares do governo.

   Friso somente que, no ano que vem, as eleições municipais ocorrerão e assim
 ficará a incógnita: teremos de volta os governantes do passado que não
camuflavam os seus ideais carreiristas ou veremos a manunteção dos novos
ricos do poder na Bahia? Com certeza nós professores e educadores saberemos
dar uma resposta, pois de nós, e não de governos, é que dependem,
juntamente com as famílias, a formação dos cidadãos. Esta é a nossa sina.
Pena que nenhum governante a reconheça.

   De quem sente traído,
   Professor Mario Chaves Gomes
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