O prefeito de Salvador, João Henrique, está completando dois anos de mandato em janeiro de 2007 com um saldo de realizações pífio, levando-se em consideração as promessas que realizou durante à campanha eleitoral de 2004. Hoje, o que se vê é que a cidade do Salvador não avançou como sua população esperava, sobretudo porque o prefeito e sua equipe encontraram uma Prefeitura organizada, com um banco de projetos à disposição em várias áreas, adimplente e pronta para seguir sua rota de crescimento.
Mas, tudo o que João disse que faria durante a campanha, em especial à defesa da classes média e média baixa asfixiadas com salários defasados, perda do poder aquisitivo e dívidas, na prática, não se concretizou. Ao contrário, a administração pública municipal apertou ainda mais o cinto dessa população; instalou centenas de sinais e radares para controlar o trânsito e multar; mutilou uma das áreas de lazer mais preciosas da cidade, a orla de patamares, instalando um favelão de barracas em alvenaria; e permitiu uma reinvasão dos espaços urbanos dedicados aos pedestres com a permissividade de camelôs em ruas, praças, passarelas, viadutos e outros.
Ou seja, a cidade está retornando ao tempo de Lídice da Mata (1993/96) quando até mocotó se vendia embaixo do viaduto Raul Seixas. Atualmente, está chegando próximo disso, não só aí, mas na Barra, na Piedade, em São Pedro, São Marcos, Itapuã, Iguatemi e outras áreas. Nas proximidades do Barravento tem uma barraca vendendo canininha 51 à céu aberto protegida por um sombreiro com a marca do governo de Participação Popular.
É verdade que a Prefeitura está realizando (ou realizou) algumas obras: recuperou o elevador do Pilar, instalou a via expressa para os ônibus, pôs o Samu em funcionamento, reabriu o forte de São Marcelo, fez uma pista de ciclovia mambembe na orla atlântica, montou um bom programa de atendimento à população que procura emprego, tudo coisa pequena para a dimensão de Salvador, entendendo sua excelência que é através de pequenas obras que se faz um grande governo.
Por isso mesmo, não conseguiu instalar nenhum novo posto de saúde 24 horas, como prometera em campanha; as escolas com ensino em tempo integral no modelo brizolista foram para o espaço; a guarda patrimonial municipal com 1000 homens não saiu do papel; o programa de vias estruturantes da Rótula do Abacaxi, Cabula e Pernambués ninguém ouviu mais falar; a via paralela a Avenida Luis Viana Filho sumiu do mapa; desmantelou a Emtursa agora com seu sexto presidente e sequer consegue ter um calendário mínimo para o turismo; destruiu o programa Cidade Mãe, a menina dos olhos de Lídice da Mata; embaralhou as finanças municipais a ponto do seu ex-secretário Reub Celestino adverti-lo em carta que se não forem tomadas medidas urgentes daqui pra frente, a quebradeira será inevitável; o lixo retomou com força total nos bairros; e ninguém sabe, ao certo, quanto totaliza o rombo com as terceirizadas e outras. Só com os hospitais que administra alguns postos de Saúde, segundo o vereador João Bacelar, a tunga passa de 29 milhões de reais.
Óbvio que o prefeito ainda tem tempo para se recuperar e todos desejam isso dele, até porque foi eleito pela maioria da população e pretende ser candidato à reeleição como já anunciou. Mas, para isso precisa fazer o dever de casa com mais competência. 2007 será um ano de grande expectativa na cidade do Salvador e João Henrique tem que mostrar para que veio. A população não perdoa quem maltrata a cidade mater do Brasil dessa forma.