Consuelo Pondé de Sena
22/03/2007 às 08:00
Estaremos, no dia 29 deste mês, festejando os 458 anos de fundação da Cidade do Salvador, a primeira capital do Brasil, fundada, por determinação de D. João III, pelo fidalgo português, Tomé de Souza.
Fiel a esse sentimento de amor e zelo à terra natal, frequentemente criticamos usos e costumes aqui implantados ao longo dos tempos, decisões, providências, casos e descasos gerados pelas diversas administrações municipais, além de outros desmantelos e omissões imperdoáveis, praticados, com o assentimento ou descaso dos soteropolitanos, na e contra a nossa Soterópolis.
Se recuarmos no tempo lembrará que o sítio aprazível, onde nasceu a cidade, foi fixado no Regimento de Tomé de Souza. Assim, de acordo com a tradição portuguesa, foi criado um termo e um rossio. No mesmo ponto da Barra, onde o donatário Francisco Pereira Coutinho fundara Vila Velha, em 1534, também desembarcaria o primeiro governador Tomé de Souza, no dia 29 de março de 1549.
Todavia, face a insegurança do local, exposto ao ataque de aventureiros e piratas, não era aquele lugar propício à fundação da capital da América Portuguesa.
Assim, nos primeiros dias do mês de abril daquele ano, foi escolhido o sítio onde seria erguida a cidade, iniciando-se imediatamente os trabalhos no trechos situados entre a atual Praça Castro Alves e a Misericórdia, na parte alta, e da Praça Cairu até a Preguiça.
Cabia ao Governo Geral, instituído um ano antes em Portugal, as funções: militar, política e administrativa, sendo perfeitamente definidas as competências dos incumbidos dessas atribuições.
Assim, o capitão mor e o governador, o provedor e o ouvidor recebiam regimentos pertinentes aos exercícios de suas atividades. Durante muitos anos não houve consenso em relação à data comemorativa da fundação de Salvador, em decorrência de diversos pontos de vista defendidos por estudiosos do assunto, que se dividiam em relação a uma possível precisa data da instalação da urbe de Tomé de Souza.
O polêmico debate, que suscitara a elaboração de Parecer, assinado por Pedro Calmon, em abril de 1940, levou o Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, consultado sobre o assunto, a constituir uma Comissão para discutir o assunto, composta por: Braz do Amaral, Wanderley Pinho, Conceição Menezes, Altamirando Requião e Frederico Edelweiss, cabendo ao último, na condição de relator, redigir o Parecer final sobre o assunto, cuja conclusão abaixo se lê:
- "Ainda hoje não é possível fixar definitivamente a data magna da Cidade do Salvador. A fundação cai em Abril, provavelmente na sua primeira quinzena. Do seu estabelecimento oficial, ou da sua inauguração solene não temos nenhuma documentação. Em 20 de maio, entretanto, Tomé de Souza já se intitulava "Capitão desta Cidade do Salvador", comprovando assim o funcionamento oficial, pelo menos da repartição central da Cidade - O Senado da Câmara talvez tenha começado a funcionar em junho.
-Como vemos, estreita-se o hiato entre a chegada da frota e a fundação da Cidade, mas, dentro dele, ainda nenhuma data possui, ao que se saiba, a almejada certidão que imponha ou recomende à sanção oficial definitiva por mais que se torça e se interprete.
- "E, nesta altura, sobressai cada vez mais, a prudência dos membros do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia e do Centro de Estudos Bahianos, pondo-se a coberto de qualquer surpresa, pela sugestão de uma data simbólica, a data simbólica mais expressiva de quantas têm sido lembradas, uma data indiscutível: o dia da chegada do fundador, dos construtores, dos primeiros dirigentes e dos primeiros moradores desta sempre venerável e venerada Soterópole: o dia 29 de Março".
Por conta desta decisão, é que festejamos o dia 29 de março, data auspiciosa para os que vivem e mourejam nesta incomparável Cidade do Salvador da Baía de Todos os Santos.