O governador eleito Jacques Wagner escalou a equipe principal do seu time que vai administrar a Bahia nos próximos quatro anos (2007/2010). Entende que fez o melhor, um time a altura do São Paulo, vencedor, atuando em conjunto com determinação e ousadia. A oposição diz que a equipe ficou a desejar: é inexperiente no plano administrativo, desconhecida no meio acadêrmico, porém atuante na área política partidária do PT.
Estaria, assim, mais com a cara da equipe do Bahia, de altos e baixos, porém bastante popular e sintonizada com a política assistencialista do presidente Lula. Mas, todos concordam que ainda é cedo para fazer qualquer crítica a Wagner, até porque seu governo só se iniciará em 1º de janeiro próximo, quando, certamente, anunciará às principais diretrizes a serem adotadas. Até o momento não deixou escapar nenhuma pista nessa direção, salvo o velho chão do PT de que centralizará suas ações no social.
Isso não é tão vago quanto o espaço sideral. Significa dizer, em outras palavras, que as ações voltadas para o bolsa família, luz no campo, reforma agrária com apoio do MST, Prouni, Projovem, etc, deverão ser aportes significaticos a partir de 2007 para garantir a hegemonia política no Estado. O deputado José Carlos Aleluia, líder do PFL, disse recentemente num programa de TV que deseja sucesso ao governo Wagner e espera que ele não incorra nos meus erros praticados por Waldir Pires, em 1989, permitindo que o PFL reconquistasse o governo em 1990.
É claro que Aleluia está falando da boca para fora. No íntimo, deseja que o governo Wagner atropece justamente nas questões de natureza administrativa e gerencial, propiciando, assim, que a oposição consiga expor suas idéias, fazer comparativos com o governo Paulo Souto, e chegar em 2010 em condições de disputar as eleições majoritárias em pé de igualdade.
É óbvio, que só o tempo dirá se isso seja possível ou não. Wagner ainda não assumiu o governo e sua equipe, senão das melhores, tem bastante experiência no ramo político (e em alguns casos até administrativo), conta com o apoio integral do presidente da República e de sua equipe no plano federal, portanto, estaria com a faca e o queijo em mãos para fazer uma boa administração.
A Bahia espera que isso aconteça. Votou nele para isso e sua vitória em primeiro turno, a despeito das alianças que fez ainda na fase inicial da campanha, não precisou amarrar compromissos de segundo turno, sempre desconfortáveis para o governante. Ou seja, sua vitória em primeiro turno desobrigou-o de alianças mais efetivas com o PSDB, PSC, PDT e outros partidos e lideranças.
Wagner foi econômico com as mulheres, segmento que lhe deu um grande apoio (e votos) de acordo com os números divulgados pelas pesquisas Ibope e Vox-Populi. Algo em torno de 10% do seu secretariado são constituídos de mulheres, enquanto os homens abocanharam 90%. Não significa dizer que será um governo machista, até porque esse não é o perfil do governador, mas é um sintoma.
O governador também derrapou ao indicar um engenheiro eletricista para o cargo de chefe da Agência de Comunicação do Estado, a Agecom, um órgão chave no governo que trabalha a imagem do governador e sua equipe e normatiza as diretrizes nessa área. A Comunicação tem sido considerada a vilã, o bode preto, o bode expiatório, como queiram, durante o desenrolar das campanhas eleitorais.
Escolha do governador não se contesta, óbvio. Mas, se critica e até se alerta para os possíveis problemas que poderão advir. A categoria dos jornalistas, por exemplo, não gostou da escolha de Wagner e se não fez algum protesto através do seu órgão sindical, o Sinjorba, é porque este, certamente está analisando o que fazer.
Faltam apenas poucos dias para o novo governador assumir. Agora, o que mais se deseja dele são informações sobre as diretrizes que adotará para o estado, sobretudo em termos de economia, em desenvolvimento, em geração de emprego e rendas. A Bahia é um estado pulsante e seu PIB tem crescido a taxas superiores ao do país. O governador Paulo Souto vai deixar uma boa herança, apesar de alguns problemas aqui e acolá, na área micro, sem, contudo, encobrir os seus feitos macros.
Ou Wagner vem com propostas inovadoras, com objetivos macros de grande dimensão, ou vai ter que enfrentar, no futuro, os comparativos com os dados que Souto tem armazenado e vai exibi-los no momento oportuno. Isso aconteceu com Lula x FHC, recentemente, e não tenho dúvida irá acontecer em 2010 ou até antes entre Wagner x Souto.
É só uma questão de tempo. A a competência do governo Wagner é quem vai ditar as regras.